O NATAL é um teste de escolha múltipla


O Natal é uma espécie de teste de escolha múltipla que todos os anos nos convida a encontrar a resposta mais correcta para fazer a festa do nascimento do Cristo. Talvez os verdadeiros crentes sejam os que mais se esforçam por merecer a nota máxima nesta prova. Uma vasta maioria faz certas escolhas menos certas mas ainda não completamente erradas, um resultado menos virtuoso mas ainda positivo. Acredito que não haja uma única via para viver a mensagem do Natal. Acredito na liberdade e na criatividade de cada um para encontrar uma forma de tornar estes dias singulares, de lhes dar sentido. Essa tal singularidade pode, pois, estar num presente, num pensamento, numa ideia, numa atitude, num encontro, num abraço. Mas, também, porque não, numa árvore luminosa. Não faltam, ainda, os que deixam o teste em branco. São os que optam por ignorar os dias festivos de uma maneira introspectiva e tranquila, com razões justificadas. Estão no oposto daquele coro de vozes habituais que gosta de proclamar a ignomínia comercial em que aqueles se transformaram, ou de criticar a transitoriedade dos sentimentos e espírito da quadra. Esses são os que acabam por ver o teste anulado porque não arriscaram uma resposta sequer errada e ainda desenharam um Pai Natal vestido de pirata no rodapé da folha! Pergunto para quê ser tão duro para com o Natal quando, bem vistas as coisas, nenhuma culpa tem de ser, em primeiro lugar, abusado por nós para depois, em segundo lugar, ser criticado e detestado por nós, vítimas que nos tornámos do estribilho comercial ou solidariedade agendada em que o transformámos!

Pois eu este ano quero apelar a que festejemos o Natal! Quero até sugerir que inventemos o nosso Natal se for caso disso. Arrisquemos um Natal novo. Afinal somos seres privilegiados. Porquê? Porque o Natal não é quando o homem - ou a mulher! - quiser. Neste Dezembro, como em todos, para muitos não haverá Natal algum, nem feliz, nem infeliz, a vontade ultrapassada pela doença, consumida pela solidão, adiada pela guerra, apartada pela separação, vencida pelo ódio, sem sequer uma tolerância de ponto. Que absurdo termos tanto e enjeitarmos uma oportunidade de partilhar o que temos, nem que seja um texto absurdo como este!

Desejo que, neste final de Dezembro, todos sejamos capazes de fazer o esforço de encontrar uma forma humana e simples de sermos mais felizes por dois dias e meio! E que a memória destes momentos nos inspire a transportar para o novo ano algum do espírito de Natal. Se assim fizermos a nossa pontuação será decerto elevada. Ah! Mas o melhor do teste de Natal é que, se não acertarmos 100% na resposta, podemos sempre repetir a prova no próximo ano e tentar fazer melhor.

Desejo um Feliz Natal para os meus amigos e amigas.

Comentários