A Lagarta do Pinheiro, Processionária, ou bicha da Quaresma





(Alguns materiais informativos disponíveis na internet, 
referentes a diferentes áreas geográficas de Portugal)


A praga da Lagarta do Pinheiro (Thaumetophoea pityocampa), conhecida como Lagarta Processionária, tem francas possibilidades de se tornar mais frequente em virtude da redução da precipitação e do aumento da temperatura, o que favorece o desenvolvimento deste e de outros insectos. Conhecida desfolhadora dos pinheiros e cedros, (também é encontrada em abetos) o dano sucede devido à alimentação das larvas ser à base das agulhas. O seu nome provém da descida em fila indiana que a lagarta faz pelos troncos das árvores resinosas quando parte em busca de um local para se enterrar e depois transformar em borboleta. Estas lagartas, que podem chegar até aos 5 cm de comprimento, são também chamadas “quaresmas” em algumas zonas dado que esta migração acontece durante a época da quaresma. No Alentejo chamam-lhe "cobril."Durante esta “procissão” são guiadas por uma fêmea que, na frente, tece um fio de seda para que não se percam umas das outras. O lepidóptero é inofensivo, pertence à família das traças, e encontra-se por todo o Mediterrâneo, em diversos países do sul da Europa e também no norte de África. Mas a lagarta é a principal praga desfolhadora de pinheiros em Portugal. No final do Outono,  ninhos brancos constituídos por fios sedosos aparecem na extremidade dos ramos dos pinheiros, ficando depois acastanhados com acumulação de excrementos, aumentando o seu peso e chegando, por vezes, a vergar os ramos. As agulhas roídas pelas lagartas, posteriormente, ficam avermelhadas, secas e acabam por cair. As árvores, na sua maioria jovens, com menos de 25 anos, suas preferidas, enfraquecem e tornam-se mais permeáveis a doenças.

Jamie Dornan, a estrela

Decidi escrever um apontamento sobre esta bicha peluda depois de ler que o actor Jamie Dornan, - tornado conhecido por ter protagonizado o filme 50 sombras de Grey, facto que ninguém parece ainda ter ultrapassado, nem depois de ter feito Belfast, - e alguns amigos, tiveram um encontro imediato com a lagarta em Almancil foram parar ao hospital. De repente a processionária é notícia mundial! Do Reino Unido ao Brasil, todos falam do sucedido. Imagine-se! Portugal, esse paraíso, afinal tem bichos perigosos! Até já parece que estamos na Austrália, só falta dizer-se! Já agora, não esqueçam a Víbora cornuda, o Anjo destruidor, da Erva-Moura, a Viúva-negra e, claro, a Caravela Portuguesa, sim? Portugal merece figurar no mapa dos destinos perigosos da vida selvagem!

O podcast  com sotaque escocês

Então, o que sucedeu? Gordon Smart, de 42 anos, falou disso no podcasts The Good, the Bad and the Unexpected, revelou o facto, possivelmente enquadrado na categoria do "Inesperado". Contou agora que o ano passado, ele e mais dois amigos estavam por cá, no bem bom do sul, a jogar golfe, a comer, a beber, enfim, a divertir-se à rico, até que sucedeu o imprevisto. O que não nos mata torna-nos mais fortes, além de mais conhecedores, é o caso. Evidentemente ressacado, Gordon acabou no hospital a pensar que estava a ter um ataque cardíaco. Com o coração aos saltos e o lado esquerdo, mão e braço, a formigar e adormecido, foi o que lhe passou pela cabeça, enquanto explicava aos médicos que buscavam entender a causa daqueles sintomas, que tinha emborcado vinho e 6 martini expresso, para quem não sabe uma poderosa mistura de licor de café, vodka e café, e telefonava ao pai, que é médico, inquirindo sobre o seu estado. O amigo célebre, Jamie Dorman, apresentava as mesmas queixas, também tinha ido parar ao hospital, levado de ambulância e tudo. Poderiam estar com uma intoxicação alcoólica ou até por cafeína, pensou o pai dele, mas os nossos bata-branca, feitos os testes descartaram a possibilidade. A culpa era da processionária!

