Manuela Moura Guedes:foram cardos foram prosas


José Alberto Carvallho, director de Informação da RTP, contactado pelo DN, reagiu à entrevista de Manuela Moura Guedes ao jornal i, em que a pivô do Jornal Nacional 6.ª Feira acusa Judite de Sousa e o próprio José Alberto Carvalho de terem sido impedidos pelo primeiro-ministro José Sóctares de dizerem a palavra "corrupto" durante a entrevista, feita a 22 de Abril."Eu não sei como, ou se, essa senhora negoceia as suas entrevistas, mas ela é que tem de explicar como chegou a essa conclusão. O que eu sei é que nunca na minha vida fui alvo de um comunicado como o da ERC ao meu trabalho. E o que eu sei também é que ela foi condenada de forma muito violenta pelo conselho deontológico", afirmou ao DN José Alberto Carvalho que acrescentou: "Eu não sou da mesma geração dela, nem me revejo na mesma profissão que ela exerce. Moura Guedes é um exemplo de péssimo jornalismo, se é que se pode chamar jornalismo ao que ela faz."» [Diário de Notícias]

Duas situações, idêntico veredicto. Felizmente, ou infelizmente, o Youtube permite-me fazer estas viagens no tempo televisivo e rever momentos históricos como este, de indescritível incompetência, protagonizados pelas suas máximas figuras. Cenas que sempre vêm reforçar o meu pouco apreço pelo que se passa, por regra, nas quatro linhas das nossas televisões. Sempre ando por aí a repetir que o problema mais generalizado deste país é a enorme ineficácia que se verifica em muitas frentes, nas grandes e pequenas empreitadas, e eis um bonito exemplo da informação ineficaz da TVI, que tem quanto a mim o pior serviço nesta área:folclórico, sensacionalista, inconsistente, parcial. Assistir é uma perda de tempo.Ser diariamente tratada como acéfala não faz a minha preferência. Por estas e outras continuo a recorrer a outras fontes de informação que não a TV.

Um destes dias encontrei uma antiga conhecida e ela queixava-se das cunhas e dos lobbies. Dizia que não conseguia romper por entre essas florestas,tão pouco construir redes de contactos úteis, que hoje as pessoas dependem dos contactos para tudo, para começar algo, para manter algo, precisam da "palavrinha". Eu retorqui que nem sou inteiramente contra as cunhas, que o que eu condeno mesmo é que se proteja essa pessoa que gozou do factor " palavrinha" até ao fim dos seus dias, não importando se ela comete as maiores falhas.Acontece também que a estratégia da "palavrinha" anda sempre atrelada ao estatuto das "costas quentes" e parece favorecer grandemente a falta de brio profissional.
Mas o que me causa pasmo é que parece ser muito mais difícil reconhecer o erro que se fez, e emendá-lo, do que viver com as provas constantes de ineficácia do protegido "apalavrado".

Manuela Moura Guedes voltou e o seu regresso foi anunciado com pompa como se fosse o evento do ano.A versão feminina portuguesa de Steven Tyler-vocalista dos Aerosmith, para quem não sabe- regressa e aparece-lhe à mesa o exuberante Marinho Pinto. O Bastonário da Ordem dos Advogados também não tem um discurso completamente sensato. Não é preciso ser ex-advogada para ter essa percepção. Sempre que o ouço ele está a levantar lebres mas depois não concretiza. Também não é preciso ser ex-advogada para perceber que a Justiça está mal. Todos os cidadãos, sejam advogados ou não, precisam neste momento sobretudo de alguém que diga menos o que está mal na Justiça e mais o que se há-de fazer para ela funcionar bem. À semelhança do que fez Miguel Sousa Tavares em tempos, Marinho Pinto disse o que era preciso ser dito a Manuela, afinal o que muitos de nós pensamos ao assistir às suas peças.

Por muito menos do que este triste espectáculo muitas pessoas seriam sujeitas a processos disciplinares e até removidas das suas funções. Mas para Moura Guedes são tudo cardos e prosas, o marido e patrão, Moniz, vai fingir que não viu e daqui a uns tempos irá suceder novamente uma cena bárbara, e novamente a política da avestruz por parte do boss, e novamente a mesma cantiga. É assim que vai a vida em Portugal, feita de palavrinhas e costas quentes.Viva.

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