Ontem apanhei um flash noticioso na TV relativo às cheias no Paquistão. Desde que Hillary Clinton fez um apelo público por dinheiro para ajudar os milhões de paquistaneses afectados que a resposta, magra, tem aumentado. Mas não há paralelo com a resposta obtida para fazer face ao sismo do Haiti nem por parte dos cidadãos, nem por parte dos governos. Muito menos mortes a registar aqui, até ao momento, mas a dimensão da devastação ambiental e perda de meios de subsistência e abrigo de uma enorme massa populacional conformam também uma catástrofe. Pior é tratar-se de um país muito pouco querido da opinião pública mundial. Uma pesquisa pelas notícias disponíveis na internet permite saber que nem mesmo os países amigos do Paquistão, a Arábia Saudita, Dubai, terão mobilizado ajuda significativa. Além se ser vítima das condições climatéricas, pese embora a normalidade da existência de cheias de monção moderadas nesta época do ano, o Paquistão sofre agora em virtude da dificuldade de progressão no terreno e da ausência de uma coordenação eficaz. Por outro lado a corrupção tornou-se há muito a imagem de marca deste país e ninguém gosta de contribuir sabendo que a probabilidade do dinheiro não chegar ao destino,ou seja, a quem mesmo dele precisa, é elevada. O exemplo do terramoto de 2005 está ainda fresco na memória de todos. A reconstrução continua por fazer muito tempo depois de ter sido recebida a ajuda da comunidade internacional. Resta referir a fama do Paquistão como ninho de simpatizantes e militantes do terrorismo. Os Taliban já vieram dizer que as cheias são a punição de Deus pela aceitação de líderes seculares e fizeram juras de vingança contra a ajuda humanitária estrangeira, “inaceitável por ter no seu âmago outras intenções”, ou apelos ao seu boicote. Para sobreviver as populações têm sido forçadas a escolher entre líderes governamentais corruptos, sem visão, e extremistas religiosos, e perante as piores cheias dos últimos 80 anos anos, num país com péssima reputação internacional, estão a ser penalizadas por isso também, injustamente. Além da intervenção imediata para socorrer pessoas deslocadas e sem abrigo, malnutridas e doentes, o esforço de longo prazo para a reabilitação das infra-estruturas perdidas prevê-se gigantesco. Ajudou o Haiti? Vai ajudar o Paquistão? Veja um slide de fotografias no The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/world/audioslideshow/2010/aug/11/pakistan-floods-un-appeal-aid
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