Poesia: Pinhal do Rei - Afonso Lopes Vieira
Pinhal do Rei Catedral verde e sussurrante, aonde a luz se ameiga e se esconde e aonde, ecoando a cantar, se alonga e se prolonga a longa voz do mar: ditoso o "Lavrador" que a seu contento por suas mãos semeou este jardim; ditoso o Poeta que lançou ao vento esta canção sem fim... Ai flores, ai flores do Pinhal florido, que vedes no mar? Ai flores, ai flores do Pinhal florido, rei D. Dinis, bom poeta e mau marido, lá vem as velidas bailar e cantar. Encantado jardim da minha infância, aonde a minh'alma aprendeu a música do Longe e o ritmo da Distância que a tua voz marítima lhe deu; místico órgão cujo além se esfuma no além do Oceano, e onde a maresia ameiga e dissolve em bruma, e em penumbra de nave, a luz do dia. Por estes fundos claustros gemem os ais do Velho do Restelo... Mas tu debruças-te no mar e, ao vê-lo, teus velhos troncos de saudades fremem... Ai flores, ai flores do Pinhal louvado, que vedes no mar? Ai flores, ai flores do