Desemprego em Portugal: a precariedade tem muitos rostos
Figueira da Foz - Foto O Figueirense
"Um homem. 39 anos, 25 a trabalhar na construção civil. O último trabalho que arranjou foi sem contrato – chegou ao fim e deixou-o sem direito a subsídio de desemprego.Uma mulher. 32 anos, muitos dos quais a trabalhar em limpezas, outros passados a entrar e sair do hospital, à conta de um transplante hepático. O último emprego, 4 meses sem contrato numa unidade hoteleira da cidade, chegou ao fim e deixou-a sem direito a subsídio de desemprego.Um casal, que diariamente percorre a cidade à procura de trabalho, porque com emprego já nem sonham, espera e desespera pelo rendimento social de inserção. Estão inscritos no centro de emprego, já assinaram o contrato da praxe, mas o sistema diz-lhe que «não há nada», talvez em novembro. Até lá, esgotadas as poupanças curtas, é um banco alimentar duma IPSS local que os afasta da fome. De comida, porque a de justiça, social, moral ou outra, vê-se no rosto.Este homem está hoje, com mãos e pés amarrados, numa praceta desta cidade. Não quer esmola, frisa. Quer trabalho, um direito que sabe que está na Constituição, mas que não encontra em mais lado nenhum. Está de mãos e pés atados porque já não lhe servem de nada num país sem pernas para andar.E a mim só me apetece chorar."
Jornal O Figueirense, Foto e texto de Andreia Lemos
Porto - Print still de reportagem da TVI
José Eduardo Cardoso tem 28 anos, é designer desde 2008, e protestava, em Setembro, na Rua de St.ª Catarina, das nove às sete da noite, contra a situação do país, contra a sua própria situação de desempregado e a de muitos jovens como ele que sobrevivem diariamente através de ajudas diversas mas sem perspectivas de futuro. “Por um emprego e um futuro digno”, esteve em greve de fome. Apenas bebia água. Conseguiu trabalho na sua área, o José é licenciado pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. José Eduardo Cardoso queixa-se de algo que eu também conheço “uns não pagam, outros pagam passado meio ano e outros, ainda, pagam um terço do valor justo”. O trabalho como freelancer é difícil e as empresas não estão a contratar, ou melhor, estão, o problema é que, como alguém dizia há uns tempos num programa de TV, "existem em Portugal designers em proporções bíblicas".
Dois casos, dois problemas. Que solução?
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