25 de Abril, sempre!
Fotografia de Alfredo Cunha
A Salgueiro Maia, por Sophia de Mello Breyner
Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido
Aquele que deu tudo e não pediu a paga
Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite
Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício
Aquele que foi «Fiel à palavra dada à ideia tida»
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse.
Pessoa disse.
Fotografias de Alfredo Cunha
25 de abril de 1974
Terreiro do Paço, Lisboa
Pelas 06h00, o centro político do Estado Novo foi ocupado por uma Força da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia, a que se juntou, de seguida, um pelotão do Regimento de Cavalaria 7, a principal unidade afeta ao Regime.
(Fonte: Exército Português, pg do FB)
Poema de Abril, por Sidónio Muralha
A farda dos homens
voltou a ser pele
(porque a vocação
de tudo o que é vivo
é voltar às fontes).
Foi este o prodígio
do povo ultrajado,
do povo banido
que trouxe das trevas
pedaços de sol.
Foi este o prodígio
de um dia de Abril,
que fez das mordaças
bandeiras ao alto,
arrancou as grades,
libertou os pulsos,
e mostrou aos presos
que graças a eles
a farda dos homens
voltou a ser pele.
Ficou a herança
de erros e buracos
nas árduas ladeiras
a serem subidas
com os pés descalços,
mas no sofrimento
a farda dos homens
voltou a ser pele
e das baionetas
irromperam flores.
Minha pátria linda
de cabelos soltos
correndo no vento,
sinto um arrepio
de areia e de mar
ao ver-te feliz.
Com as mãos vazias
vamos trabalhar,
a farda dos homens
voltou a ser pele.
A imagem do fotógrafo Sérgio Guimarães, falecido em 1986,
do menino do cravo na G3,
é um dos ícones do 25 de Abril de 1974.
O menino é Diogo Bandeira Freire,
filho do dono dos Cinemas Quarteto, à época.
Celeste Martins Caeiro, a Celeste dos Cravos, fica na história como a mulher que distribuíu os cravos que viriam a tornar-se um símbolo colorido da Revolução de 25 de Abril de 1974 – a Revolução dos Cravos. Ela tinha 40 anos, vivia num quarto no Chiado e trabalhava num restaurante em Lisboa. "O Franjinhas", o primeiro restaurante “self-service” de Lisboa, que festejava o primeiro aniversário, oferecendo cravos às senhoras e um Porto aos cavalheiros.
À chegada Celeste encontrou a porta fechada por causa da Revolução em curso. Os empregados regressaram a casa e consigo levaram os cravos vermelhos. Na volta, Celeste aproximou-se de um dos tanques militares e perguntou o que se passava, um soldado respondeu: “Vamos para o Carmo para deter Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!” , pedindo um cigarro. Celeste não fumava e ofereceu uma flor que o militar colocou no cano da espingarda.
À chegada Celeste encontrou a porta fechada por causa da Revolução em curso. Os empregados regressaram a casa e consigo levaram os cravos vermelhos. Na volta, Celeste aproximou-se de um dos tanques militares e perguntou o que se passava, um soldado respondeu: “Vamos para o Carmo para deter Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!” , pedindo um cigarro. Celeste não fumava e ofereceu uma flor que o militar colocou no cano da espingarda.
Na foto, nos 50 anos do 25 de Abril, Celeste a recriar este momento.
Liberdade, por Sérgio Godinho
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
Habitação, saúde e educação
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
E a sede de uma espera só se estanca na torrente
E a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve a nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Ai, só há liberdade a sério
Quando houver
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir
E quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
E a sede de uma espera só se estanca na torrente
E a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve a nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Ai, só há liberdade a sério
Quando houver
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
A paz, o pão
Habitação, saúde, educação
A paz, o pão
Habitação, saúde, educação
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
E a sede de uma espera só se estanca na torrente
E a sede de uma espera só se estanca na torrente
Ai, só há liberdade a sério
Quando houver
A paz, o pão
Habitação, saúde e educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Habitação, saúde e educação
( Poema de José Niza, orquestração e música de José Calvário, a
canção serviu de primeira senha à revolução de 25 de Abril de 1974)
E DEPOIS DO ADEUS
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueciPerguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueciPerguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.
E agora, algo diferente.
Vitor Raposo, em Albufeira, faz arte efémera à beira-mar.
Esta é dedicada aos 50 anos da Revolução.
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora encondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
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