Maneskin venceu o Festival Eurovisão e agora convence o mundo

Zitti e buoni! Quem diria que uma canção do Festival Eurovisão da Canção ia ter tanto sucesso? Está a atingir marcos incríveis no Spotify e no iTunes. Quando li isso, há uns minutos, não deixei de ficar surpreendida. Afinal, como é? Ninguém vê o Festival?  Não é isso o que todos dizem? Então como explicar estes números?  A apresentação na final do Festival e o vídeo oficial também atingiriam números extraordinários de visualizações. Creio que já ultrapassou a Husavik do filme Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga, em fama! Não vi esta edição do Festival e também não vi esse filme sobre o Festival. O Will Ferrell não me cativa nada e embora eu não costume deixar-me influenciar por sentimentos desfavoráveis, impressões e embirrações, que me podiam ter levado a perder Uncut Gem, com o Adam Sandler, a ideia de ver um filme, - que desconfio seja uma variação da comédia romântica, - centrada no Festival, na sua paródia ou celebração, ainda me cativa menos que ver o Will Ferrell. Não sei se estarei a perder alguma coisa. Há quem se negue a perder tempo com os Festivais, o nosso e o internacional, mas eu creio que é sempre possível encontrar algumas canções razoáveis, não sei se "pedras preciosas", mas quem sabe? Também depende muito do nível de exigência de cada um, claro. Mas a música é como o cinema: há muitos géneros, cada um é livre de gostar de um e vetar os outros. Mas quem faz toda esta campanha contra o Festival - não vejo, não quero ver e acho estúpido quem vê - e depois segue uma quantidade de artistas pirosos no Insta e passa o tempo a rodar os seus vídeos estapafúrdios no Youtube e a seguir as fofocas correspondentes no Twitter, devia estar "Zitti e Buoni". Até parece que a música ligeira que vende, e que se dança por aí, e que faz tops, é muito melhor que aquilo que aparece na Eurovisão!

Há quem abomine e há quem delire, isso é inequívoco. Há quem nunca tenha gostado, há quem siga o Festival desde que ele começou. Mas creio que muitos acalentam expectativas demasiado elevadas em relação ao evento e esse não é o meu caso. Quando chega o final do ano eu tenho por hábito dar uma volta pelos tops europeus e americanos, e também latinos, já que pouco ouço do que se ouve e é notícia, consumo outro género de música. Nunca consigo salvar mais que uma dezena de canções. Por isso, se depois destas eliminatórias nacionais e internacionais se aproveitarem meia dúzia, na minha modesta opinião de ouvinte descomprometida, isso já não será mau. 

Nos últimos tempos tem-se evidenciado um novo motivo para muitos não gostarem do Festival que é o facto da comunidade LGBT (sim, eu sei que há mais letras, mas não compliquemos)  ter abraçado o Festival como um grande evento celebratório. Vi algumas pequenas grandes discussões sobre isto, há quem julgue que é uma invenção daqueles que não gostam da música e do formato do Festival. Ora, julgo que não é tal. É a realidade, sim. Vejo algumas pessoas LGBT, sobretudo fora de Portugal, vibrarem de forma particular com o evento, e já não é de agora. Além do público, como não podia deixar de ser, alguns dos participantes no Festival não são da minha orientação sexual. É claro que  o formato exibe características que lhes apelam: a diversidade exibida no formato, a abertura ao mundo, a tolerância que o Festival há muito espelha, agrada à comunidade LGBT que terá ali visto um evento "gay friendly". É verdade afirmar que se constituiram numa legião de fãs que promove as canções de que gostam na internet, que votam, e que até viajam para aplaudir as canções in locco. Este pessoal gosta da música, do glamour, das divas, e encontra isso na festa que é o Festival. Nada contra, creio que há espaço para toda a gente. Mas esta onda não começou agora, apenas se tornou evidente. 


Estes prints são da actuação dos Dschinghis Khan, a representação alemã, em 1979. Eles espelham a imagem do grupo, o vídeo é uma amostra daquilo que a produção da Eurovisão podia e conseguia fazer por essa altura de menos meios técnicos e exigências mediáticas. É visível uma notória exuberância, própria do disco que era então a moda musical. Ou seja, quando dizem que o Festival bateu no fundo, estão a referir-se exactamente a quê? Ele sempre foi assim, talvez mas discreto, - porque eram outros tempos, - muito menos visto e discutido sem dúvida, mas desde os anos 70 que uma certa nota de foleirice e extravagância, ou de encenação, se colou ao Festival. 

