A exposição dos nossos dados pessoais no dia a dia


Ricardo Garcia, jornalista, escreveu uma crónica sobre este tema no site da Fundação, a que acedi via Facebook. O texto é longo, apesar de bem escrito, então eu fiz um resumo muito mais simples, apenas para não me esquecer desta situação e também para alertar os incautos. É, de facto, ridículo, quando por vezes nos apercebemos que o nosso número de telemóvel foi apropriado por alguma empresa e ali estamos a atender a chamada de alguém incumbido de nos apresentar uma proposta comercial. Por vezes falta-nos, ou a mim, falta-me, alguma calma para reagir delicadamente com essa pessoa que é a última a ter culpa do sucedido, regra geral um operador a quem foi passada uma tarefa.

Sobre este tema é bom conhecer o Regulamento Geral de Proteção de Dados. O RGPD, é um diploma Europeu (EU 2016/679) que determina as regras relativas à proteção, ao tratamento e à livre circulação dos dados pessoais das pessoas nos países da União Europeia.

No mundo digital em que vivemos, os nossos dados pessoais são constantemente recolhidos, muitas vezes sem que nos apercebamos. Desde o momento em que acordamos até ao fim do dia, diversas atividades quotidianas expõem as nossas informações. Isso é maus? Pode ser, desde logo estamos a ser vulneráveis à monitorização, depois vem o uso comercial desse manancial de informação e, em alguns casos, a riscos de segurança.

Logo pela manhã, ao tomar o pequeno-almoço e consultar as redes sociais, partilhamos dados como os nossos interesses, localização e interações. As plataformas registam os conteúdos que visualizamos, os comentários que fazemos e os perfis com os quais interagimos, criando um perfil detalhado do nosso comportamento online para personalização de anúncios e recomendações.

A caminho do trabalho, se utilizarmos uma portagem eletrónica ou um passe de transportes públicos, os nossos movimentos são rastreados. Os sistemas registam horários, itinerários e métodos de pagamento, dados que podem ser usados para análises de mobilidade ou, em alguns casos, partilhados com autoridades.

No local de trabalho, ao utilizar um computador profissional, podemos estar sujeitos à monitorização do empregador. E-mails, acessos a sistemas, tempos de utilização e documentos podem ser analisados para garantir a segurança da informação ou para avaliar a produtividade.

Durante o almoço num restaurante, ao pedir uma fatura com NIF, os dados ficam registados nos sistemas fiscais, permitindo a identificação dos nossos hábitos de consumo. Se o pagamento for realizado por cartão bancário, os dados financeiros também são processados e armazenados por bancos e serviços de pagamento.

Mais tarde, ao utilizar uma aplicação para encontrar uma loja, fornecemos informações sobre a nossa localização e interesses comerciais. Muitas apps utilizam esses dados para publicidade segmentada e podem partilhá-los com terceiros.

Na loja, câmaras de segurança podem registar a nossa presença e comportamento de compra. Algumas lojas utilizam tecnologia de reconhecimento facial ou inteligência artificial para analisar padrões de consumo, cruzando-os com históricos de compra anteriores.

Ao chegar a casa e ligar a luz, os contadores inteligentes registam o consumo elétrico e podem indicar os horários em que estamos presentes. Empresas de energia podem utilizar esses dados para otimização de serviços, mas também para análise de padrões de utilização.

Por fim, ao pesquisar online por alojamento para uma escapadela de fim de semana, partilhamos o nosso IP, preferências e histórico de navegação. Algumas plataformas utilizam esses dados para personalizar os preços apresentados, podendo resultar em tarifas mais elevadas para utilizadores que demonstram maior interesse em determinada localização ou tipo de alojamento.

Assim, sem nos darmos conta, ao longo de um dia comum, expomos um vasto conjunto de dados pessoais. Estes cenários realçam a importância de uma maior consciência sobre privacidade e proteção de informações, incentivando práticas mais seguras no uso de tecnologia e serviços digitais.

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