A escalada da Torre dos Clérigos em 1917
A INCRÍVEL HISTÓRIA do Homem Aranha como nunca a leu. Pedro foi viver com os tios, em Cedofeita, no Porto, quando os seus pais morreram num acidente. Era uma criança como as outras, nadava no rio, jogava ao berlinde e ao pião. Os anos passaram e tornou-se um adolescente tímido, inteligente e bom aluno. Aos 15 anos, durante uma experiência na aula de biologia, Pedro foi picado por uma aranha misteriosa que tinha viajado num rabelo, Douro abaixo, desde as vinhas na Régua. Pedro sentia que o seu corpo estava a mudar mas não imaginava que isso era uma consequência da picada. Uma bela noite Pedro descobre que tem poderes incríveis! In extremis ele consegue escapar a um atropelamento na avenida dos Aliados! Sem pensar, o jovem salta e fixa-se nas paredes de um prédio! Escala a parede até chegar ao telhado e respira fundo. Pedro fica tão deslumbrado com os seus poderes que nas noites seguintes chega sempre tarde a casa, percorrendo os telhados da Invicta, observando cada viela do alto e os seus habitantes. Se numa dessas noites tivesse chegado mais cedo podia ter protegido a vida do seu tio. Ainda viu o ladrão a escapar-se mas nada pode fazer. Com remorsos, decide fazer das tripas coração, usar os seus poderes para o bem. Ei-lo a escalar a Torre dos Clérigos durante uma campanha de recolha de fundos para ajudar as crianças orfãs. Nos anos 60, desagradado com a situação política do país e perseguido por se recusar a ir combater para as colónias, Pedro decide emigrar para os EUA.De rosto escondido, ele é então Peter Parker, o Homem Aranha, e até hoje ainda não parou de lutar pelo bem – grandes poderes, grandes responsabilidades.
Vi o video da escalada da Torre no Facebook e escrevi a historieta do Homem Aranha, mas depois fui aprofundar a história real. É sempre o mesmo. As imagens circulam sem créditos e sem forma de podermos aprofundar o assunto. Quando é que as pessoas aprendem? Isso levou-me ao site da Cinemateca onde encontrei o documentário completo da Escalada da Torre dos Clérigos, a que Caldevilla chamou Um chá nas nuvens.
Quem eram os dois homens que em 28 de Outubro de 1917 escalaram a Torre dos Clérigos, no Porto? Ao tempo da sua construção era o edifício mais alto de Portugal. A torre, projecto de Nicolau Nasoni, é decorada segundo o estilo barroco, com esculturas de santos, fogaréus, cornijas bem acentuadas e balaustradas. Tem seis andares e 75 metros de altura, que se sobem por uma escada em espiral com 240 degraus. Em 1917, a Torre dos Clérigos foi escalada com sucesso por dois acrobatas profissionais espanhóis, parece que galegos, os Puertullanos, pai e filho, D. José e D. Miguel Puertullano. Tratou-se de uma manobra publicitária da fábrica de bolachas Invicta. Foi um homem ligado ao cinema, de nome Raul Caldevilla, que chegou a sonhar montar uma indústria cinematográfica no Porto ao melhor nível internacional, que teve a ideia. A sua produtora cinematográfica, a Caldevilla Films, foi responsável pela versão de 1922 do filme As pupilas do sr. Reitor, e também de documentários, Um chá nas nuvens, sobre a escalada da Torre, ou 9 de Abril, entre outros. Foi ele quem, como se diria hoje, quem produziu o evento para publicitar uma nova marca de bolachas.
