Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2024

PASSAGEM DO ANO - Carlos Drummond de Andrade

O último dia do ano não é o último dia do tempo. Outros dias virão e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens e tantas celebrações de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral, que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor, os irreparáveis uivos do lobo, na solidão.   O último dia do tempo não é o último dia de tudo. Fica sempre uma franja de vida onde se sentam dois homens. Um homem e seu contrário, uma mulher e seu pé, um corpo e sua memória, um olho e seu brilho, uma voz e seu eco, e quem sabe até se Deus…   Recebe com simplicidade este presente do acaso. Mereceste viver mais um ano. Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos. Teu pai morreu, teu avô também. Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte, mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo, e de copo na mão esperas amanhecer.   O recurso de se embriagar. O recurso da dança e do grito, o recurso...

Too much Champagne is just right.

Imagem
 

Haverá uma beleza que nos salve?

Imagem
Não, não há uma beleza que nos salve. Só a bondade nos salva. E a bondade manifesta-se, por vezes, no meio da maior fealdade. Explico-me. Uma pessoa capaz de actos de bondade, uma pessoa com bom coração, pode ter uma cara que é considerada feia, pode vestir-se de uma maneira que é considerada pirosa, pode ter tido notas medíocres, pode ser um artista medíocre. Quando visitamos um museu com obras belíssimas, como o Louvre ou o Prado, podemo-nos esquecer de que as pessoas, os visitantes e os funcionários que estão lá connosco, são obras mais belas do que as mais belas obras expostas que andamos a ver. Um artista torturado pela beleza que consegue, ou que não consegue, dar ao que pinta e que se autodestrói está equivocado. Seria preferível deixar de pintar ou pintar obras medíocres. Como dizia o meu avô materno, que era médico, “mais vale burro vivo do que sábio morto”. Se a busca da beleza nos impede de viver, então há é uma beleza que nos perde. E há. Penso que não nos devemos enganar ...

Giséle Pelicot - Personalidade do ano

Imagem
 

Projeto Just a change

Imagem
Louis Cannings Entrar para comprar e ajudar o projeto  Just a change A peça “Decay” refere-se à deterioração das estruturas habitacionais e à sua relação direta com a vida dos seus habitantes. O tijolo simboliza o abrigo, mas também a decadência que afecta a vida quando a casa se degrada. No entanto, o tijolo desta obra foi resgatado e restaurado pela Associação Just a Change, interrompendo o processo de degradação e simbolizando a renovação e a possibilidade de um novo começo. Torna-se um símbolo de esperança e transformação, representando como a ajuda certa pode quebrar o ciclo de degradação e abrir espaço para a reconstrução da vida.

Black Doves: não deixe para o ano a série que pode ver já hoje!

Imagem
  Ter tempo livre é maravilhoso e estou decidida a aproveitar estes dias ao máximo. Consegui ver uma série de TV em duas partes, 3 episódios cada noite. A última que vi foi Shogun. Estava alheada da oferta recente e pedi dicas aos meus amigos do Facebook que me devolveram um rol de títulos de filmes e séries, alguns antigos, outros recentes. Andei a ver trailers e a ler críticas e quando dei por mim já era bem tarde. Então abri a TV e acabei por ver uma série que aparecia bem cotada, mas não foi isso que me levou a escolhê-la. Em suma: para não agradar apenas a um, escolhendo a sua sugestão, acabei por desagradar a todos, ignorando todas!  Escolhi a minissérie Black Doves que foi criada e escrita por Joe Barton, conhecido também pelo trabalho em Giri/Haji. Gostei muito desta série e foi por isso que escolhi Black Doves. Keira Knightley e Ben Whishaw são os principais protagonistas, ambos com carreiras de destaque em produções como Orgulho e Preconceito e A Very English Scan...

Sexta-feira, 13

Imagem
Na sexta-feira, dia 13, entrei de férias. Foi um dia de regozijo por me poder afastar de uma certa rotina bem pesada que já durava há três meses.  Na última semana deliciei-me a fazer planos para as duas semanas seguintes. A época do ano inclui a tradição natalícia, inescapável, mas que desde há muito simplifico para não pesar. Ocorreu-me que era um dia de superstição, a sexta-feira 13, ainda me permiti pensar no que leva as pessoas a temerem, umas, estes dias. Mas outras, grupo no qual me incluo, nem se lembram disso, a não ser quando são lembradas. E agora, na época da conexão global, é como o Natal: sempre há alguém, no Facebook, na rádio, no grupo de conhecidos, que vem lembrar que é sexta-feira 13.  A razão da superstição está entranhada em raízes culturais e históricas, misturando crenças religiosas, mitologias antigas e eventos históricos. Sou péssima na área dos números, são entidades estranhas, ao contrário das letras, mas sei que em culturas antigas o número 12 era ...