O McDonald's fomenta a obesidade entre as crianças?






Alguém juntou todos os teasers da Conferência FMX 2013 - Conference on Animation, Effects, Games and Transmedia - e meteu a circular este animado vídeo no Facebook dando-lhe um cunho mais pedagógico ao perguntar - O que aconteceria se os animais fossem ao McDonald's comer?! Eu não tenho grande simpatia pelo MacDonald's, como já tive oportunidade de referir aqui, e vou já aproveitar para enviar este vídeo ao meu sobrinho, feita tia galinha!

Não quero parecer pedante, mas a verdade é que ir comer ao Mac nem sequer é assim tão barato. Com a crise que aí está muitos restaurantes servem refeição completa a pouco mais de 5 euros com café expresso e tudo! Talvez seja preciso procurar um pouco mais do que pelo Mac mais próximo, sempre estrategicamente localizado e facilmente identificável, mas a oferta existe. Mais fresca, menos processada e possivelmente de melhor qualidade. Mas não conseguem competir com o Mac que, com a sua publicidade cativante na TV, cores e música alegres, pessoas de todas as idades sorrindo como se um hambúrguer do Mac fosse um passe para a felicidade, agarra as crianças pelos olhos, antes até de ser pela língua, e dá-lhes a volta ao cérebro que ainda não está preparado para digerir estes engodos. Os pais vão atrás dos filhos! Começa com as idas ao cinema no fim-de-semana: o bilhete e a refeição no Mac, juntos, são mais baratos. O passeio ao Multiplex mais próximo compensa. A isso soma o herói do filme, feito em plástico made in China, que vem dentro da caixa. A verdade és esta: é um pack irresistível. E como os Mac estão quase sempre instalados em locais centrais, pimba, é ver miúdos e graúdos todos reunidos à mesa a mordiscar batatas fritas e a beber Coca-Cola.

Muitas crianças apresentam actualmente problemas de obesidade. Nos meus tempos de criança os miúdos gordos contavam-se pelos dedos de uma mão. Eram raras as crianças gordas, eram até mais estigmatizadas do que são hoje, creio que sofriam mais, eram os "buchas". Quem é que fazia campanha por elas? Qual é que tinha coragem de pegar nessa sua qualidade e torná-la uma causa de luta? Ninguém. Ou procuravam passar despercebidas, ou partiam para o corpo-a-corpo: valia o murro mais do que o argumento e os pais estavam com elas par resolver a questão. Hoje, muitas, muitas crianças, têm peso a mais para a sua idade pelo que entre pares já ninguém acha que isso seja um traço assim tão digno de gozo, tornou-se normalidade. 

Gradualmente os miúdos começaram a alimentar-se pior do que nós quando éramos da idade deles. Na década de 70 a publicidade não era tanta nem tão diversificada como é hoje, ainda se vivia sob o domínio da censura em Portugal, havia jornais, revistas, rádio e TV, tudo muito controlado. Havia mercearias em cada bairro, depois começaram a aparecer os supermercados, mas as suas prateleiras não eram o reino da abundância que são hoje. Com uma oferta reduzida à disposição da maioria das famílias por um lado, e, por outro, com a inexistência de programas diversificados de TV, consolas e computadores ainda distantes, a vida era também mais física e menos digital. A criançada não passava tanto tempo sentada e brincava ao ar livre, em parques ou mesmo na rua, exercitando-se, com uma liberdade e segurança que hoje desapareceu.

O hábito do fast-food pode ficar pela vida fora se não tivermos o cuidado de fazer uma lavagem cerebral aos pequenos. Até à adolescência é um pulo e daí em diante não há como ter mão neles. Os jovens ficam cada vez mais entregues a si, uns arrepiam caminho, outros acabarão tão redondos como os animais redondos do filme animado. Depois crescerão adultos com problemas de saúde quase certos, viverão menos saudavelmente e menos tempo. A razão de tudo pode ter começado muito antes, quando se ia ao cinema, ao fim de semana. O Mac pode não ser o inteiro responsável pelos maus hábitos alimentares, afinal os supermercados também estão cheios de produtos processados e carregados de aditivos, mas ajuda muito. Aceitemos ou contestemos, o MacDonald tornou-se o símbolo deste calvário alimentar moderno.

Comentários

Anónimo disse…
triste eu já nao como mc