Quando vi o video no Facebook não percebi de imediato que um dos homens faz a escalada completa, o outro acompanha-o depois, começa a partir do último campanário. O filho demorou meia hora a completar a escalada, praticamente sem cordas, com excepção de um pequeno lance onde a parede é lisa. Os dois acrobatas instalaram no cruzeiro de ferro uma pequena mesa sobre a qual simularam tomar chá com bolachas e dali lançaram folhetos publicitários coloridos sobre a cidade. Isso é visível no video da Cinemateca, assim como a assinatura do contrato e a multidão que observava a façanha, não no video que tinha visto no Facebook. A escalada atraiu gente da província de tal forma que até houve bilhetes de comboio com preço reduzido. Os jornais calcularam uma afluência de 150.000 pessoas e pode ler-se num deles que "o pão esgotou em todos os estabelecimentos da cidade" nesse domingo à tarde, prova de que havia muita gente de fora. Neste mesmo video ainda se vê o início da descida que também foi feita pelo exterior da torre e deve ter sido ainda mais arriscada do que a subida.
Leiam a excelente postagem no blogue PORTOARC, não vale a pena eu estar a copiar se alguém já fez por mim, com apontamentos diversos sobre a Torre, incluindo fotos recentes e esta delícia:
Vi o video da escalada da Torre no Facebook e escrevi a historieta do Homem Aranha, mas depois fui aprofundar a história real. É sempre o mesmo. As imagens circulam sem créditos e sem forma de podermos aprofundar o assunto. Quando é que as pessoas aprendem? Isso levou-me ao site da Cinemateca onde encontrei o documentário completo da Escalada da Torre dos Clérigos, a que Caldevilla chamou Um chá nas nuvens.
Quem eram os dois homens que em 28 de Outubro de 1917 escalaram a Torre dos Clérigos, no Porto? Ao tempo da sua construção era o edifício mais alto de Portugal. A torre, projecto de Nicolau Nasoni, é decorada segundo o estilo barroco, com esculturas de santos, fogaréus, cornijas bem acentuadas e balaustradas. Tem seis andares e 75 metros de altura, que se sobem por uma escada em espiral com 240 degraus. Em 1917, a Torre dos Clérigos foi escalada com sucesso por dois acrobatas profissionais espanhóis, parece que galegos, os Puertullanos, pai e filho, D. José e D. Miguel Puertullano. Tratou-se de uma manobra publicitária da fábrica de bolachas Invicta. Foi um homem ligado ao cinema, de nome Raul Caldevilla, que chegou a sonhar montar uma indústria cinematográfica no Porto ao melhor nível internacional, que teve a ideia. A sua produtora cinematográfica, a Caldevilla Films, foi responsável pela versão de 1922 do filme As pupilas do sr. Reitor, e também de documentários, Um chá nas nuvens, sobre a escalada da Torre, ou 9 de Abril, entre outros. Foi ele quem, como se diria hoje, quem produziu o evento para publicitar uma nova marca de bolachas.
Quando vi o video no Facebook não percebi de imediato que um dos homens faz a escalada completa, o outro acompanha-o depois, começa a partir do último campanário. O filho demorou meia hora a completar a escalada, praticamente sem cordas, com excepção de um pequeno lance onde a parede é lisa. Os dois acrobatas instalaram no cruzeiro de ferro uma pequena mesa sobre a qual simularam tomar chá com bolachas e dali lançaram folhetos publicitários coloridos sobre a cidade. Isso é visível no video da Cinemateca, assim como a assinatura do contrato e a multidão que observava a façanha, não no video que tinha visto no Facebook. A escalada atraiu gente da província de tal forma que até houve bilhetes de comboio com preço reduzido. Os jornais calcularam uma afluência de 150.000 pessoas e pode ler-se num deles que "o pão esgotou em todos os estabelecimentos da cidade" nesse domingo à tarde, prova de que havia muita gente de fora. Neste mesmo video ainda se vê o início da descida que também foi feita pelo exterior da torre e deve ter sido ainda mais arriscada do que a subida.
Leiam a excelente postagem no blogue PORTOARC, não vale a pena eu estar a copiar se alguém já fez por mim, com apontamentos diversos sobre a Torre, incluindo fotos recentes e esta delícia:
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