A silly season do blogue

Quem tenha visitado o meu blogue nos últimos tempos ter-se-á apercebido de que ele está na fase silly. A chamada silly season está de saída mas o meu blogue entrou agora na sua fase mais silly desde que o conheço. Está reduzido a um arquivo sem muita lógica, uma espécie de gavetão na blogosfera para onde tenho atirado uns videos, umas fotos de rapazes giros, umas tiradas sem graça. Parece-me que um blogue que se chama palavras cruzadas tem de ter palavras, mais palavras do que flores, bolas,quadrados ou quaisquer outros arabescos. Mas é que há dias em que além de não me apetecer escrever uma única palavra também não me apetece dizer nada a ninguém. Eu até tenho muito assunto, pois é, não preciso de me iludir e perder tempo a falar do tempo que faz, da neblina matinal no horizonte e do ventinho que já é fresco pelo meio da tarde, que já nos arrefece a planta dos pés que por acaso ainda descansam na areia. Mas não é sensato escrever sobre O assunto. Pode ser perigoso, posso entusiasmar-me e dizer a brincar meia dúzia de coisas sérias sobre o que me sucedeu nas últimas semanas. Com mais prejuízo do que proveito.E, seguramente, sem obter solução prática para O problema. Subitamente lembro-me da Manuela Azevedo a cantar “muda de vida”.É isso, é a isso que tudo se resume. [...]Case closed.

Os dias de Setembro chegaram e por esta altura eu sinto a falta do extinto Festival de Cinema da Figueira da Foz enquanto vou lendo que o Tim Burton e o Manoel de Oliveira foram premiados em Veneza. Na TV a Guerra das Estrelas dura até de madrugada e eu, novamente de insónia feita, revejo a saga, e enquanto espero aturo um jornalista louro e esgaseado a esticar o discurso ao máximo a ver se segura o directo; e o diabo do Mcann que não há forma de sair da sede da Polícia Judiciária, e ele a dizer o que já se sabe e ressabe e a dar uns erros aqui e outros ali, umas cotoveladas na construção frásica, a repetir-se, mas ninguém liga, ninguém ouve, porque o que todos querem é notícias, notícias, e ver o Mcann a sair para a rua, o carro espera-o e até está ligado, agora foi desligado, olha o pormenor técnico à falta de informação mais relevante. E Mcann lá saíu com a sua mochila ridícula e eis que arguido acaba de entrar no vocabulário dos ingleses pela voz do gordo assessor de comunicação, devidamente pronunciada com sotaque british, o “u” bem cavado, “aregUidou”, disse ele. E por cá a malta agiganta-se e pede sangue, perante a evidência do “aregUidou”que poderá não ser nada afinal, por lá, por terras de sua majestade também, basta ver o que andam os ingleses a escrever pela Internet, não me refiro aos jornais, refiro-me à gente, à gente que fala porque se não fala estoira, não é como eu que dei por encerrado O meu assunto.

Eu bocejo porque afinal tinha acabado de ver o CSI, era tarde, mudei de canal e volta o CSI em versão luso-britânica, não tão rápido, não tão evidente e conclusivo, mas mesmo assim com algum glamour, alguma encenação espectacular e até já vejo mais um livro nos escaparates. Na capa um peluche cor de rosa. Como era bom que tudo isto terminasse, que o Outono cobrisse de folhas amarelecidas a história da menina loira de olhos lindos e devolvesse à serenidade perdida este mar de gente encapelada que fustiga, que opina, que quer julgar...oh, silly season.

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