Mulheres com três mamas na passerelle: a moda é linda!
Spring 2019 Collection da autoria de Giuliano Calza |
Sem dúvida que Giuliano conseguiu a minha atenção e também o meu escárnio, talvez por não pertencer ao target. Irei sempre preferir a bizarrice do Mapplethorpe porque há nele coerência, por exemplo, na forma como se fez na arte da fotografia, como buscou a sua inspiração nas ambiguidades do quotidiano da NY dos anos 70, incluindo a cena BDSM, e tratou os seus modelos, e a ele próprio ou Patti Smith, com genuinidade, ou na rigorosa exploração do preto e branco e da luz, fosse para perseguir o erotismo das flores, esculpir as formas de corpos ou volume de objectos, ou fixar a decadência da bandeira americana. Não caíu em artificialismos, nunca escolheu temas fáceis. Talvez, até, tenham sido os temas controversos a escolhê-lo.Com essa postura, agitou a cena artística nova-iorquina e as consciências mais conservadoras. Ainda hoje o seu trabalho provoca reações fortes e díspares mas o rigor no labor de Mapplethorpe está à vista, incontestado.
Muitos criativos são hoje responsáveis não por arte alguma mas antes por uma espécie de poluição que apenas mina, pouco a pouco, a sustentabilidade da nossa sanidade a coberto da pretensão artística de expansão dos horizontes da nossa percepção e valores. Apenas sopa de plástico que não mata a fome e antes conflitua, de forma estéril, no processo da sua digestão pelo nosso organismo. Nem com três cérebros lá vamos.
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