O Eduardo Cintra Torres, que eu conhecia dos jornais como crítico de cinema, já não lhe chegam as fitas, agora chegou-se à televisão. É a moda do momento: criticar. Contem a quantidade de "críticos", tudo gente com ar de quem sabe o que diz, que andam por aí a perorar nos media. Críticos e "especialistas". O que não faltam são "especialistas em porra nenhuma", como lhes chamou o Rui Calafate: é na televisão, é no Facebook, onde calha. Tipos como o José Gomes Ferreira que veio dizer para irmos à net ver as fotos de Marte feitas por astrónomos amadores, pois o que a NASA nos anda a mostrar não é verdadeiro: Marte não é assim avermelhado. Entre os que gostam de usar linguagem provocatória e superficial nas suas análises e os que inventam, não sei quem é que anda mais sedento de atenção. Se o Festival da Eurovisão usa  a luz para atrair, estes senhores usam o que podem. 

O Eduardo Cintra Torres é um dos que detesta o Festival porque gera uma grande concentração de gays por metro quadrado. Referiu-se-lhe como "Maravilhoso festival de luz e bichas", um "horror musical" onde a "luz atrai as pessoas como faz com melgas e mosquitos", diz que "é muito gay, muito exibicionista". Já em tempos terá escrito que "não é um concurso de canções mas de encenações, onde a música é irrelevante". O Eduardo deve estar com medo que o pessoal ligue a TV, assista a tal parada gay e mude de orientação sexual. É mais isso do que a possibilidade, real, claro, de se desgostarem com a música. Notem que ele não está de todo errado, o problema é que não consegue dizer as coisas, como eu disse, sem ferroar. Porquê? Porque ele despreza o "gaysismo" e associados enquanto que eu estou-me nas tintas para a orientação sexual das pessoas. O Eduardo não gosta do Freddie Mercury? Ou do Rufus Wainwright, cuja carreira sigo há anos? Ou do Cole Porter, que eu adoro, e que era gay ou bissexual, sei lá, e escreveu comédias musicais e canções que se tornaram grandes clássicos? Está no seu direito mas a perda é toda dele. Não troco nenhum destes pelo Cintra, um grande doutor, que dá aulas numa universidade, que escreveu muitos livros, mas que, infelizmente, odeia quem não for como ele, talvez até me odiasse a mim por ser baixinha ou estar com peso a mais ou roer as unhas. No meu caso, o que eu desprezo a valer é a concentração de gente anacrónica e preconceituosa por metro quadrado. E, infelizmente, parecem estar sair do armário em quantidades tsunâmicas.

Em relação ao Festival Eurovisão da Canção, nos anos 70-80, para mim, o seu atractivo principal era o facto de ali estarem pessoas de outros países a cantar em línguas que eu não ouvia nem na radio. Era uma oportunidade única. À medida que Portugal se abriu ao mundo e a globalização se impôs, para o bem e para o mal, essa particularidade esbateu-se. Eu ainda sou do tempo em que se ia à discoteca comprar discos de vinil e se pedia ao dono da loja para meter a tocar antes de comprar. Em que a TV tinha dois canais. Havia uma radio em minha casa que tocava o Demis Roussos e o Carlos do Carmo. O Festival era uma porta que se abria para a cultura de outros países: a música, a língua, o vestuário, a dança. Para mim, e muitas crianças e jovens como eu, aquilo era um espectáculo. Hoje há muita "luz", muitos "efeitos". Mas continuamos a ver pedacinhos da cultura de cada país a emergir no meio de toda aquela parefenália de engenhocas tecnológicas, de luz e efeitos, pelo que percebi a canção da Ucrania seria um exemplo disso, conjugação de tradição e modernidade. As tais "luzes" - e lantejoulas e brilhos - que o Eduardo Cintra Torres critica, não são uma inteira novidade, mas são uma forma de fazer espectáculo que, a existir em 1979, com as possibilidades actuais, teria sido sem dúvida explorada pela banda alemã. Além do mais, não são também assim muitos concertos que correm mundo? Quando vi os efeitos visuais da nossa apresentação, lembrei-me do concerto dos Muse, que vi no Porto. Vão dizer-me que os Black Mamba estavam mal encenados? Que preferiam um jogo de luz simples? Um palco totalmente escuro? E não serão os vídeos mais excêntricos das canções que estão nos tops  e que correm no Vevo e no Youtube um equivalente deste carrocel de luzes? Video killed the radio star! Mas onde é que andava este pessoal quando lançaram a MTV? Desde os anos 80 que as pessoas gostam de consumir a música com os olhos: porquê tanta estranheza? Concordo que o exagero é possível, claro que sim,  e não deixo de criticar saudavelmente o exagero. Também é exagero, já agora, querer que o Festival volte a ser uma coisa que nunca foi. 