Os amigos deixaram o hospital com uma história para contar, o que Gordon até fez, no tal podcast: um susto, nada mais. E, à saída, Jamie Dornan até recebeu pedidos de selfies, claro, podia lá ser de outra maneira. Por muiot que lanute, há-de morrer a ser lembrado pelo Sombras, pobre homem! Mais tarde um médico enviou ao Gordon, ou ao Jamie, não sei bem, um link com um texto sobre as lagartas processionárias nos campos de golfe do sul, aparentemente responsáveis pela morte de cães e ataques de coração em humanos. Achei exagerada esta última parte, nunca tinha ouvido tal. Há quem acrescente um ponto quando conta um conto, não é? Ou terá sido apenas para assustar os golfistas? Fiquei a pensar: será que este Gordon não inventou toda esta história para brilhar no podcast? Que jornal português escreveria que se morre de ataque de coração por causa da lagartinha peluda? Seremos assim tão desconhecedores do mundo animal que nos rodeia?  E porque é que o Jamie ainda não disse nada? 

A peçonha

Ainda criança fui avisada pela minha avó para não tocar nas lagartas peludas pois eram peçonhentas. Hoje uma vasta maioria de pessoas nem sequer sabe o que quer dizer "peçonha" quanto mais saber da existência das processionárias! Para essas, aqui deixo um aviso sério: não tocar na “cobra peluda” que se encontrou a descer o pinheiro ou a caminhar pelo chão, quando se foi esticar as pernas; não remexer nela com um galho para separar as lagartas, não pisar as largartas armado em exterminador implacável. Fiquem longe de pinheiros infestados! Quem avisa, vossa amiga é. O mesmo vale para ninhos caídos: nada de jogar à bola com eles, remexer no novelo ou queimar à toa, pois os fumos também espalham os pelos pelo ar. 

Os três amigos eram irlandeses, talvez pela terra deles não haja nem pinheiros nem lagartas, talvez não se fale disso por lá, apenas de lebres. Do que escutei, nem sei se eles tocaram nas bichas. Nem é preciso.  As reações mais comuns são causadas pelo contacto com os pelos que cobrem o seu corpo. Por vezes, sentindo-se ameaçadas, as lagartas também podem deliberadamente libertá-los. Além do contacto, em dias de muito vento, e dependendo até da humidade, estes pelos deslocam-se pelo ar e afectam zonas expostas do corpo, como pescoço, antebraços, pulsos, tornozelos, etc. Os pelos das lagartas podem ser levados pelo ar e causarem irritação ocular e na pele. Por isso há mais a fazer do que não tocar. Se forem para a floresta entre Fevereiro e Abril, é melhor irem bem cobertos. Se tiverem um historial de alergias, considerem um facto de apicultor! ( Estou a brincar, obviamente!) Se avistarem uma procissão, nada de se benzerem e começarem a rezar: batam em retirada.  Nada de ficarem ali a fazer "selfies" com as bichas.

Pinheiros e cedros podem estar isolados em pinhais, bosques, pode ser fácil evitá-los, mas também podem estar em locais acessíveis, como arruamentos, jardins, parques infantis e de merendas, escolas, cemitérios, campos recreativos e de futebol, trilhos, no quintal do vizinho, etc. Em todos estes casos os adultos devem estar vigilantes, podendo reportar o avistamento aos responsáveis da Protecção Civil para que a lagarta possa ser eliminada. Devem também aconselhar adequadamente as crianças para não brincar ou mexer nestes diabinhos peludos. Quando eu era criança levava tudo quando mexia para casa, para grande incómodo da minha mãe. Era uma menina desobediente. (Podem sempre dizer que lhes tiram o telemóvel. A minha mãe não tinha grande moeda de troca. Talvez proibir  a TV me dissuadisse, mas ela nunca aplicou esse castigo.) Também se devem manter longe destas árvores ao passear  animais de estimação pois os quatro patas podem sofrer muito com o contacto indevido.

O ciclo biológico - a Natureza é linda

A lagarta do pinheiro passa por quatro fases de desenvolvimento: ovo, lagarta, casulo (pupa ou crisálida) e borboleta (insecto adulto).   Este  ciclo é influenciado pelas condições ambientais, principalmente pela chuva e pela temperatura. Chuvas fortes podem destruir os ninhos. Temperaturas amenas aceleram a eclosão dos ovos e o desenvolvimento das lagartas.

O ciclo de vida de T. pityocampa está dividido em duas fases no ecossistema: a aérea, que decorre entre o período de Junho a Fevereiro, correspondente à fase adulta, postura dos ovos - um total 70 a 350 ovos, com uma aparência que se confunde com os ramos do pinheiro - e desenvolvimento larvar; e a fase subterrânea, que decorre no período de Fevereiro a Maio, correspondente à pré-pupação e pupação .

