Leave de world behind - o pior filme de 2023



O Sam Esmail fez Mr. Robot e então a gente pensa que Leave the world behind podia ser um filme estranho e interessante, mas é apenas patético. Se estas breves linhas têm algum propósito é o de vos alertar para que não percam tempo com ele. E parece que há um livro. Eventualmente o livro poderá ser melhor, quem sabe? Não será difícil ser melhor, eis a verdade. O casal Obama deve estar satisfeito por ter financiado o filmito, chegou a número um no Netflix. Mas não se deixem impressionar por isso.

Podem querer vê-lo, o filme, por ter gerado muito comentário na internet. É cada vez pior dar atenção ao "falatório" nas redes. Até parece que a malta recebe dinheiro para tecer elogios! Podem querer vê-lo por serem fãs da Julia Roberts - eu nunca fui e nunca serei, mesmo se gostei de a ver dar corpo a uma ou outra personagem. Podem querer ver este filme anedótico por gostarem do Ethan Hawke. Primeiro eu não lhe ligava grandemente, depois passei a apreciá-lo. De facto, olha-se para os nomes envolvidos e não se adivinha o desaire. Ah, Kevin Bacon também faz parte da lista de nomes célebres presentes e porta-se bem no papel de um survivalista durante um momento de maior confronto. A mim surpreendeu-me ver como ele e Hawke são fisicamente parecidos! Aqui, um espelho um do outro. Teria sido uma escolha intencional? Porquè? Bem, seja qual for o motivo que vos atrai para verem este filme, ignorem o apelo, pois serão defraudados.

Não é o primeiro filme onde estranhos são isolados contra a sua vontade e têm de conviver juntos para superar a adversidade. Não é uma má premissa aquela que aqui foi totalmente desperdiçada. Mas para mim o filme deixou de ser interessante poucos minutos depois de Mahershala Ali ter aparecido à porta da sua casa -  alugada à família agora inquilina por um fim-de-semana, - com a filha, buscando refúgio. As revelações das personagens são um enfado, mesmo quando têm a ver com explicações sobre o apocalipse em curso, - é uma guerra civil? - e o que lhes sucede pouco nos importa. As máquinas colapsam - computadores, barcos, aviões, Teslas, - e isso é o mais interessante de tudo. Alguns acontecimentos são enigmáticos, dentes descolam das gengivas do adolescente, há panfletos lançados do céu por um drone,  uma bomba explode no horizonte, mas o todo é uma sopa muito desinteressante.  Os animais fazem o seu papel: aparecem, muitos. Como se não soubéssemos, é-nos dito, duas vezes, que eles têm algo para nos dizer. Ninguém liga ao elemento mais jovem da família, Rosie, que encontra conforto a ver séries de TV. Bem sabemos, somos, estamos, dependentes da tecnologia, para tudo, até para nos sentirmos amados e felizes. Os pretensiosos movimentos de câmara são apenas grotescos pois desprovidos de qualquer sentido. Querem empurrar tensão e terror à história com tanta reviravolta mas não funciona. Quando Julia Roberts espanta os veados aos berros que se reuniram ao seu redor, muitos, não aguentei mais e desatei a rir. 

É um filme embaraçoso de tão mau, espanta-me que este grupo de actores tenha anuído ao projecto - terá sido por simpatia? estarão todos precisados de dinheiro? -  assim como me espanta que muitos espectadores se contentem com isto e  apenas se tenham manifestado desapontados com o seu final aberto. Para mim o final foi o melhor, chegar ao fim desta estopada foi a minha vitória sobre este apocalipse de filme! 


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