Caderneta de cromos Panorama zoológico: não vendo nem troco por nada
Esta TV é o equivalente do vira-lata que encontrou um dono piedoso. Se depender de mim vou guardá-la para sempre. Ninguém mais lhe dá valor. Só eu. Foi ali que vi, na minha infância, um programa chamado Expedição, ( El hombre y la tierra) penso que em parte por causa dele quis ser veterinária!! Félix Rodríguez de la Fuente era o meu herói. Era transmitido aos Domingos, próximo da hora de almoço, depois da Eucaristia Dominical. Travava eu uma luta desigual porque coincidia com a bastante mais sagrada hora da refeição familiar e eu, criança, queria era ver a bicharada, e os meus pais, adultos, queriam era que eu cumprisse horários e o ritual da refeição em família. Eles ganhavam. Eu comia tudo à pressa, pouco e mal, e regressava, logo que podia, ao sofá de napa vermelha e pernas cónicas de madeira, sem sobremesa, engasgada, mas lá estava eu a olhar de novo a bicharada a preto-e-branco. Ainda me lembro da música de abertura e do genérico. Só muito mais tarde chegariam a televisão a cores e programas verdadeiramente excepcionais sobre a Natureza, como o Planeta Vivo. Continuo a ver documentários sobre a vida animal sempre que posso porque há sempre novas descobertas, ou uma nova perspectiva ou um animal que desconhecia. O último que vi foi sobre a fauna em Madagáscar. Não. Minto. Foi sobre salvamento de orangotangos capturados por caçadores furtivos na Indonésia. Mas de vez em quando ainda dou por mim a folhear o Panorama Zoológico!Eram 250 cromos de cores berrantes sobre o reino animal. Talvez por isso ainda hoje sei o que são antrópodos e nunca direi que Ofídio escreveu A arte de amar!
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