- Entre Junho e Setembro, a borboleta fêmea de cor acastanhada,  deposita os ovos nas agulhas dos pinheiros, em ninhos, morrendo de seguida. Ao fim de trinta a quarenta dias, eclodem lagartas, entre verão e o outono.

-Estas larvas de primeiro estádio sofrem uma primeira muda, passando para o segundo estádio com duração de cerca de 15 a 20 dias, período no qual se desenvolvem os recetáculos que darão origem aos pêlos urticantes, mecanismo de defesa das lagartas. Podem ser largados no meio ambiente pela mera deslocaçao da lagarta.

- No terceiro estádio adquirem a capacidade urticante, sendo capazes de desencadear, quando em contacto com humanos e outros vertebrados, uma reação inflamatória alérgica grave. Os pelos possuem uma espécie de arpões miscroscópicos.

- No quarto estádio constroem o ninho definitivo, que agrupa indivíduos de diferentes posturas, com uma estrutura termorregulável que permite a sobrevivência durante o inverno. A alimentação é crepuscular,ou seja, feita durante a noite:  com o auxílio de um “fio de seda condutor” conseguem abandonar o ninho e regressar ao mesmo. 

-Por fim, no quinto estádio, termina o desenvolvimento do aparelho defensivo das lagartas,  formado por oito recetáculos, cada um composto por aproximadamente 120.000 pelos urticantes de cor laranja.

Em Fevereiro, no final do Inverno, termina o desenvolvimento larvar. As larvas saem do ninho e iniciam a procissão, isto é, a migração colectiva das lagartas, em direção ao solo, direcionadas por uma fêmea, que desprende um fio, Vão procurarar um terreno adequado à pupação para se enterrarem, entre 5 e 20 centímetros de profundidade. 

-Quando se dá o enterramento, a lagarta passa a pupa e entra em diapausa, período de repouso com suspensão do metabolismo. A diapausa é interrompida um mês antes da emergência do insecto adulto, a borboleta, geralmente entre Maio e Junho. Em condições adversas, a duração de cada fase pode variar e o ciclo pode ir até cinco anos, através de uma diapausa prolongada, o que é raro acontecer em Portugal que tem um clima favorável.

(Nota! Encontrei este pdf que refere que a processionária do pinheiro tem uma geração anual, com reprodução no Verão. Sendo que, as larvas desenvolvem os ninhos durante o Inverno. Na zona litoral dos distritos de Coimbra e Leiria, esta espécie apresenta uma população endémica em que as larvas desenvolvem os ninhos durante o período de Verão.)


A lagarta do pinheiro é uma praga. A luta continua.

A forma mais comum de identificar uma infestação de Processionária do Pinheiro é através do seu estágio em cada época do ano. No Inverno poderão ser identificados os ninhos de seda nos topos dos pinheiros. Na Primavera, as filas de lagartas a percorrerem os troncos dos pinheiros. Rapidamente, vou dar uma ideia das estratégias usadas para lidar com a infestação.

Verão (meados de junho/inícios de setembro) – Período de voo dos Adultos

Nesta fase aconselha-se a luta biotécnica, que visa a captura dos machos adultos (borboletas) e consiste na colocação de armadilhas com feromona, no arvoredo. A feromona sexual é uma substância química emitida geralmente pelas fêmeas, induzindo um comportamento de atração e de cópula aos machos da mesma espécie. Em zonas frias o voo pode iniciar-se no mês de Junho e em zonas quentes, não antes do mês de Setembro. É imprescindível realizar a captura dos machos todos os anos, sem interrupção.

Outono (meados de setembro/finais de outubro) – Lagartas nos 1.º e 2.º estádios (8 a 10 mm de comprimento)

Nesta fase aconselha-se a luta microbiológica, que recorre a insecticidas microbiológicos à base de uma bactéria (Bacillus thuringiensis – BT) que atua ao nível do intestino da lagarta, provocando paragem da alimentação e paralisia intestinal. Apenas é eficaz após a eclosão de todos os ovos desde que as lagartas não tenham ultrapassado o seu 3.º estádio de desenvolvimento.

Inverno (de novembro até à descida dos ninhos) – Lagartas desde o 3.º ao 5.º estádio

Nesta fase, o método mais eficaz passa pelo corte dos ninhos, nem sempre facilmente acessíveis. Para tentar reduzir o número de lagartas que chegam ao solo aconselha-se a colocação, no tronco e ramos principais, de cintas plásticas embebidas (nas duas faces) com cola especial para insetos. Aquando da descida das lagartas na árvore, estas cintas irão capturar uma significativa parte dos indivíduos. (Estão à venda online.)