Julgo que alguns países caiem demasiadas vezes na tentação de procurar sintonizar uma qualquer fórmula que acreditam ser a vencedora, a "eurovisionável", originando canções semelhantes e incaracterísticas, em detrimento de uma certa genuidade musical e cultural que, sem dúvida, enriqueceria o Festival. Neste último caso, a canção de Barbara Pravi, herdeira da característica sonoridade francesa, é um bom exemplo, ainda que não uma evidente vencedora. Outros, talvez apresentem propostas que se aproximem das tendências musicais que estão a vencer - e a vender - nos tops dos respectivos países e que em muitos casos também não são tremendamente originais. Mas, do que me recordo, no Festival Eurovisão da Canção sempre houve de tudo, canções boas, más e péssimas, e por isso, foi sempre possível encontrar uma canção que nos agradasse, nem que fosse mais ou menos. E quando não se gostava, restava repudiar a cena, e admitam, também é divertido. Por vezes  o que era tão mau, era até cómico. Um Festival de excelência seria muito competente mas também muito enfadonho. 

Festival Eurovisão da Canção começou nos anos 50, cresceu, e é hoje um espectáculo televisivo, uma grande produção seguida à volta do mundo por milhares de pessoas, nas televisões, mas também pela internet. Tem um público que vibra a sério com ele e que escreve, grava vídeos sobre  ele, manifesta-se, vive-o: é  talvez o maior espectáculo de televisão do planeta. Isto é um facto que talvez um amigo meu da televisão pudesse confirmar, já que eu não sou uma espectadora assídua da TV. Sinceramente, com todos os defeitos, eu teria pena se acabasse.

Dschinghis Khan - a capa do single Sahara, outro êxito da banda alemã.
(Ah, que horror, agora o Festival é um freak show, antigamente é que era bom...)

A primeira canção do Festival Eurovisão da Canção que me recordo é L'oiseau et l'enfant, da Marie Myriam. A minha coleguinha de carteira que sabia muito francês, conseguiu ensinar-me e lembro-me que cantávamos as duas, ela bem melhor, claro, pois frequentava a Alliance Française. Ainda me recordo de partes da canção, numa época em que o francês era uma língua corrente, mas eu já preferia estudar o inglês. Depois dessa, as mais antigas que lembro são "Dschinghis Khan" e "Hallelujah"! São do Festival de 1979. Nesse, e anos seguintes, toda a miudagem via o Festival. Eu via tudo o que a TV mostrava, do Fungagá da Bicharada ao Se bem me lembro, do Vitorino Nemésio! Nós participámos com Sobe, sobe, balão sobe, cantado pela Manuela Bravo. O tema vencedor foi defendido por um grupo de Israel, lembro-me que os meus pais gostaram. Mas eu gostei foi dos Dschinghis Khan (Genghis Khan) era um grupo originário da Alemanha e a canção tinha o mesmo nome. Ficaram em quarto lugar no evento. No ano seguinte ganhou o Johnny Logan, com What's another year, canção que eu ainda sei cantar, e que hoje acho terrível, e no seguinte os Bucks Fizz. E depois foi a Nicole com a sua viola e  Ein Bisschen Frieden. Nunca apredni de cor uma linha. Lembro-me ainda da Sandra Kim a cantar J'aime j'aime la vie, isso foi em 1986. Em 1988 a Céline Dion ganhou, mas eu não me lembro dela, assim como não me lembro da Katrina and The Waves, mais tarde famosa, a "caminhar ao sol". É quase certo que nos anos 90 eu já me tinha cansado de ver o Eurovison Song Contest. Voltei a ver novamente quando ganharam os Lordi com "Hard Rock Hallelujah", já estávamos em 2006 e a produção do espectáculo era assombrosa se comparada com aquilo que tinha sido. Mais uma vez desliquei-me do Festival e no ano em que Portugal ganhou o certame com Amar pelos dois, eu não vi nada de nada. Mas no ano seguinte, 2018, sentei-me no sofá para ver Portugal pontuar por último. Bem, perante o mau resultado, eu não jurei que nunca mais via o Festival, mas este ano só assisti a meia dúzia de canções e já depois da vitória italiana ter sido declarada. Não tive tempo, nem paciência, nem companhia - o que é sempre bom para a brincadeira - sequer tinha visto o nosso desfile, apenas ouvi as canções portuguesas enquanto trabalhava.

