Surf no Cabedelo, Figueira da Foz

Foto retirada do blog SOS Cabedelo - a onda do Cabedelo

Todos sabemos que o surf terá surgido na Polinésia e que foi James Cook quem primeiro o apresentou do lado de cá do Mundo. Que é quase impossível olhar um mar onde alguém cavalgue as ondas e não ficar a olhar. Que é das práticas desportivas mais belas que a Natureza proporciona. Com ou sem surfistas eu sou capaz de ficar a olhar as ondas por horas esquecidas. 

Há umas semanas li num jornal local que a onda do surf do Cabedelo estava a desaparecer ou que estava em vias disso. A causa seriam as obras de prolongamento do molhe. Gostava que a notícia fosse mais detalhada, mas não. Fiquei um pouco perplexa com a história da onda. Não que os impactes ambientais das obras sejam novidade-por alguma razão a Figueira ganhou um areal monumental, do qual eu nem me queixo, mas que não tinha necessidade de ser tão vasto. Mas porque queria que alguém me explicasse melhor a situação. Já todos nos habituamos à presença de surfistas deste lado e do lado de lá do rio. Mas parece que poderão vir a desaparecer do mar do Cabedelo. 

Ontem encontrei um post onde o António Fernandes explica o que está a suceder. Ele frisa que é a opinião dele. Mas ele deve saber sobre o que escreve. Por isso aconselho que leiam.Está aqui.Pelo que percebi existem estratégias que se podem utilizar para obstar ao desaparecimento da onda do surf do Cabedelo. Mas para que alguém possa repensar o processo-em que, ao que me cheira, ninguém ponderou se havia ou não havia onda a proteger no mar do Cabedelo ou se isso era tão relevante para a região quanto barcos poderem navegar o rio em segurança- é preciso fazer ondas. E é isso que o blog SoS Cabedelo está a tentar fazer. 

Muito se fala do turismo ser o nosso principal bem exportável e um factor de desenvolvimento das regiões.Se são os valores económicos e de desenvolvimento da região que estão a justificar as obras do molhe,também podem muito bem ser eles a justificarem que se cuide desta característica natural da praia a sul.Como desporto o surf é muito atraente para a juventude.É uma actividade radical, é 100% natureza. Por todo o lado se proclama que é necessário que a juventude cresça com consciência ambiental em nome do futuro do planeta e do seu próprio;e que se entregue a práticas de vida saudáveis em nome da sua protecção contra os riscos que a actual sociedade e novos modos de vida parecem gerar.Então há que criar ou manter as possibilidades para isso sobretudo quando elas resultam de uma dádiva da natureza.

Quanto ao impacto turístico do surf na região, que alguns poderão talvez desvalorizar dizendo que estamos a pensar numa minoria de praticantes e algumas provas, é preciso dizer que não basta "a onda" existir para que o turismo ecológico floresça de modo automático. Assim como uma serra com neve. Algumas infra-estruturas, dinamização de actividades, contínuo investimento na antecipação e re-invenção das necessidades dos potenciais praticantes e viajantes,...divulgação, serão sempre necessárias. Mas o engenho e a imaginação são o limite. Destruam a onda e será muito mais difícil encontrar um princípio diferenciador que torne aquela praia singular. Destruam a onda como já destruiram a praia da Figueira da Foz, o Festival Internacional de Cinema, a Gala dos Pequenos Cantores e outras coisas made in Figueira da Foz. Como se pode concluir se olharmos à nossa volta, estamos todos a ganhar imenso com isso.

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