Cinema: o horror de Jigsaw não é para estômagos fracos
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Estreia no final do mês mais um episódio da série Saw. Digo episódio da série em virtude da regularidade com que são produzidos estes filmes. A semana passada, logo à entrada do hipermercado, vi uma pilha de DVD do Saw. Eram discos de um filme anterior, não deste. Pouco faltava para estarem a serem vendidos ao lado do pó de talco, fraldas e papas lácteas. Mais uns dias e talvez venham mesmo a ser vendidos num pack com máscaras para o Halloween, tipo bónus: compre a máscara, leve o filme, mas não experimente fazer isto em casa, veja lá no que se mete, trick or treat. O que me surpreendeu na pilha tão ali-mesmo-à-mão-de-semear é que o horror de Saw é mesmo explícito, digamos que para mim Saw é assim algo como o porno do horror.
Depois de matutar na coisa conclui que os fãs de Saw se devem efectivamente excitar com toda esta violência inerente às histórias e ao formato,violência que, em Espanha, já mereceu classificação que vai remeter o filme para o mesmo patamar dos filmes porno quanto a exibição em salas, não sei se é X se é XXX ou se é XL. Não estou a ver ninguém ir ver filmes destes, uma ficção completa, e a procurar identificar-se com o sofrimento das personagens e a sentir-se amargurado. Para isso temos a vida real. Daí que me reste o oposto para perceber o que leva a malta crente deste género a ver coisas assim,exercícios inclassificáveis, coisas para lá de ruíns. Eu mudo de canal quando mostram corpos aos pedaços e a fumegar ainda nas ruas de Bagdad. Isso é ruím, Saw é insano. Eu,que sou uma pessoa medianamente sensível e impressionável, acho, acho mesmo, que a série Saw não deveria ser posta à venda no supermercado como embalagens de OMO. Os DVD estão fechados, certo, o filme não se mete pelos olhos dentro de ninguém. Mas,que diabo, aqueles filmes para mim são mesmo obscenos. É o porno do horror. É a never ending story de Jigsaw,-que eu pensava que tinha morrido numa das fitas anteriores, mas que já mostrou a carinha no trailer, por isso não há duas sem três, nem cinco sem seis, aqui está ele de novo, não sei como nem quero saber - um tipo que deseja ensinar o valor da vida a pessoas que em virtude dos crimes e pecados cometidos deixaram, em seu entender,de lhe atribuir o devido valor. Então Jigsaw cria jogos complicados jogos que implicam dor e sacrifício - sim, muita dor e sacrifício que só uma mente particularmente doente consegue arquitectar,estes argumentistas têm de sofrer de uma qualquer patologia para imaginarem estas coisas, só pode ser isso - para ensinar uma lição às vítimas. Quem não aprende a lição, morre.
Eu nunca vi um filme destes,apenas excertos repugnantes. Eles já andam aí desde talvez 2003 e nessa altura o primeiro filme foi elogiado, isso eu recordo-me. Depois a qualidade tem diminuido, é o que dizem os fãs e os críticos, seja lá qual for a bitola usada para apreciar este estilo:número de gritos por filme, litros de sangue derramado, número de membros cortados, área de vísceras espalhadas, número de objectos metálicos cortantes utilizados?!!Já devem ter percebido que este género não faz o meu género. Todavia vi os cartazes e achei que mereciam um pequeno destaque, em especial o terceiro, aqui no espaço das palavras que se cruzam com quaisquer coisas, até com delírios cinematográficos destes. Qualquer semelhança entre um talho mal amanhado e Saw talvez não seja mera coincidência. Melhor seria se os DVD no supermercado fossem parar à área dos frigoríficos onde se mostram as carninhas vermelhas. Aí,sim.
Comentários
Amanhã vai haver filme no impactus, aconselho, foi das melhores comédias que vi este ano :) acho que estreia dia 12/11