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A mostrar mensagens de junho, 2022

Para entender o fenómeno Anitta, e o funk, leiam este texto de Bernardo Oliveira

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“TUDO LÁ NO MORRO É DIFERENTE...” Ainda discriminado, o funk é onipresente no espírito carioca. “...tudo lá no morro é diferente/ daquela gente não se pode duvidar/ começando pelo samba quente que até um inocente sabe o que é sambar...” (“Linguagem do Morro”, Padeirinho da Mangueira e Ferreira dos Santos) A arte contra cultura, a cultura contra a arte Substituindo a palavra samba pela palavra funk, o trecho acima permaneceria tal e qual. Foi retirado de um samba dos anos 60, gravado pelo mangueirense Jamelão, e destaca dois aspectos da relação morro-asfalto no Rio de Janeiro que vigoravam bem antes daquela época. O primeiro é uma declaração de distinção: “tudo lá no morro é diferente”. Produto do descalabro do estado brasileiro, as favelas constituem, como na maioria dos redutos afro-descendentes da América, uma espécie de estado paralelo, com leis e dinâmicas próprias, reduto de grande miséria, mas também de grande força criativa. O segundo aspecto, decorrente do primeiro e leitimotiv

Rebola a bola - Carmen Miranda

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Ver o vídeo no Youtube, aqui Rebola a Bola Carmen Miranda Rebola bola vou mostrar como é que é Um batuque rebolado da cabeça até o pé [Bando da Lua] Rebola a bola prende a bata no botão Rebola bola morena que eu te dou meu coração Eu vi um papo empapar na empapadela E outro papo empapuçado de uma papa de fubá E o papo pipo a papá papa amarela Num papo do papo em papo que papou lá no Amapá E quando eu disse ao papá que papimpava Meu papá teve um desmaio porque o papo era papão E eu fiquei foi como um papo numa estapa Quando escuto o papagaio lhe dizer papa pagão Rebola bola vou mostrar como é que é Um batuque rebolado da cabeça até o pé, pé, pé [Bando da Lua] Rebola a bola prende a bata no botão Rebola bola morena que eu te dou meu coração E eu não quis foi mais saber de ver um papo Que de papo numa pipa na papada se empapou E é por isso que os meus olhos logo eu tapo Quando eu vejo um tico-tico a papapá e o papavô E que se cubra o capeta de uma capa Que se atreve na garupa do capeta ca

Lá vai a malta para o São João!

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  Vídeo - José Mário Branco - S. João do Porto, 1978 Lá vai a malta p’ró S. João cantar na rua e dançar uma rodinha pela mão. Lá vai a malta p’ró S. João o Porto inteiro a bater num coração. Eu dentro de casa é que não fico venho p’ra rua ver nascer em cada peito um manjerico. E já tenho par pr’ra vir comigo vamos cantar, gritar, beijar, dançar, apertar...e viva o S. João! Saiam das janelas, ó meninas, nós temos cravos e alhos-porros p’ra bater nas cabecinhas. E vamos descer às Fontaínhas vamos cantar, gritar, beijar, dançar, apertar...e viva o S. João! E antes que da noite nasça o dia o santo faz mais um milagre e chovem beijos de alegria. Somos um milhão na confraria vamos cantar, gritar, beijar, dançar, apertar...e viva o S. João! Esta canção "S. João do Porto", usada na preparação dos espectáculos "Sons do Porto - A cidade a oito vozes", apresentados pelo grupo coral Canto Nono. O primeiro espectáculo ocorreu na cidade do Porto em Novembro de 2001, tendo feito p

Merkin: as perucas íntimas que já foram uma moda popular

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  Ora, aqui estou perante vós, perfeitamente consternada, ainda mais conhecida por ser aquela chata que está sempre a pugnar pela divulgação de materiais fotográficos acompanhados de créditos, pela protecção das autorias, acabo de descobrir que caí que nem um patinho e que vos fiz cair também numa ilusão. Não questionei, quando vi a fotografia do vendedor de postiços púbicos, que a sua autoria se tivesse perdido. Tomando esse facto por assente, parti em busca da história das "merkin", que desconhecia. Pois bem, lamento desapontar-vos, mas a fantástica fotografia das perucas púbicas é uma criação artística de um incrível fotógrafo de nome Stephen Berkman. A história de como este homem a criou, e outras igualmente fantásticas, e do seu livro, é quase tão boa como a história encenada nesta foto. Confesso que escrevi de forma apressada, que fiz uma busca superficial dos factos relatados. Não cuidei de pensar muito no assunto, contrariamente ao que é meu hábito. É incomum proceder

Catarina Gouveia: uma fotografia feita com amor

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Nada como uma doença para colocar a nossa afobada vida em pausa. Pelo Facebook ainda providenciei uma vaga explicação sobre o facto de estar tão silenciosa. Havia quem interpretasse como desprezo. Mas não, não era nada pessoal, era apenas a vida, um pouco cheia, um pouco complicada. Agora, doente, sem energia para nada, aproveitei para ler as cusquices do momento. Uma das que rendeu foi uma certa fotografia que uma Catarina Gouveia publicou no seu Instagram. Vi a foto no telemóvel e pensava que era alguém a fazer publicidade a depilação definitiva! Ou talvez a produtos solares pois o verão vem já a caminho. Em primeiro plano um par de longas pernas exibia-se. Reparei melhor e lá percebi que o casal apresentava o seu rebento ao mundo, muito enroscado, minúsculo, entalado entre o peito e os braços da mãe. A cama era, vi depois, era uma cama de hospital. O que saltava à vista não era o recém-nascido, era o majestoso par de pernas da mãe, maiores que as dos gafanhotos, bem tonificadas e b