  

Ouvi a canção francesa, que é uma boa canção, sem dúvida, vai na linha do que Salvador Sobral disse, qualquer coisa como " a música não é fogo de artifício, é sentimento", embora eu não concorde inteiramente com isso. Esta cantora, a Barbara Pravi, talvez tenha tido a melhor actuação da noite, não? Magnífica, mas sem apelo global, o que foi claramente evidenciado pela votação do público. Ela e os italianos vencedores - que um apresentador da TV Bielorussa disse serem " um bestiário de pervertidos, homossexuais degenerados, lixo que sabe a SIDA. Graças a Deus não foi transmitido na Bielorrússia" - terão tido as melhores prestações da noite em palco. Confirmam? Não se espantem com estas declarações do bielorusso, em parte dor de cotovelo, por terem sido afastados do certame em virtude da letra da sua canção ter conteúdo político. Digo isto porque, mesmo depois de ter sido publicado o resultado do teste a drogas que o vocalista italiano fez, havia quem afirmasse que ele tinha, sim, consumido cocaína. Toda a gente diz o que bem lhe apetece e acredita no que mais lhe convém. É um sinal dos tempos. Já o Ian Dury cantava: sex and drugs and rock'n roll, é tudo o que preciso. Só que não. O vocalista dos Maneskin é um tipo limpo. Pelo menos no palco da Eurovisão. Nem entendi, a sério, como é que a polémica se tornou polémica: limitei-me diminuir a velocidade de reprodução do vídeo e eram claros os dois punhos no ar e o nariz bem longe da mesa. Só se ele fosse um aspirador Hoover é que conseguia snifar pó! Além do mais, seria de uma enorme inconsciência fazer isso com meio mundo a olhar. Os Maneskin podem ser jovens mas não são estúpidos. Podem fazer rock e não música clássica e não serem estúpidos, ok? 

Também vi o vídeo da canção suiça, cujo jovem impressiona a nível de controlo vocal. Vi a prestação  da Ucrania, que gostaria de dançar numa discoteca, mas há uns anos atrás, pois hoje não estou mais nessa onda. Vi a nossa actuação na Final, muito segura e digna de todos os elogios, classuda, mas para me agradar a 100% a canção precisava de mais alguma energia ao nível do refrão, entedia-me um bocado. Gostei do "obrigado, meu povo", do Tatanka. Soube a pouco, não foi? É  imprescindível lembrar que, cantar em inglês, no Festival, é e será uma nódoa inultrapassável para muitos portugueses que se fartam de usar estrangeirismos todos os dias, que dão erros a escrever e a falar, que não lêem um livro escrito por um autor português por ano, que não atinam com uma frase com cabeça tronco e membros preferindo comentar com emoticons, mas que não admitem que a gente vá lá para fora cantar na língua dos outros. Nem mesmo a boa classificação os fez esquecer isso.  ( Preferia que tivéssemos cantado na nossa língua, mas também não me ralo. Em 1979 teria ficado fula.) Vi também a prestação da Itália que dividiu opiniões mas que se está a revelar um êxito enorme a nível internacional. Admito que deste pequeno grupo de canções, foi a que gostei mais. Porquê? É simples, contagiante, não é o melhor rock do mundo, mas é enérgico, foi bem apresentado e interpretado. Acredito que a enorme massa de votos tenha sido também uma forma de protesto perante o regimento de canções que ano após anos soam a um mesmo chinfrim festivaleiro. Outra razão para a vitória foi tratar-se de uma proposta de rock. Quem gosta de rock viu o seu gosto representado naquela canção. O rock é uma expressão sólida e muito transversal: gente de todas as idades consegue gostar. Até mais que o pop. Os  Maneskin defenderam muito bem o seu hino ao inconformismo. Mas, há gente que destestou tudo: música e imagem - muito nú, li eu. Achei-os no ponto: gostei de ver um grupo de jovens a serem jovens músicos irreverentes, sexy, e sem grandes artíficios. São tão jovens que metem nojo, (na casa dos 20 anos) a sério. Como é possível serem tão jovens e terem tanta segurança? A banda tem presença e carisma em palco. Como alguém escreveu, o vocalista tem pinta de estrela. Tem sim.  Podem muito bem vir a fazer qualquer coisa: estão no princípio de carreira e o mundo gostou deles. Tanto quanto percebi pelas traduções , Zitti e buoni quer dizer "cala-te e porta-te bem", ou "quieto e caladinho" Não te conformes, sê tu mesmo. Eis as letras em italiano e em inglês. Podem cantar e escutar aqui.



