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A mostrar mensagens de março, 2023

Trump INDICTED!

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Antigamente, e outros poemas de Luisa Ducla Soares

Antigamente A nossa Mãe Eva mais o Pai Adão nunca se vestiam, nem com um calção. Jesus não provou jamais coca-cola nem jogou futebol no pátio da escola. Não tendo fogão, a Virgem Maria comeu muitas vezes a sopinha fria. Dom Afonso Henriques vestia armadura e não se queixava de a roupa ser dura. A Rainha Santa não tinha sanita. Onde iria ela se estava aflita? O Vasco da Gama fazia viagens sem um telemóvel para mandar mensagens. Luís de Camões, repara, que horror, não escreveu os livros num computador. O Marquês de Pombal, com tanto salão, não pôde comprar uma televisão. Ó jovem que estás sempre descontente, não querias viver como antigamente? Diz o avô Tens cabelos brancos. Mas porquê, avô? Caiu muita neve na estrada onde vou. Tens rugas na face. Mas porquê, avô? Bateu muito sol na estrada onde vou. Tens olhos baços. Mas porquê, avô? Pousou nevoeiro na estrada onde vou. Tens calos nas mãos. Mas porquê, avô? Parti muita pedra na estrada onde vou. Tens coração grande. Mas porquê, avô? Ne...

Uma breve biografia de Enid Blyton

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   Foi notícia no jornal "The Telegraph" que, a partir de agora, " nas prateleiras das bibliotecas de Devon, em Inglaterra, apenas estarão disponíveis publicamente trabalhos editados recentemente, de onde terão sido já removidos termos ofensivos. Embora listados no catálogo da biblioteca online, os leitores só terão acesso às edições anteriores dos textos se as solicitarem especificamente aos bibliotecários. E ao fazê-lo, haverá um "sistema de aviso informal para recordar os leitores da linguagem contida na versão antiga". No passado fim de semana li esta biografia da vida da escritora Enid Blyton. Perante a notícia (acima) que tem circulado a respeito desta popular autora, achei que talvez gostassem de ler um breve resumo da sua vida. É um resumo imperfeito, o possível dada a minha limitação de tempo e saúde (uma virose brava), do livro acima que foi publicado em 1974 pela primeira vez; esta edição é de 2006. A fotografia na capa é de Enid, em 1923.  Enid Mary...

Diz-me o que te irrita. Dir-te-ei quem és.

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  Diz-me o que te irrita. Dir-te-ei quem és. Olha, Jung, não me irrito facilmente, mas, admito, o convívio à mesa é um momento sensível. E tu, que me estás a ler e não sabes a razão pela qual não voltámos ao Chinês, não, não é porque não és inteligente. O princípio e o fim de uma qualquer coisa pode ter vindo numa garfada e partido na outra. Se pudesse adivinhar, teria sugerido um almoço volante mesmo que a ausência de mesa não resolvesse tudo. Mas quem vê caras, não vê irritações. Não sei, Jung, não sei em que é que estas irritações à mesa me ajudam a entender-me melhor. Mas até tu tens de concordar que comer com a boca aberta, oferecendo-nos o espectáculo de ver a comida a rodar como a roupa no óculo da máquina de lavar roupa não é bonito. Ou falar com a boca cheia, ou ousar ainda uma subtileza, a de arrumar a comida semi-mastigada não sei aonde, na bochecha ou debaixo da língua, dizer de sua justiça, e retomar a mastigação. Terminar levando o copo à boca com requinte. É como se...

Comentário intempestivo

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  Preciso de óculos novos, está mais que visto. O oftalmologista avisou-me: “Então até daqui a 3 anos”. A minha língua dobrou uma asneira. Tinha pago uma fortuna. Só 3 anos? Em vez disso perguntei se não havia nada que eu pudesse fazer para adiar o meu regresso ao consultório. A resposta científica, traduzida em miúdos resumia-se a um, não, és velha, aguenta-te. Desde há um tempo que ando a esticar o prazo dessa visita: o diabo das lentes progressivas têm um preço absurdamente progressivo e se foi um tormento habituar-me a elas, agora não saberei viver sem elas. Tenho de as substituir por idênticas. Menos que isso será um de cavalo para burro doloroso. Mas isto está no limite. Mais umas luas e para bem decifrar os rótulos no supermercado já só lá vou de lupa, à Sherlock Holmes. Tenho vindo a adaptar-me a uma vida de Magoo. Não é assim tão mau depois de praticar à força. Agora tomei também a decisão de evitar comentar mais cenas no telemóvel ou corro o risco de passar vergonhas. Uma...

