Ser despedido por causa do Facebook?
Possivelmente o seu desconsolo justificava-se. Uma empregada de mesa numa pizzaria deve ganhar mal. Se o tal casal não tivesse alapado as três horas naquela mesa talvez ela tivesse conseguido mais uma gorjeta para equilibrar as contas. Nos EUA existe o hábito de dar uma percentagem sobre o valor da refeição. Ashley Johnson trabalhava então para a Brixx Pizza e, sem pensar muito, referiu o nome do restaurante na sua página. Uns dias depois a empresa chamou-a dizendo que ela tinha violado as regras de funcionamento da casa, regras com as quais ela se tinha comprometido quando assinou contrato, colocando o bom nome da Brixx Pizza em causa ao fazer um comentário que depreciava os clientes numa rede social!
Os comentários no Facebook e Twitter sobre este episódio eram imensos depois de um jornal ter feito notícia do caso. Na sua maioria a pessoas eram de opinião que a empresa tinha tido uma atitude excessiva ao despedir a funcionária: teria praticado um abuso de poder. Tanto burburinho transformou-se em má publicidade para a marca. Mas, sobretudo, o que este caso veio colocar na mesa foi uma nova equação: como proteger uma marca sem parecer que se está a limitar a liberdade de expressão dos empregados? Pois! É que se estou a milhas do meu local de trabalho e se estou com os meus amigos eu tenho o direito de me expressar à vontade sobre os assuntos que considere pertinentes, o Facebook é a minha nova mesa de café!! Será? O bom senso parece exigir que não seja assim.
As empresas querem já incluir na sua política empresarial notas sobre a forma como devem ser referidas nas redes sociais pelos seus funcionários, querem vigiar e tentar controlar o uso que se faz da marca que tanto trabalho deu a construir. Mas os seus funcionários não são sua propriedade! Cercear a sua esfera de liberdade tem de parar à porta da empresa. Mas, pelo sim pelo não é melhor para todos continuar a desabafar à moda antiga, face a face, ou pelo telemóvel, pois as empresas terão sempre acesso ao Facebook, ele é público a não ser que o nosso perfil seja privado, e ninguém está livre de num dia mais louco tecer um comentário impensado e por causa dele descobrir, umas luas depois, que foi parar ao olho da rua. Reparar essa situação pode demorar algum tempo, custar dinheiro e aborrecimentos. Valerá mesmo a pena em nome da liberdade de expressão arriscar? Pense-se também que o profissional que se expõe numa rede social ganha uma visão pública de si como um todo. Como tal, mesmo fora do serviço, ele será associado à empresa onde trabalha. Acresce que muitas redes possuem um campo sobre o cargo/função desempenhado que quase toda a gente preenche. O indivíduo torna-se público e é, ele mesmo, dono de uma identidade complexa que lhe deve inspirar tantos cuidados quanto a marca a uma empresa. A esfera privada diluiu-se e muitos ainda não têm essa consciência.
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Um estudo feito nos EUA sobre o aumento de incidentes entre empresas/empregados provocados pelo que se envia por email, publica em blogues, nas redes, no Twitter, etc, aqui!
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