Dia Mundial dos Correios: CTT, privatização, degradação



Hoje é Dia Mundial dos Correios.  Correios. Um tópico que se tornou ingrato desde a privatização. Alguns já não querem saber disso, divergiram para alternativas. Os poucos que continuam fiéis aos CTT acumulam razões de queixa sobre o serviço. A unanimidade da sua degradação conclui qualquer conversa sobre o tópico. O número de estações tem vindo a diminuir embora os CTT afiancem que "a estratégia não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respectivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente".

Foi há pouco notícia que estão a encerrar estações nas sedes de concelho,- algo contrário ao acordado com a ANACOM, - por exemplo, em Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Manteigas, no distrito da Guarda, e também na área da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, que agrega 19 municípios distribuídos pelos distritos de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu. Não me surpreendia se um destes dias o serviço dos CTT passasse a ser feito na caixa de um supermercado. Por outro lado algumas estações dos CTT já parecem um mini-mercado: vendem-se livros, souvenirs, produtos diversos. Talvez um dia lá encontremos água, barritas energéticas, pilhas recarregáveis ou mesmo laranjas, isto se não forem encerradas antes em virtude da tal adequação da rede postal às necessidades. Não quero prender-me a preciosismos ou ignorar que novos tempos e circunstâncias não possam ditar outra ordem de necessidades e soluções, mas se pagamos um serviço postal, a nossa experiência devia ser satisfatória. Não parece ser assim.

Na cidade onde vivo somos afortunados: há estação de CTT.  E quando vou ali à minúscula papelaria levantar encomendas até fico satisfeita pois é mais perto da minha casa do que a estação dos CTT. Mas a vantagem parece ficar por aí. Encontrar o pacote que está acondicionado algures na pequena loja, numa pequena arrecadação ou a um canto, no chão, em caixotes, é sempre moroso e difícil. Espreito por cima da cabeça da funcionária e examino os embrulhos e envelopes almofadados, tento ajudar: é um volume A4, um livro. Após algum corropio, o objecto postal é localizado pela funcionária que se ergue de mão na testa. Tonturas - diz ela. Provável, tonturas  fruto do tempo passado a vasculhar de cabeça voltada para baixo, dobrada pela cintura, nos caixotes. Já ao balcão, olho a pequena loja cheia de gente e atrevo-me ainda a pedir selos. Acabaram- diz a moça, encolhendo os ombros. - Só logo à tarde. Solicito então dois envelopes verdes e três azuis. Mas o tamanho pretendido por mim não existe no caso dos verdes. Pressinto um alívio dos clientes do tabaco, da Raspadinha e do Totoloto, do jornal, da Activa e de outros produtos que estão bem arrumados, em stock e à vista nas prateleiras, bem à mão da funcionária, e que entretanto, lá fora,  estacionaram as suas viaturas em cima do passeio e que já fazem fila que sai pela porta. Encaram-me como se não tivesse o direito de ali estar quando saio da loja com a impressão de ter sido mal servida. Meto os pés ao caminho para ir à estação dos CTT, abastecer-me do que me falta. Feliz Dia Mundial dos Correios.

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