A química da felicidade

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Kookee kookee! This song should be on Spotify!

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Kookee Kookee CHORUS: Kookee kookee, Kookee kookee Kookoo krrr kookook, kookoo krrr kookook VERSE 1: There was a cockatiel-o who sang kookee kookee The doctor told me that it’s not a normal melody The song had a supernatural ability To cure any sadness for you and me PRE-CHORUS: Oh Baby why don’t we go down to the cockatiel-o A song that only we know can make us feel alright Oh baby why don’t we show everybody how we go To the cockatiel-o, it makes us feel alright VERSE 2: Everybody’s singing the keekoo kee Restoring our faith in humanity I once was blind, but now I see We all depend on a keekoo keekoo kee!

A Primavera de Botticelli

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  Criaturas viciadas em imagens geradas por AI, eu vos convoco! Hoje é dia de transformação. Desafio-vos a experimentar algo novo, uma imagem inteiramente criada pela mão do incrível Botticelli. Tomem lá poesia em forma de alegoria! E que ninguém ouse denunciar-me ao Facebook por estar promover a violência de Zéfiro, o ser azulado de Avatar, sobre a ninfa, Clóris, a figura com despudoradas vestes transparentes, à vossa direita. Tamanha violência deu-lhe a volta ao estômago, me dirão, a pobre até vomita flores! Se até os passarinhos fugiram, como te atreves, Belinha, a publicar isto?! Gente, o ser azulado é Zéfiros, o deus do vento Oeste, o mensageiro da Primavera, inicialmente violento, sim, mas depois por amor convertido à bondade. Na pintura, a ninfa com as flores na boca transforma-se na Flora, a que espalha flores pelo mundo. Zéfiros, depois de se apaixonar por Flora transforma-se na brisa suave da Primavera e renuncia à destruição para poupar as flores. Agora, inspirem e procu...

Um segredo, poema de Fernando Namora

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Um Segredo Meu pai tinha sandálias de vento só agora o sei. Tinha sandálias de vento e isto nem sequer é uma maneira de dizer andava por longe os olhos fugidos a expressão em [nenhures com as miraculosas instantaneidades que nos fazem [estar em todos os sítios. Andava por longe meu pai sonhando errando vadiando mas toda a sua ausência era o malogro de o ser só agora o sei. Andava por longe ou sentíamo-lo longe vem dar no mesmo e no entanto víamo-lo sempre ali plantado de imobilidade absorta no cepo de carvalho raiado de negro a que o caruncho comera o miolo como as lagartas esvaziam as maçãs estranhamente quieto murcho resignado no seu estranho vadiar os olhos aguados numa tristeza que hoje me dói como um apelo perdido uma coragem abortada. Ausência era tão de mágoa urdida tão de fracasso [tingida ausência era altiva e desolada altiva e triste sobretudo triste tristeza sim tristeza solene e irremediada só agora o sei. Às vezes parecia-me uma águia que atravessa os ares sulco azul que n...

Oscars 2023 - Tudo, em toda a parte, ao mesmo tempo, dos Daniels, é o meu favorito.

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Os Oscars 2023 saem do segredo esta noite e espero que o filme que ganhou tudo, em toda a parte, ao mesmo tempo, ou quase, obtenha os Oscars que merece. Alérgicos ao humor absurdo, bem sei que os olhos de plástico na testa, o bagel, os dedos de salsicha, os dildos, o kung-fu e outros delírios, podem ser dissuasivos. Mas, pasme-se, tem tudo sentido neste multiverso da loucura e isso é incrível. É muita energia criativa, e, apesar do disparate aparente, há muita emoção sincera nesta história. Há um livro de um escritor figueirense que se chama Elói ou romance numa cabeça. Este filme também se podia chamar assim, Evelyn, ou Multiverso numa cabeça. A cabeça é a da mãe Evelyn, uma heroína cinquentona que faz inveja à Marvel. Aqui a heroína super não usa capa nem cruza os céus. Ela é uma mulher que falhou vezes sem conta, cuja vida está um caos. Mas um dia alguém a convence de que podia fazer a diferença e salvar o mundo, assim se salvando a si mesma. Várias Evelyn são interpretadas em vário...

Edmundo Inácio é uma festa!

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  A Festa

O que a mulher precisava aprender em 1906 para valer alguma coisinha!

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Diario do Natal : Orgam do Partido Republicano (RN) - 1906 a 1909 (Brasil)