Loro non sanno di che parlo
Voi siete sporchi fra’ di fango
Giallo di siga’ fra le dita
Io con la siga’ camminando Scusami ma ci credo tanto
Che posso fare questo salto
Anche se la strada è in salita
Per questo ora mi sto allenando



E buonasera signore e signori
Fuori gli attori
Vi conviene toccarvi i coglioni
(Eurovision version:
Vi conviene non fare più errori)
Vi conviene stare zitti e buoni

Qui la gente è strana tipo spacciatori
Troppe notti stavo chiuso fuori
Mo’ li prendo a calci ‘sti portoni
Sguardo in alto tipo scalatori

Quindi scusa mamma se sto sempre fuori, ma
Sono fuori di testa ma diverso da loro
E tu sei fuori di testa ma diversa da loro
Siamo fuori di testa ma diversi da loro
Siamo fuori di testa ma diversi da loro

Io
Ho scritto pagine e pagine
Ho visto sale poi lacrime
Questi uomini in macchina
Non scalare le rapide

Scritto sopra una lapide
In casa mia non c’è Dio
Ma se trovi il senso del tempo
Risalirai dal tuo oblio

E non c’è vento che fermi
La naturale potenza
Dal punto giusto di vista
Del vento senti l’ebrezza

Con ali in cera alla schiena
Ricercherò quell’altezza
Se vuoi fermarmi ritenta
Prova a tagliarmi la testa

Perché
Sono fuori di testa ma diverso da loro
E tu sei fuori di testa ma diversa da loro
Siamo fuori di testa ma diversi da loro
Siamo fuori di testa ma diversi da loro

Parla la gente purtroppo
Parla non sa di che cosa parla
Tu portami dove sto a galla
Che qui mi manca l’aria

Parla la gente purtroppo
Parla non sa di che cosa parla
Tu portami dove sto a galla
Che qui mi manca l’aria

Parla la gente purtroppo
Parla non sa di che cazzo parla
(Eurovision version: Non sa di che cosa parla)
Tu portami dove sto a galla
Che qui mi manca l’aria

Ma sono fuori di testa ma diverso da loro
E tu sei fuori di testa ma diversa da loro
Siamo fuori di testa ma diversi da loro
Siamo fuori di testa ma diversi da loro
Noi siamo diversi da loro
They don’t know what I’m talking about
You’re dirty, bros, full of mud
Cig stains between your fingers
Me with a cig walking I’m sorry but I really believe
That I can make this jump
Even if the road is uphill
That’s why I’m training now



And good evening ladies and gentlemen
Get the actors out
You’d better touch your nuts
(Eurovision version: You better not make any more mistakes)
You better shut up and be quiet

People here are strange like drug dealers
I’ve been locked out too many nights
Now I’m gonna kick the doorways
Lookin’ up like a climber

So excuse me, mom, for staying out all the time
I’m crazy but different from them
And you’re out of your mind but different from them
We’re out of our minds but different from them
We’re out of our minds but different from them

Me
I’ve written pages and pages
I’ve seen salt then tears
These men in the car
Don’t climb the rapids

Written on a tombstone
In my house there is no God
But if you find the sense of time
You will rise from your oblivion

And no wind can stop
The natural power
From the right point of view
Of the wind you feel the thrill

With wax wings on your back
I’ll seek out that height
If you want to stop me try again
Try cutting off my head

Because
I’m out of my mind but different from them
And you’re out of your mind but different from them
We’re out of our minds but different from them
We’re out of our minds but different from them

People talk unfortunately
They talk, they don’t know what they’re talking about
Take me where I’m floating
I’m short of air here

People are talking unfortunately
They talk, they don’t know what they are talking about
Take me where I am floating
I’m short of air here

People are talking unfortunately
They talk, they don’t know what the f**k they’re talking about
(Eurovision version: They don’t know what they’re talking about)
Take me where I’m floating
I’m short of air here

But I’m out of my mind but different from them
And you’re out of your mind but different from them
We’re out of our minds but different from them
We’re out of our minds but different from them
We’re different from them


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