Primavera (meados de fevereiro/finais de maio) – Lagartas do 5.º estádio até ao enterramento

A destruição mecânica das lagartas é, nesta altura, o método mais eficaz consistindo essencialmente no corte e destruição (queima) dos ninhos ainda presentes.

Nota! Os pelos urticantes encontram-se, para além do corpo das lagartas, espalhados pelos ramos e nos ninhos, pelo que ao realizar qualquer dos tratamentos aconselhados, deverá usar luvas, proteger o pescoço, os olhos, usando óculos apropriados; usar máscara de proteção no nariz e boca.

Quando se consegue localizar o local onde as estão pupas, a terra deve eser escavada e os casulos trazidos à superfície, o frio não permitirá a viabilização do ciclo.

A colocação de ninhos para chapins também tem sido uma estratégia usada no controlo da processionária do pinheiro. Além do chapim, outras aves são também predadoras embora em fases diferentes do ciclo biológico: cuco, noitibó, poupa, gaio, pega rabuda, entre outras. Formigas, gafanhotos, algumas vespas também são predam, e os morcegos comem as borboletas.

O contacto com os pelos urticantes provoca reacções alérgicas quer em humanos quer em animais. 
Que sintomas e o que fazer neste caso.

Os sintomas em humanos podem surgir alguns minutos ou horas depois do contacto. 

Os sintomas de alergia são em regra transitórios - duram menos de 24 horas. Mas também persistir por várias horas ou dias.
 
Note-se que as crianças ou pessoas com histórico de alergias são mais vulneráveis.

A resposta alérgica varia em função do tempo de contacto e quantidade de pelos que se depositaram no pele da pessoa.

As irritações cutâneas são um dos tipos de reações (reação urticariforme):  há irritação com comichão, ardor, pele vermelha e inchaço. As lesões cutâneas têm características maculopapulares (manchas bem circunscritas) e podem ser acompanhadas de vesículas.

A irritação ocular é muito semelhante a uma conjuntivite, com os olhos avermelhados, comichão e inchaço.

A inalação dos pelos pode desencadear tosse e dificuldades respiratórias de gravidade variável.

O tratamento em humanos depende da intensidade dos sintomas:

Lavar a pele ou os olhos com água corrente;

Remover os pelos urticantes que possam ter ficado na pele (pode usar um adesivo, por exemplo);

Mudar de roupa e lavá-la a altas temperaturas, iguais ou superiores a 60ºC, porque a proteína dos pelos urticantes responsável pelas alergias – a taumatopoína – só é desnaturada a partir destas temperaturas.

Aplicar, no local da reação alérgica, uma pomada à base de corticoides;

Tomar um anti-histamínico: se já tiver história de alergias, é natural que tenha em casa.

No caso de contacto por via ocular, recomenda-se a observação por um oftalmologista. 

Se necessário, ligue  linha Saúde 24 808242424  , ou 112 

Pode, ainda, contactar o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) – 800 250 250.

Se a reação alérgica for mais intensa, deve dirigir-se ao serviço de urgência de um hospital para observação. A situação mais grave verifica-se quando surge angioedema, urticária generalizada, inflamação nas vias respiratórias e choque anafilático.

- Quais são os sintomas de um angiodema:

O angioedema é muitas vezes confundido com uma alergia devido à coincidência de manifestações da urticária, mas existem formas de angioedema que não são de origem alérgica e não se associam a urticária.

Pode atingir várias zonas do corpo, nomeadamente a face (pálpebras, lábios e língua), as extremidades (mãos e pés), órgãos genitais, vias respiratórias e trato gastrointestinal.

Os sintomas do angioedema podem incluir: edema (inchaço), assimétrico e doloroso, urticária, prurido (comichão), dificuldade em engolir ou respirar, náuseas, cólicas, vómitos, desconforto ou dor abdominal, diarreia.

- Quais são os sintomas de choque anafilático:

Os principais sintomas de choque anafilático são: dificuldade para respirar e falta de ar; chiado ao respirar e respiração ofegante; coceira intensa e vermelhidão na pele; formação de bolhas na pele;
Inchaço da boca, língua, olhos e rosto; sensação de garganta fechada; dificuldade para engolir ou falar;
dor abdominal, náuseas e vomitos; aumento dos batimentos cardíacos; tontura e sensação de desmaio;
suores intensos; palidez;  confusão mental. Em sitauações raras, pode sobrevir a morte.

