2026: entra com o teu melhor pé!

 





"Entrar com o pé direito" é uma superstição com origem na Roma Antiga, onde o lado direito simbolizava sorte e o esquerdo, azar. Logo, entrar num lugar ou começar algo com o pé direito significava desejo de um bom começo, sorte e energias positivas para o futuro. Coisa simples, simbólica, inofensiva. Por anos e anos. Hoje? ”Tempora mutantur et nos in illis”.

Já ninguém pode ser ingenuamente festivo! É tudo uma chatice polarizada. O pé direito anda em campanha insistente, nostálgico da sola grossa bem assente no chão da pátria, não vá alguém entrar em 2026, ou em qualquer outra dimensão do universo, a tropeçar na diferença, na tolerância ou na empatia, esses calos da existência humana, ou fungos mal amados, com que o pé esquerdo, livre e nu, perfumado de laranja e lima, convive sem receios. É uma bela açorda. Porque já estou de pé atrás com tudo isto, e porque está um frio do caraças, ocorreu-me dizer a todos que entrem em 2026 de pantufas! Só que temo ser logo ser vista como o produto de um país acomodado e sem mentalidade à Ronaldo, sempre à espera que lhe ordenem o que fazer com os pés. Mas porque raios é que já não se pode festejar como em 1999? Para onde caminhamos se dar um inocente passo bêbedo em frente pode ser um acto político?

Nota de rodapé! Depois de muita ginástica mental encontrei uma expressão inócua: Entra em 2026 com o teu melhor pé! O que vos parece? Estarei safa? Ou parece uma coisa muito à la Ronaldo?

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