É Agosto, é Verão, o vento sopra na praia da Figueira

Antes que me chamem mentirosa deixem-me explicar. A máquina com que fiz estas fotos não tem visor e o seu ecrã mede 2cmx3cm.Quando está sol, como hoje, eu não vejo o que fotografo, o ecrã não mostra nada. Limito-me a apontar e a esperar que as coisas que vi sejam aquelas que vão aparecer na fotografia. Ainda tem outro detalhe magnífico:carrego no botão para fazer a foto mas a máquina é preguiçosa e faz a foto uma eternidade depois. Por vezes eu tento compensar antecipando o resultado. Com esta máquina eu quase me sinto uma lomógrafa. De facto eu, à semelhança de um bom lomógrafo, levo-a para todo o lado, mas nunca confio no resultado. Até espero que não surja nenhum motivo interessante para fotografar pois sei que será frustrante. Por outro lado, a maquineta anda ao rebolão na minha mala e eu tanto se me dá. Até ma podem roubar se aparecer alguém com interesse nisso. Eu entrego logo,nem penso duas vezes. Quase como os lomomaníacos eu nunca sei bem o que fotografei antes de despejar para o computador. A única vez que imprimi fotos feitas com esta maquineta num estúdio profissional elas revelaram-se tão fraquinhas que nunca mais voltei a gastar dinheiro em revelações. Por isso é verdade o que disse uns posts atrás: não tenho máquina capaz e fotografar às cegas não é certamente fotografar.

Feito o aparte, deixem-me lamentar. Não sei a que velocidade soprava hoje o vento sobre a praia da Figueira da Foz mas quase dava para levantarmos vôo. Da vila de Buracos avistava-se uma névoa de areia sobre o areal que chegava a camuflar os edifícios da marginal. Fui até junto do mar. Cheirava espectacularmente a marinho e as vagas rebentavam ruidosas e rápidas. O vento era uma parede. Não se conseguia avançar na areia em direcção a Buarcos. Uns desgraçados aninhavam-se debaixo de chapéus e guarda-vento tentando proteger-se de 20 cm de areia a deslizar pelo chão.

Voltei ao calçadão junto à estrada em dois minutos. Pelo calçadão fora caminhava-se bem melhor. Muita gente a percorrê-lo nesta tarde de ventania ideal para quem precisa de arejar as ideias. À entrada da vila de Buarcos deparei-me com uma pequena vendagem em tendas e artigos a voarem das bancas ao som da música colorida dos carrinhos de choque no parque de diversões contíguo. Os miúdos mais velhos revolviam o parque radical nas suas bicicletas e os mais pequenos faziam fila para trepar aos baloiços no parque infantil. Praia é que não.

O ambiente estava animado. Na baía de Buarcos a situação não era assim tão má. Má era a concentração de pessoas por metro quadrado no pequeno areal, reforçada pelo facto de exceptuados os habituais espertos, toda a gente estar em seco por causa da bandeira vermelha e das ondas roliças. Se não tivessem escolha eu compreendia. Eu, que acredito na máxima de que o espaço é um luxo, não compreendo.Eu acho que se alguém ali tiver a gripe A...bem...ehhh...pois é. Continuei a minha passeata pela margem da estrada em direção ao Bar Costa.O trânsito era contínuo e havia muita gente na amurada a observar a rebentação das ondas que em alguns casos chegavam a molhar a estrada. No regresso do meu passeio e uma bica depois, fumo no céu. Já mais perto de casa vi passar um helicóptero. De novo a Serra a arder? Com o vento forte seria uma calamidade. Neste momento ainda não sei onde foi o fogo.A esta hora o vento já amainou um pouco.E amanhã é outro dia.

Comentários

Edward iannielli disse…
thank you for sharing such beautiful pictures of the beach. Matty, my son would love it there! We all would! Ed