Cinema: Guia para um final feliz!


Bradley Cooper. Fiquei tão impressionada com a interpretação dele em Silver Linings Playbook - Guia para um final feliz, que ando sempre a fazer-lhe campanha. Eu já o tinha visto antes, em pequenos papéis, mas recordava-me muito bem dele em Hangover - A ressaca. Pensava que Cooper se ia ficar por filmes desse género, agora acho que pode vir a tornar-se um nome grande da interpretação. Para quem não sabe, existem duas Ressacas - e espero que os produtores delas fiquem a ressacar por muito tempo na sequência desta e não acordem para uma terceira. Vi os dois filmes, verdade, eu que torço sempre o nariz a comédias, não por não apreciar o género mas porque nunca, ou quase nunca, consigo ficar satisfeita, vi os dois. O primeiro comecei a vê-lo desportivamente, na TV, e acabei por ficar até final. A Ressaca convenceu-me pelo factor surpresa pois conseguiu dar a volta ao estafado tema dos bons amigos que se juntam para uma louca despedida de solteiro, as reviravoltas na história são engraçadas mesmo e a boa química entre os actores é manifesta. Com o segundo filme, em que o grupo vai à Tailândia para o casamento do Stu, dois anos após a ida a Las Vegas, senti-me enganada. É perfeitamente desprezível. Quem disse que queremos mais do mesmo mas surpreendentemente pior?! A Ressaca 2 é um filme feito apenas para explorar o sucesso do primeiro. Sem grande rasgo, não diverte quanto baste, é uma pura perda de tempo e de dinheiro.

Quando vejo uma boa comédia eu admiro realmente o esforço criativo envolvido. Não considero a comédia um género nada fácil. Não suporta artifícios. Tem de ser genuinamente boa. Em comédia não se podem usar muitos efeitos especiais para cativar o público ou, outra forma de dizê-lo, distraí-lo de uma boa história.A excepção talvez seja MIB - Homens de negro, - vejam o último que é mesmo muito bom. Por isso, ou os argumentistas trabalham bem ou é um enfado pegado. Explorar piadas gastas só porque funcionam, é um truque de que se abusa, ou então, considerar que o espectador de comédias é um perfeito idiota. Escrever coisas engraçadas não é para todos, ser naturalmente engraçado também não é faceta que assista a qualquer actor ou actriz. Mas não é fácil arrancar de mim um riso genuíno ou até um sorriso de qualidade!! E eu até sou uma pessoa animada! Para não me sentir defraudada, eu evitei ver comédias anos a fio. Olho para listas como esta - As 100 melhores comédias de todos os tempos - e confirmo, há mais comédias para ver do que vistas. E não fico nada aborrecida com isso. As minhas preferidas até estão nesta lista e não são filmes muito recentes, o que me leva a crer que cada vez é mais difícil escrever boa comédia.


Ora, recentemente vi três filmes deste género que me agradaram bastante: Bernie, A pesca do salmão no Iémen e Guia para um final feliz. Todos eles são bons filmes. (Ou será que sou eu que abrandei no nível de exigência?!) O primeiro, baseado numa história real, é sobre um agente funerário muito peculiar e a sua funesta relação com uma viúva manipuladora. Tem como curiosidade o facto de serem actores e pessoas da cidade onde Bernie viveu a interpretarem algumas das personagens. O filme desenrola-se em parte como um documentário proporcionando análises por vezes hilariantes desses habitantes da pequena cidade do Texas sobre o sucedido. O maior motivo para ver este filme é ver Jack Black - bem conhecido pela sua carreira como actor cómico - a interpretar como um senhor. O segundo é uma comédia britânica, deliciosamente romântica, que brilha através das encantadoras interpretações dos protagonistas e de diálogos espirituosos. O que acontece quando pessoas comuns são arrastadas pelos sonhos incríveis de visionários? Muhammed, um Sheikh iemenita, encarrega Ashley, sua representante, de contactar o dr. Alfred Jones, um especialista em peixe, britânico, por causa de um projecto megalómano - ele deseja levar a pesca de salmões à linha (fly-fishing) para o Iémen. Alfred, que tem um casamento e um emprego no funcionalismo público em estagnação, não vê que tal seja possível, mas acaba por ser envolvido no projecto e mudar a sua vida de forma radical. Embora o final não seja completamente satisfatório, o seu desenrolar vale bem a pena. É a adaptação de um livro que foi Prémio Bollinger Everyman Wodenhouse para o Melhor Romance Cómico de 2007. O terceiro, é a comédia Guia para um final feliz, um filme que se está a tornar bastante popular.

É um filme sobre a vida moderna, com personagens complexas e reais, e o mais interessante, personagens problemáticas que nos cativam e nos fazem torcer por elas. É impossível não gostar deste casal de inadaptados que se conhecem a discutir a lista de medicamentos que tomam para lidar com os seus distúrbios mentais. Muito bem escrito, bem interpretado por todos os intervenientes e dirigido com grande mestria, tem de ser um dos melhores filmes que andam aí! Guia para um final feliz tem drama que baste -as personagens e suas famílias atravessam momentos bem complicados das suas vidas, - e é sobre este lastro dramático que a história romântica se desenrola. Mas não há dúvida que é um filme que se vê com um sorriso do princípio ao fim. O final, todavia, poderá ser um pouco cor-de-rosa demais para alguns, eu talvez tivesse preferido que o tom de comédia romântica não tivesse sido tão enfatizado. Em resumo, e tentando não estragar a surpresa, o filme segue Pat (Bradley Cooper) quando ele regressa a casa dos pais após ter estado internado num hospital psiquiátrico. Perceberemos depois que ao encontrar a mulher a traí-lo ele não se conseguiu conter tendo sido violento. O tribunal terá então concluído que Pat era um bipolar não diagnosticado. Depois de ter alta, Pat quer recuperar a sua antiga vida e também a sua bela mulher. Infelizmente ele ainda não está a 100%. A vida troca-lhe os passos e coloca-o no caminho de Tiffany (Jennifer Lawrence), que, por sua vez, também tem a sua conta de angústias para resolver. Mas ela vai desafiá-lo e eventualmente surge uma nova perspectiva daquilo que poderá ser o seu futuro. Não percam.

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