Hillel. Se não agora, quando?

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Hillel. Bronze de 4,30 m de altura e 3,5 m de largura, encontra-se no Gan Havradim (Jardim de Rosas) em frente ao Knesset. Foi projetado por Benno Elkan (1877-1960), um escultor judeu que fugiu de sua Alemanha natal para a Grã-Bretanha. A Menorá foi modelada a partir do candelabro de ouro que ficava no Templo de Jerusalém. Uma série de relevos retratam as lutas pela sobrevivência de o povo judeu, representando eventos formativos da Bíblia Hebraica.



A frase "Se não agora, quando?" aparece vezes sem conta inscrita em posters decorativos, canecas, e até nas paredes das ruas. Já foi título de canções, por exemplo da banda Incubus, de filmes, e de livros também, um do Primo Levi, que me recorde. É uma citação popular que supostamente deve inspirar as pessoas a agir no presente sem esperar por ajuda de mais ninguém, a não adiar porque não há melhor momento do que o actual para passar à acção. É uma mensagem anti-procrastinação. Não acaba aí: o restante texto incita-nos a melhorar quem somos, a não adiar esse esforço, depois de sabermos que não devemos depender dos outros para agir. 

É mais do que provável que já tenhamos feito essa interrogação oralmente ou, se formos dados à escrita,  a tenhamos escrito. Durante anos eu não soube que se tratava de uma frase famosa mas bem mais antiga do que supunha. Remonta ao tempo de Herodes e  pode ser encontrada numa secção do Talmude, Pirkei Avot - Ética dos Ancestrais, sendo atribuida ao Rabino Hillel, um sábio talmúdico. Hillel era reverenciado como verdadeiro líder espiritual e religioso, sendo a sua autoridade religiosa repeitada pelo rei Herodes. Segundo a história, era dotado de um humanismo e bondade, infinita paciência e profunda humildade. Hillel era uma pessoa amável, simples, próxima às camadas mais modestas da população.

Se não for por mim mesmo, quem será por mim?
Se for apenas por mim, que serei eu?
Se não agora, quando?

Também é dele a citação seguinte, igualmente muito popular. Interpelado por um pagão insolente que o procurou e disse "Faça-me um prosélito (pagão convertido ao judaísmo) desde que você me ensine toda a Lei enquanto eu fico num pé só," Hillel respondeu "Não faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti. Essa é toda a Torá (Lei), o resto é comentário; agora ide e aprendei"

Encontrei algumas histórias sobre Hillel, mas não sei até que ponto serão verdadeiras ou folclore. Esta foi uma das que prendeu a minha atenção pois demonstram a paixão de Hillel pelo estudo. É uma tradução, o texto originla pode ser lido  no link que disponibilizei abaixo, entre outras informações sobre o sábio. 

Durante a sua juventude Hillel era muito pobre e as despesas com viagens para Israel fizeram com que a sua situação financeira piorasse ainda mais. Ele ganhava apenas meio dinar por um dia inteiro de trabalho, e parte dele era gasta para conseguir a admissão na sala de estudos. A taxa de entrada era de um quarto de dinar, deixando-o com uma renda diária de um quarto de dinar para viver. No entanto, mesmo em tal pobreza, Hillel nunca considerou usar o dinheiro em outra coisa que não o estudo da Torá. Numa sexta-feira, ele não encontrou trabalho. Incapaz de pagar a taxa de entrada, a entrada na sala de estudos de Shemaya e Avtalyon foi-lhe negada. Hillel estava tão determinado a continuar a sua aprendizagem que subiu para o telhado e ouviu a palestra através de uma claraboia. Era o auge do inverno e a neve começou a cair. Hillel permaneceu no telhado a noite toda e foi enterrado pela neve que foi caindo! Na manhã seguinte, Shemaya percebeu que havia uma figura bloqueando a luz do sol. Os alunos resgataram Hillel do telhado e, embora fosse Shabat, (dia de descanso, sábado)  acenderam uma fogueira para aquecê-lo. É proibido acender uma chama no Shabat, mas deve ser feito se o propóisto for salvar uma vida. Na verdade, isso foi considerado um mérito para os homens que resgataram Hillel. O sábio continua ainda hoje a personificar  a devoção ao estudo da Torá.  

(A história foi retirada daqui - Hillel the Elder, Jewish History)

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