Medo em VIRGINIA TECH : God bless Portugal
Cho Seung-Hui escreveu uma peça de nome Richard McBeef. O protagonista é um miúdo de 13 anos que acusa o padrasto de pedofilia e de ter assassinado o seu pai. O miúdo deseja matar esse homem, que, a dado momento, a sua mãe ameaça com uma serra mecânica. Este argumento bizarro e poemas intimidantes, terão feito Nikki Giovanni, poeta e professora de escrita criativa na Virgínia Tech, reagir no Outono de 2005. A afluência na sua classe diminuiu drasticamente, ela inquiriu e descobriu que era Cho, com o seu silêncio militante, os seus poemas sinistros, óculos escuros e boné castanho sempre colocados, o causador da debandada de alunos e não fastio criativo. Esta é a história que contou ao Washington Post. Talvez estas manifestações criativas fossem indícios de distúrbios psíquicos sérios ou talvez não, talvez o massacre tenha sido despoletado por um factor completamente imprevisível ou longamente planeado.Pessoalmente penso que ou Cho deixou um diário muito explicadinho debaixo da alcatifa do quarto ou nunca iremos perceber porque disparou e matou, não obstante as notas já divulgadas. Suplício terrível para os colegas, estudantes e professores, e familiares das vítimas para quem a ausência de uma explicação cabal tornará ainda mais difícil aceitar e ultrapassar esta perda absurda.
A propósito pergunto-me o que escreveria Stephen King aos 23 anos quando estudou na Universidade do Maine. Sei que ele era contra a guerra do Vietnam, não sei se era anti-belicista nem o que poderia pensar da célebre Segunda Emenda da Constituição americana, nem que ideia fará dos recentes acontecimentos em Virgínia Tech. De delírios criativos violentos está a literatura cheia. Não necessariamente significando que assim sublimam potenciais assassinos as suas pulsões. Mas imaginemos que eu, que até gosto muito de escrever, elaborava uma história ainda mais gore do que a de Cho e que a dado momento me apetecia fazer carreira de tiro da muito próxima Universidade de Coimbra. Todos sabemos que teria ainda de dar uma série de voltas até conseguir adquirir uma boa arma. É que o Jumbo ainda não vende, nem o Continente, nem a loja dos chineses ali na esquina.
Dos diversos vídeos da NBC cito dois, o primeiro porque me impressionou pela negativa, em que o dono da loja onde Cho comprou a arma, John Markell, dizia que este lhe tinha parecido um normalíssimo estudante universitário – expliquem-me porque há-de precisar um normalíssimo estudante universitário de comprar uma arma tão potente e Washington permitir-lhe que o faça – e outro, pela positiva, onde Zach Petkewicz, um estudante que barricou a porta da sala de aula com mesas impedindo Cho de ali entar, assim se resguardando e aos colegas da morte, respondeu à pergunta do entrevistador da NBC, se a sua reacção se tinha ficado a dever a bravura ou adrenalina, que esta se tinha ficado a dever a um misto de medo e adrenalina e vontade de sobreviver. É isso mesmo, rapaz, medo. Pequena grande entrevista, perfeitamente lúcida e sensível de um estudante americano que não merecia um país assim, pensem bem, ir para a Universidade para ter medo?! God bless Portugal. Aqui podemos ir para Universidades que funcionam pior que mal (e mesmo assim ainda conseguimos chegar a primeiro-ministro) mas o único medo que ali sentimos é o de chumbar o ano e levar uma repreenda tal dos pais que até a Terra treme e a Lua cai do céu. À semelhança do sucedido após Columbine, reacendeu-se (será que alguma vez se apaga?!) o debate entre os americanos que defendem a necessidade de controlo sobre as armas e os que defendem a Segunda Emenda com unhas e dentes. Repito: com unhas e dentes.
Recolhi apenas um comentário na blogosfera (blog do The New York Times) onde Don Williams – não faço ideia de quem ele seja, possivelmente um americano comum, com discurso típico de membro da NRA (National Rifle Association) – responderia assim à minha questão de saber porque haveria um normalíssimo estudante universitário de comprar uma arma potente e o Governo americano de dar-lhe a sua benção, desta forma esmagadora:” The ONLY thing which ensures that the US government will not collapse into a dictatorship is 300 million citizens possessing 200 million guns and ready to fight for their rights.” Texto integral segue abaixo.
“The worst spree killing ever — 1982 in South Korea — was done with grenades stolen from a police armory. The third worst spree killing — in 1938 in Japan –was done with Japanese swords(silent –hence no alarm ). The Red Lake High School shooting were done with a firearm that the shooter had stolen from his policeman Grandfather –after killing his grandfather while the grandfather slept. If you look at the larger set of “mass murders”, you see that firearms play no part — bombs or arson is the tool. Look, for example, at the 87 people killed in 1990 when Julio Gonzalez set fire to a crowed New York City nightclub. Or the Oklahoma City bombing, which killed 168. If you look at the advocates of gun control, you see a deep callousness. These advocates disarm law-abiding people and then do nothing when the victims they have disarmed are slaughtered like sheep. We have already noted how gun control advocates on the Virginia Tech faculty banned possession of firearms by licensed owners — and then did nothing to protect the people they had disarmed.But you see the same thing elsewhere. In Washington DC, Baltimore, and Philadelphia the gun control advocates have disarmed the residents of poor neighborhoods — and then stood by and let those poor residents be killed in the hundreds for lack of adequate police protection. The gun control advocates want dictatorial control over their fellow citizens –but accept no responsibility associated with that power. The other thing you will notice in the rants of gun control advocates is aggression. They lack the courage to physically confront criminals but they are well prepared to use the massive power of the state against innocent gun owners. To punish and imprison. This is important because a look at mass murders shows that to get a real high body count, you need a legal government. Hitler’s Nazi Germany, which killed 5+ Million. Stalin’s Soviet Union –which killed millions. Or the US government — which burned hundreds of thousands of women and children alive in napalm strikes against German and Japanese cities in WWII. And has been prepared to nuke a hundred million into ashes since.We hear so much about how Europe and Asia are not as “violent” as the USA. But the multiple, massive genocides of the 20th Century occurred in the Eurasian garden spot. And to the extent that democratic republics –vice military dictatorships — exist on this planet, they exist because of the example of the USA. The ONLY thing which ensures that the US government will not collapse into a dictatorship is 300 million citizens possessing 200 million guns and ready to fight for their rights. We have already seen how two-faced lawyers can wipe themselves with the paper rights in the Constitution: habeas corpus -Gone. Right to trial by jury –gone. Ban of cruel and unusual punishment–gone. Ban on search and seizures absent warrent issued by an independent judge: gone. But we will throw the bums out in the next election? Not really — rich elites ensure that you will only get to choose which of two bums will rule. Plus there’s no right to vote written into the Constitution, is there? So if the American people are disarmed, what will protect them from the rise of a dictatorship? Well, gun control advocates don’t have to address that question. Remember, they don’t accept responsibility for the circumstances of what they do. — Posted by Don Williams
Comentários
olhamos para esta tragédia e de imediato nos recordamos dessa obra-prima chamada "Elephant" do Gus Van Sant e o cinema fala por si... depois há sempre esse filme choque intitulado "Kids".
um abraço cinéfilo
paula e rui lima