Receita de mexilhões com vinho branco



O Verão traz o apelo da vida ao ar livre. Não há homem, mulher ou criança a quem não apeteça espreguiçar-se ao sol, seja no campo, na montanha ou perto do mar. Eu sou mais marinha, mas na falta das ondas o campo serviria também, estou certa disso. Todavia e invariavelmente, no meu último dia de praia começo a suspirar pela chegada do Verão. Já o escrevi antes, até parece que estou a ficar militantemente preguiçosa e não me apetece escrever novidades.

No Verão a vontade de me alambazar com marisco triplica. Não sou muito esquisita, à excepção das ostras, tudo marcha, com maior ou menor sofisticação no preparo. Eu, como sou pouco amiga da cozinha, quanto mais ao natural, melhor. Hoje apeteceu-me escrever de um dos meus bichinhos marinhos predilectos. Predilectos no prato. Na realidade eu não sei muito sobre eles a não ser que vivem nas rochas e que os podemos capturar facilmente. Li que, à semelhança das ostras, também podem gerar pérolas, mas nunca encontrei nenhuma pérola dentro das conchas! Refiro-me aos mexilhões. Tal como eu, estrelas do mar adoram mexilhões. Por isso, quando encontro uma estrela-do-mar na praia, eu olho para ela com respeito pois partilhamos um interesse gastronómico comum. As meninas de cinco braços têm dois estômagos. Ninguém resiste a um abraço tamanho e muito especialmente os bivalves. Não sei bem como é que funcionam os tais dois estômagos mas sei que elas comem animais maiores do que elas. Será que recorrem ao estômago extra para guardar parte do jantar enquanto comem o almoço? Faz-me aqui falta um amigo biólogo que emigrou, ele saberia fazer-me luz sobre o assunto!

No meu caso, que só tenho um estômago, é tudo mais fácil. Depois de limpar muito bem os bichinhos de barbas e coisas agarradas às conchas azuladas, e de as ter deixado durante umas horas em água salgada para elas largarem areias,-atenção, as conchas têm de estar fechadas, ou, têm de encostar, com pressão; se não se fecharem, lixo com elas - é metê-los a escorrer, e, rapidamente, cortar uma cebola para um tacho onde se deitou uma noz de manteiga. A cebola há-de ficar transparente e depois entra a salsa!E na volta, vão os mexilhões e um copo de vinho branco. Daí a pouco começam a abrir e o meu estômago até já parecem dois! Tapa-se bem tapadinho esperando que o lume faça o resto. Tudo isto não demora nem cinco minutos. Depois colocam-se numa tijela e deita-se aquele molhinho bom por cima, mas com calma e cuidado, para que o sedimento fique no fundo. Usa-se uma concha vazia para abrir e pegar os bichinhos - isso, nem é preciso talher, só mesmo apetite e uma boa companhia para saborear os maravilhosos mexilhões com vinho branco! (Esta receita é que as estrelas-do-mar não sabem!)

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