Bastonária Ana Rita Cavaco, a indecente party animal


"EI-LA NUMA 'BOÎTE', EM PLENA ACTUAÇÃO E COM A LÍNGUA DE FORA, PARA SACAR ALGUM PARA O 'CROWDFUNDING' DA GREVE...Como se vê, anda sempre maltrapilha, porque o que ganha não dá para comprar alguma roupinha decente... Pobre bastonária, pobre enfermeira, pobre mulher! - A.B.

Esta fotografia foi retirada da página do Facebook de Alfredo Barroso, um ex-militante socialista, considerado um dos históricos do desse partido, sobrinho de Mário Soares, partido que abandonou por divergências com António Costa, segundo creio,  e actual apoiante do Bloco de Esquerda. Que eu recordo por em tempos ter aparecido muito na SIC, nuns debates quaisquer, de onde levou sumiço, embora não saiba a razão. É um tipo abrupto, a pender para o até bruto, diria, tenaz,  do género cão que ferra o osso e não larga. Escreve crónicas, ou escrevia, no Ionline. Sobre a bastonária dos enfermeiros sei muito pouco. Ora me parece uma justiceira ora uma incendiária. Arriscaria não ser uma mulher de consenso nem de bom senso, mas posso estar errada. É verdade: nem sempre conseguimos andar informados sobre tudo o que acontece à nossa volta e apesar de já ter lido títulos de notícias em jornais e em artigos de opinião sobre a greve dos enfermeiros, não tenho uma completa opinião, isto é, assumo que não estou, ainda, bem informada nem acerca dela nem de quem é a bastonária da língua de fora, à Rolling Stones.

Mas não é sobre a greve dos enfermeiros, ou a bastonária ou mesmo Alfredo Barroso, que me apeteceu escrever agora. Apeteceu-me escrever acerca disto, da particular publicação do Afredo Barroso, e de reacções que se liam por ali: "Não consigo perceber qual é a graça de tirar uma foto com a língua de fora. É para vermos o tamanho da língua?... Que chega a entrar no nariz?... Que nojo! Não consigo achar graça nenhuma. E quando os dentes são feios então, nem se fala." diz uma "senhora". Mas há mais: "Está foto deve ser no renovado Elefante Branco!" ou "Curioso. A minha cadela também faz isto com a língua, rsrsrsrsrs." ou "Grande ca (vaca)".

Como puderam ler,  uma vez dado o pretexto no Facebook, a escalada sucede-se: a moça da língua de fora passa de showgirl de discoteca a cadela e vaca em breves linhas. Creio que estes últimos são comentários masculinos, mas podiam ser femininos, isso é irrelevante, pois ambos os sexos são pródigos em escrever merda nas redes sociais. Ou seja, esqueçam o recorte  sexista dos mesmos, pois lá iríamos dar às guerras do Género e das ideologias e tal, e agora não me apetece nem vejo nisso necessidade, embora se pudesse puxar por aí o assunto.

A política é, cada vez mais, um lodaçal; e as trocas de argumentos entre figuras públicas um lodaçal tóxico. Não existe pudor algum nem qualquer ética na argumentação. Tudo é arma de arremesso, neste caso, até parece infantil a forma como alguém com estatuto de vulto na política, um intelectual, foi buscar, para esgrimir argumentos a propósito de um assunto sério -a greve dos enfermeiros -  uma fotografia que alguém fez da bastonária, no seu tempo livre, a fazer caretas para a máquina fotográfica dos amigos. Este Alfredo, como dizem os americanos, "must be fun at parties". Enfadonho deve ser, e parvo, parvo com todas as letras, é de certeza.  Olha, talvez devesse ter usado MAIÚSCULAS em parvo, como usou o Alfredo ao escrever o seu desabafo. Ou seja: é como a bastonária. Afinal, no Facebook  o Alfredo também mete a língua de fora, à sua maneira, faz triste figura mas deve imaginar-se como um guardião da sociedade ou algo assim.


Vamos esquecer que foi o Alfredo, homem histórico, condecorado, e mediático, que publicou a foto e escreveu aquele desabafo, pois milhares de outros e outras fazem deste tipo de trejeito, o seu jeito pessoal de estar nas redes sociais. Por vezes, ser dono de um estatuto inchado assim  potencia a arrogância, mas gente que não tem onde cair morta e que mal sabe escrever, também é igualmente  acometida dessa fraqueza. Ou talvez não seja arrogância e simples má educação. Desçamos à Terra dos comuns mortais e pobre diabos, vamos antes chamar-lhe  Flórido e fingir que o Alfredo não é o ALFREDO, é apenas um Flórido qualquer.

Evidentemente que o Flórido nunca fez figurinhas tontas ou ridículas quando estava com os amigos em parte alguma, em especial, se estava totalmente descontraído, e a gozar a festa, mais ou menos comida e bebida. Aliás, nunca ninguém fez, estão a ver? Todos sempre nos portámos à altura  do que os outros todos exigiam de nós, mesmo quando não nos podiam exigir nada, e em toda e qualquer situação. Esta rotunda verdade será tanto mais certa quanto mais arredondada a idade que já alombarmos, porque significa que vivemos metade da nossa vida longe das redes sociais e que não há fotos partilhadas para serem repescadas quando se acabarem os argumentos lúcidos a alguém. Se tivermos sobrevivido a todos os nossos amigos e familiares, e já estivermos quase com os pés para a cova, então até poderemos dizer que somos uns santos. 

Talvez existam algures no sotão do Alfredo, ou de amigos dele, uns velhos negativos a precisar de serem revelados para meter a nú aquela nódoa esquecida no curriculum muito sério, muito recto, muito chato, do respeitável senhor, mácula do tempo em que ele andava em viagem com o Mário Presidente, por exemplo. Quem sabe se no meio deles não há uma foto com a língua de fora  numa "boite" do Portugal profundo. Há falta de pior, resta-nos esta magnífica publicação com que ele acaba de nos brindar no Facebook, e que, sem dúvida, diz mais da falta de chá do Senhor Alfredo do que da indecência da bastonária, uma verdadeira party animal.  Não é só por estas insignificâncias que a política fede, como é óbvio, mas tudo soma para desprezarmos, cada vez mais, quem se dedica a tal mister. 

Sempre ouvi dizer que quando olhamos para trás nunca vamos querer recordar as noites que não passámos acordados. Talvez o Facebook seja a única festa que ainda resta ao Alfredo  e tenhamos que lhe dar um desconto por não saber divertir-se melhor. A bastonária, Ana Rita Cavaco, independentemente da sua actuação na greve dos enfermeiros poder censurada, tem decerto um horário de trabalho e um tempo para dedicar ao ócio. A fotografia da língua de fora não foi tirada na sala de operações enquanto ela dava assistência a uma angioplastia, pois não? Ou no decurso de algum desempenho  oficial inerente à sua condição de bastonária, pois não? A Cyndi Lauper, é que sabe: "That's all they really want/ Some fun/ When the working day is done/ Oh girls, they wanna have fun/Oh girls just wantna have fun (girls and boys wanna have fun, girls wanna have). A bastonária não está no meio da pista de dança a beber vinho de um saco de transfusão, pois não? Uma língua de fora, Alfredo? Então, Alfredo, vai dar banho ao cão, ou à cadela, ou lá o que é, e deixa a bastonária divertir-se já que tu já te deves ter esquecido do que isso é há muito tempo.

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