É uma incrível aguarela (!) de quase 1 metro de altura e, que pena, nem sempre pode ser visitada (National Gallery of Ireland) em virtude de ser muito frágil. Evocativa de uma história de amores amaldiçoados, representa o último encontro entre dois apaixonados antes da tragédia. Adoro. Não troco este beijo têxtil pelo de Klimt. Burton inspirou-se numa balada dinamarquesa, assim: Hellelil apaixonou-se pelo principe Hildebrand, um cavaleiro, seu guardião. Quando o pai descobriu ordenou a cada um dos seus sete filhos que acabasse com a vida do desgraçado que tinha cativado o coração da sua filha. O cavaleiro não era desajeitado de mãos e com espada afiada limpou o sebo a seis dos sete irmãos da catraia. Hellelil intercedeu pelo sétimo que restava, o mais novo, único consolo que agora restaria para a pobre mãe. Hildrebrand, decerto um coração mole que ainda não tinha tido tempo para ver e aprender umas coisas com A Guerra dos Tronos, cedeu, mas logo sucumbiu às feridas infligidas. Não sei se a mando do pai querido ou se por sua própria iniciativa, o irmão sobrevivente arrastou a irmã pelos cabelos e atou-a ao dorso de um cavalo, fazendo-os passear entre arbustos cobertos de espinhos a que se seguiu a clausura numa torre a seu mando construida, também ela repleta de espinhos. A pobre, vestida apenas com uma camisa de seda, não podia caminhar, sentar-se ou apoiar-se em algum lugar sem sofrer horrores. Ao que parece a mãe vendeu a rapariga sequestrada e com o dinheiro se fez um sino para uma igreja. Quando o sino soou pela primeira vez o coração da mãe partiu-se Hellelil viveu até ao final dos seus dias em secreta amargura.
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