Ben Affleck vai ser Batman e substitui Christian Bale
Quando li a novidade saiu-me pela boca fora um sonoro Boring begins! Josh Brolin, Ryan Gosling, Richard Armitage, Matthew Goode, Max Martini e Joe Manganiello eram nomes que circulavam pela internet como possíveis escolhas do diretor Zack Snyder. Mas não. O eleito foi Ben Affleck. Se eu tinha um favorito para o papel? Não, não tinha sequer pensado nisso. Mas os leitores das Palavras cruzadas já todos sabem que eu não morro de amores por Ben Affleck. Faz bons filmes, gostei muito do Argo e do seu triunfo nos últimos Oscares. Mas o Affleck actor não me cativa. O Man of Steel II só chegará em 2015. Não é um filme sobre o herói de Gotham City, é um filme sobre o Super-homem e uma sequela do filme que estreou este verão. Mas pensamos logo que o próximo Batman será de Affleck também. E, quem sabe, poderá até ser dirigido por ele e escrito por ele, só ou em parceria!! Isto são apenas divagações, mas tudo é possível. Estava longe de imaginar que em relação ao seu anunciado desempenho do homem morcego eu não estava só na minha decepção! A questão é que eu além de não simpatizar com o aclamado director e realizador, também, finalmente, tinha feito as pazes com o actor escolhido para encarnar Batman/Bruce Wayne. Bale tornou-se rapidamente o meu favorito. E de toda a gente. Affleck vai ser o oitavo actor a desempenhar o papel. Christian Bale foi, quanto a mim, o mais capaz, seguido de Michael Keaton, Val Kilmer, Adam West e George Clooney. Não me lembro dos outros dois, Kevin Conroy e Rino Romano.
Christian Bale foi o menino do Império do Sol. Depois cresceu e cresceu como actor também, impressionando as audiências com o seu desempenho como o yuppie psicótico de Piscopata americano. Depois fez mais uns quantos papéis exigentes, deslumbrando com as suas transformações físicas, foi o alucinado trabalhador fabril em O maquinista, o irmão de Miki Ward no Último round, e ainda o mágico em O sétimo passo, entre outros que não me ocorrem. Filme atrás de filme, em boa hora lhe deram as asas de morcego e isso coincide com a época dourada de Batman dirigido por Nolan. O tempo passa depressa, o primeiro filme de Nolan data já de 2005, é Batman begins - O início. Depois chega o celebrado The dark knight - O Cavaleiro das Trevas e por fim, em 2012, The dark knight rises - O cavaleiro das trevas renasce. Os entusiastas deste tipo de filmes, género fantasia/adaptação de banda desenhada, exultavam, eu incluída. Tínhamos finalmente bons desempenhos, bons argumentos, um bom realizador para garantir o festim sem o transformar numa mera feira de efeitos especiais. Já não precisava de baixar a minha fasquia de apreciação quando ia ao cinema pois finalmente os super-heróis estavam a ser tratados com inteligência e o espectador como um adulto com cérebro. Os filmes da trilogia não estavam apenas destinados a vender bonecos de plástico, cheguei a pensar que haveria mais Oscares. Mas ainda era cedo para tanto. A Academia não foi em fantasias e ficou-se pelos habituais. A trilogia Batman tornou-se a mais densa e dramática experiência de super-heróis no cinema, contrastando, por exemplo, com a também bem sucedida, mas bem mais humorada e aventureira, imagem de marca do Homem de Ferro. Marcará a escolha de Affleck um retrocesso neste percurso de sucesso? Será isso que eu receio? Ou apenas o enfado de sempre que o nome de Affleck me causa?
Perguntarão porque sou anti-Affleck? Bom, pela mesma razão que sempre fui anti-Michael Douglas, - o que, no entanto, nunca me impediu de ver os filmes onde entrou, - pura e simplesmente não vou com a cara deles. É estúpido e irracional? É. Concedo, Affleck até tem crescido como actor. Tanto quanto Bale? Talvez não. Não mesmo. Mas talvez o suficiente. Felizmente que estes burrismos cinéfilos não me acontecem muitas vezes. Mas eu dou o braço a torcer. Um dos exemplos que sempre me ocorre é Daniel Craig como James Bond. Quando soube que era o herdeiro de Brosnan reagi mais ou menos como agora. Fui ver o 007 - Casino Royal e não gostei. Mas depois vi-o uma segunda vez e comecei a gostar. O segundo filme com Craig como 007, Quantum of Solace, foi uma estopada mas não por sua culpa. Não há duas sem três e Skyfall foi excelente. Craig forever, convertida.
Escrevendo friamente e usando o cérebro todo, não é assim tão difícil fazer a defesa de Affleck como o futuro Batman. Há que dizer que o homem tem demonstrado inteligência e competência. Forçosamente ele tem de ter aprendido bastante ao realizar os seus filmes e isso poderá ser-lhe útil no plano da representação. Ele até já foi aos treinos como super-herói, ele foi Daredevil. Não resultou lá muito bem, mas será que a culpa foi toda dele? Apesar de eu não gostar do actor a verdade é que ele não arruinou Argo com a sua presença. Foi excelente? Não. Mas também não foi ruim. Por isso não vai aniquilar Batman por muito bom que Bale tenha sido, e sim, a comparação é ingrata. Qual o custo de ser Batman? Sem dúvida que na era pós-Nolan é elevado a todos os níveis. Qualquer Batman pós-Nolan pedirá actores que sejam um valor seguro, actores com um certo status de estrela e o recém oscarizado Affleck possui esse status. O papel tornou-se um desafio, algo que ficará bem no curriculum de qualquer actor que se preze. Affleck tem as costas largas para aguentar todas as críticas - e sair-se bem, - e não necessariamente porque andou no ginásio. Mas Affleck vende segurança e tem ares de quem está habituado aos meandros milionários de um Bruce Wayne. E está mesmo. Sem dúvida que saberá circular com à vontade nesses enredos e vestir bem os smokings do Bruce Wayne!Resta saber como vai enfrentar o Super Homem. Aí eu reservo ao silêncio os meus argumentos e prefiro esperar para ver. Mas o argumento maior para eu esquecer a minha relutância pode ser extraído do próprio Cavaleiro das Trevas. Quem não se lembra das bocas foleiras em torno do casting de Heath Ledger? Ele que tinha sido o cowboy gay de Brokeback Mountain, como podia agora dar corpo ao vilão palhaço de Batman? O filme fez-se e todos sabem o que sucedeu. Ele não se limitou a ser o vilão de Batman, tornou-se o melhor vilão de Batman até à data.
Alguns dias depois da notícia ter sido dada a onda de reprovação ainda corre pela internet fora, possivelmente encabeçada pelos fãs (mais exaltados) dos heróis de banda desenhada. A Warner até já recebeu uma petição a pedir um novo casting! Isso talvez se fique a dever ao enorme apelo deste super-herói em particular, Batman está entranhado nos corações dos fãs de super-heróis, é um herói sofrido e humano. Quanto a Affleck, as opiniões podem correr céleres, o seu tom pode ir do espirituoso ao quase insultuoso, mas a verdade é esta: os cães ladram e a caravana da Warner passa. E daqui a um ano e picos um novo Batman esvoaçará num cinema perto de nós e será então chegada a altura de julgar.
Comentários
e vim de fazer uma visita espero vc no meu cantinho tbm, bjs...
http://drea-amigos.blogspot.com.br/