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A mostrar mensagens de agosto, 2017

Incendiário vai de ambulância, bombeiro de comboio

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"AMBULÂNCIA VIAJA DE LISBOA AO PORTO PARA LEVAR INCENDIÁRIO A CONSULTA DE AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA O Hospital Prisional de Caxias no Concelho de Oeiras, requisitou alegadamente hoje aos Bombeiros de Paço de Arcos uma ambulância que conduziu hoje um alegado incendiário detido naquele hospital prisional, à delegação do Instituto Nacional de Medicina Legal no Porto, para uma consulta de avaliação psiquiátrica que teve a duração de sensivelmente 10 minutos." https://www.facebook.com/observatoriodeprotecaocivil O incendiário vai de ambulância, o bombeiro vai de comboio combater o fogo. Quem se lembra da notícia deste Maio:"Este verão, 90 bombeiros vão deslocar-se de Lisboa e para os incêndios em Viana do Castelo de autocarro e de comboio. O objetivo, explicou o secretário de Estado da Administração Interna, é evitar que as corporações cheguem "cansadas" aos teatros de operações e, ao mesmo tempo, "evitar o desgaste" das viaturas de serviço e os

Aos homens constipados, por António Lobo Antunes

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Aos homens constipados Pachos na testa, terço na mão, Uma botija, chá de limão, Zaragatoas, vinho com mel, Três aspirinas, creme na pele Grito de medo, chamo a mulher. Ai Lurdes que vou morrer. Mede-me a febre, olha-me a goela, Cala os miúdos, fecha a janela, Não quero canja, nem a salada, Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada. Se tu sonhasses como me sinto, Já vejo a morte nunca te minto, Já vejo o inferno, chamas, diabos, Anjos estranhos, cornos e rabos, Vejo demónios nas suas danças Tigres sem listras, bodes sem tranças Choros de coruja, risos de grilo Ai Lurdes, Lurdes fica comigo Não é o pingo de uma torneira, Põe-me a Santinha à cabeceira, Compõe-me a colcha, Fala ao prior, Pousa o Jesus no cobertor. Chama o Doutor, passa a chamada, Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada. Faz-me tisana e pão de ló, Não te levantes que fico só, Aqui sozinho a apodrecer, Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer. Poema de António Lobo Antunes, In 'Sátira aos Homens quando est

João Quadros ou João Quadrado?

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Percebi agora que um tal humorista Quadros anda nas bocas do mundo por ter chamado skinhead ou cabeça rapada ao Passos, assim criticando um discurso algo xenófobo que este fez, e que eu não li, mas, com aquela voltinha de trazer à colação na piada a mulher dele, doente oncológica, e, claro, para muitos o cancro é um dos assuntos que tem de ficar fora do humor, compreensível pelo sofrimento e impacto da horrível doença tanto no paciente como nos que lhe são próximos. Mas esta lista de assuntos que têm de ficar à margem do humor é uma coisa que me incomoda. Não é por fazer de conta que um problema não existe que ele cessa de existir: vamos excluir do humor temas como a doença, a deficiência, etnias, religiões, classes sociais, a sexualidade e outros? Ou marcar-lhe limites? E impor limites é atacar a liberdade de expressão? É um grande e apaixonante debate que esteve bem aceso nas redes aquando das mortes no Charlie Hebdo. Não há dúvidas que o visado da piada em causa é PPC, não a esp

Despacito

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Dei um saltinho à praia de Buarcos e no regresso deparei-me com estes senhores a tocar um medley dos Abba para uma grande plateia na esplanada do jardim. Cheguei a meio e quando me estava a sentir uma verdadeira Super Trouper, com vontade até de dançar com um dos turistas presentes que sabia todas as letras, acabou o medley. Trazia os ouvidos cheios de coisas como Si te vas yo también me voy/Si me das yo también te doy/Mi amor/Bailamos hasta las diez/Hasta que duelan los pies, tinha vindo pela marginal fora a cantarolar o Despacito, sonoridades ainda frescas na ponta da língua, patrocinadas pelos animados vizinhos de praia que hoje me couberam, quando ouvi a banda. Junto ao mar a minha tolerância dilata-se e os meus níveis de implicação derretem sob o sol, pelo que até curti os ritmos calientes e, já agora, o vigor da linguagem juvenil pontuada a alhos e folhas, o tratamento carinhoso ímpar. Ah, escusam de me vir dizer que quando eu era jovem também falava assim, eu ainda me lembr

Incêndio florestal - a praga do verão em Portugal

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Nunca entendi o que move alguém a meter-se no carro para ir ver um fogo florestal. Esta atracção, que considero doentia, não é de hoje mas ontem não existia a motivação acrescida de filmar e partilhar o evento nas redes, o objectivo mais ou menos secreto de conseguir a glória fugaz de uma imagem viral. Onde, afinal, a estranheza quando pessoas ateiam os próprios gases para filmarem a breve flama e depois partilharem proeza com o mundo ávido de imagens insólitas?! Há uns anos largos houve um incêndio na serra da Boa Viagem e o instrutor de condução orientou-me na direcção da elevação, de onde se desprendia um penacho de fumo. - Mas está a arder, disse eu. - E então? Vamos lá ver. Segui a contragosto, com vontade de me negar, afinal o volante era meu. Mas a posição de subalternidade, o pouco à-vontade e experiência incipiente ao leme das quatro rodas venceram o meu sentido cívico e até temor. Tivemos de atravessar a ponte sobre o rio e a cidade. Já na subida da serra fomos ultrapas

O equidna vai à praia

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Fonte Quando a temperatura estiver propícia a banhos e forem até à praia, e não se lembrarem de adivinha melhor para contar à miúda que acabaram de conhecer, podem usar esta: Que animal tem bico e põe ovos mas não é ave, tem bolsa mas não é canguru?  Resposta: o equidna .  Testei uma outra adivinha sobre o bicharoco em causa com um cinquentão bem apessoado mal acabado de conhecer enquanto devorávamos um ouriço ali para os lados da Ericeira: não é homem mas animal e tem título real. Que bicho é? Foi uma espécie de ice-breaker, assim pensava eu. Ele não fazia ideia. É uma espécie de equidna da Indonésia que recebeu o nome de Sir Attenborough, o naturalista , - disse-lhe eu. Tive de explicar o que era um equidna e quem era Attenborough. A discussão aqueceu. Daí a pouco devolvia-me a "cultura animal" com um negro laudo sobre uma tal Equidna, o corpo metade jovem mulher, a outra metade, uma serpente. Vivia numa caverna no ventre profundo da terra, longe