Os animais e a lagarta do pinheiro

Por curiosidade, ou na brincadeira, os animais, os cães, mas também os gatos,  podem inalar os pelos enquanto cheiram as lagartas, ou lamber as patas irritadas e levar os pelos para a boca, focinho e olhos. Os pelos também podem ficar presos no pelo do cão apenas porque ele se deitou no chão e estavam por ali. Também podem encontrar um ninho caído no chão e brincar com ele. O efeito tóxico do contacto com a lagarta-do-pinheiro é grave e pode conduzir à morte do seu animal. Mas mesmo que tal não suceda, a hipótese de um internamento e algumas sequelas, como perder parte da língua, já são o sufciente para deixar qualquer um que possua um animal de estimação apreensivo e alerta.

Sintomas nos animais são variáveis e vão evoluindo à medida que o tempo passa :

O animal fica inquieto, nervoso. Apresenta inchaço do focinho, que se pode estender à cabeça, prurido intenso, sobretudo na face, urticária. O cão leva as patas à boca com frequência, boca e língua inflamadas, apresenta salivação excessiva. 

Caso o animal tenha ingerido pelo urticante, pode ter problemas de estômago, como vómitos, perda de apetite, dificuldade em mastigar, dificuldade em engolir.
 
A inalação dos pelos pode causar reações respiratórias alérgicas que provocam inchaço das vias respiratórias, dificuldade em respirar e até asfixia.

No caso de contacto com os olhos, estes podem ficar com uma tonalidade azulada (devido a edema),o cão pode ter fobia à luz, prurido ocular, conjuntivite e depois úlcera da córnea.

Na boca, podem aparecer manchas na língua: ela fica azulada e pode, depois, apresentar necrose, de cor amarelada ou preta. Quando isto acontece, os cães vão perder porções da língua e pode haver necessidade de cirurgia.

Podem desenvolver infecção dos lábios, língua e de toda a garganta, para além da perda de tecidos, nas zonas necróticas, entre 6 a 10 dias depois da exposição.

Pode haver também choque anafilático, que na sua forma mais severa ditará a morte do animal.

O que fazer?

Tente manter a calma.

Evite o contacto directo com as zonas afectadas do seu animal: use luvas e máscara.

Contactar o veterinário o mais rapidamente possível

Remova os pelos urticantes mas sempre usando luvas e máscara.

Se estes estiverem na boca e língua do animal  é preferível que seja o veterinário a fazê-lo.

Limpe a área afectada com água quente. 

Se existirem muitos pelos na pelagem do animal, ou se suspeitar disso, ou se não os conseguir ver dad o seu tamanhp, a a cor e tipo da pelagem do seu animal, é aconselhável colocá-lo na banheira e lavá-lo por completo com água quente

Evite que o cão continue a coçar áreas afectadas e a lamber-se, talvez enorlando-o numa toalha ou talvez colocando um colar isabelino. Aconselhe-se com o seu veterinário. Os pelos da lagarta não devem ser quebrados nem espalhados pois isso só faz com que mais toxina se espalhe.

Mantenha o animal relaxado, veja que não corre, ou salta, ou seja, que faça actividades de esforço.

Prevenção

Informe-se com o seu veterinário pois ele saberá dar-lhe informação sobre a incidência de lagartas na sua zona.

Evite passear com o seu cão junto de pinheiros e cedros, zonas de pinhal, na época das procissões, e não o deixe farejar o chão  

Caso tenha pinheiros ou cedros no jardim, à volta das árvores pode colocar cintas de plástico embebido com cola inodora à base de poli-isolbutadieno para que as lagartas ao descerem do tronco fiquem aí coladas. Veja online, existem muitos kit armadilha à venda. Se detetectar lagartas no solo, junte-as com um pau, e esmague-as devagar, remova-as para o lixo, em saco bem fechado.

Para ninhos, contacte alguém da Protecção Civil, regra geral não estão acessíveis.  Durante os dois primeiros estádios larvares, antes de se formar a lagarta com pelos urticantes (estádio 3), os métodos de destruição à base do insecticida biológico de Bacillus thuringiensis são eficazes, depois disso os ninhos têm de ser destruidos ou rasgados para que o frio destrua as lagartas.


( A informação veiculada neste texto provem maioritariamente do site do ICNF e materiais por ele publicados. A descrição dos estádios larvares é da autoria de Ana Catarina Elias Lara, INTOXICAÇÃO POR CONTACTO COM LAGARTA DO PINHEIRO, 2022, embora adaptada. Parte da informação relativa aos animais resultou de conversas com o veterinário e de informação consultada ao longo do tempo em virtude de possuir animais de estimação.)

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