Black Doves: não deixe para o ano a série que pode ver já hoje!
Ter tempo livre é maravilhoso e estou decidida a aproveitar estes dias ao máximo. Consegui ver uma série de TV em duas partes, 3 episódios cada noite. A última que vi foi Shogun. Estava alheada da oferta recente e pedi dicas aos meus amigos do Facebook que me devolveram um rol de títulos de filmes e séries, alguns antigos, outros recentes. Andei a ver trailers e a ler críticas e quando dei por mim já era bem tarde. Então abri a TV e acabei por ver uma série que aparecia bem cotada, mas não foi isso que me levou a escolhê-la. Em suma: para não agradar apenas a um, escolhendo a sua sugestão, acabei por desagradar a todos, ignorando todas!
Escolhi a minissérie Black Doves que foi criada e escrita por Joe Barton, conhecido também pelo trabalho em Giri/Haji. Gostei muito desta série e foi por isso que escolhi Black Doves. Keira Knightley e Ben Whishaw são os principais protagonistas, ambos com carreiras de destaque em produções como Orgulho e Preconceito e A Very English Scandal, respetivamente. O elenco era simpático, embora não seja grande fã de Keira Knightly. (Mas fiquei positivamente surpreendida com a sua "Helen Webb"! Com" sensibilidade e bom senso" a actriz conseguiu equilibrar as duas facetas diferentes da personagem com grande mestria, é um óbvio triunfo. ) Espero que façam uma segunda temporada. A minissérie, estreou agora, em dezembro de 2024, era “fresquinha”, e isso agradou-me também. Explora um suspense de espionagem em Londres, com uma narrativa complexa sobre segredos, vingança e conspiração. Não queria nada muito sério, nem muito longo, seis episódios pareceram-me bem.
Keeira Knightley e Ben Whishaw vivem identidades duplas. Como seria de esperar, nada é o que parece. Ela é mulher de um político em ascensão, mãe extremosa, consumida ela culpa de ter colocado em perigo a sua família, mas desejando vingar a morte do amante, com quem tinha estabelecido uma profunda ligação. Ele é um agente de seguros, gay, apreciador de champanhe, com um passado comprometido por um negócio falhado que não lhe dá tréguas e um coração destroçado por uma separação amorosa. Ela também pertence a uma organização secreta não governamental que transaciona segredos de estado e que se move pelo lucro, sem considerações morais, ele, que parece inofensivo e frágil, é um assassino a soldo, com um código, uma consciência. Diria que se trata de um elegante thriller de espionagem, com uma pitada de drama, em tom de comédia de humor negro. As interpretações são sólidas, as personagens que vão surgindo, divertidas, cativantes: as jovens assassinas Williams e Eleanor; a gangster Lilly; um jovem agente da CIA, filha do embaixador chinês, etc. A história que dá bastantes voltas até se explicar, que começa pequena para a dado momento se revelar uma conspiração capaz de envolver potências mundiais, é um presente de natal que vem muito bem embrulhado em estéticas formidáveis: Londres é sempre fotogénica, seja noite ou dia, os interiores domésticos ou não, sempre fantásticos, e a atmosfera natalícia, decorações e música, rapidamente acrescenta tanto um toque de magia como de absurdo a algumas cenas. Aqui e ali irrompem algumas bem violentas onde o sangue jorra e salpica, ou os corpos se amontoam, há explosões, há lutas corpo a corpo, e há também uma sinceridade nas personagens que nos faz interessar por elas ainda que não nos pareçam, todas, inteiramente verosímeis. Não se trata de uma série para pensar muito, comecemos a fazer isso e vamos estragar tudo. É apenas entretenimento ligeiro, mas envolvente. Para apreciar Black Doves deixe a lógica de lado e prossiga descontraidamente que no final vai sentir-se recompensado. Apenas uma nota: não deixe para o ano a série que pode ver já! O facto de estarmos em cima da época natalícia cria uma sintonia favorável para assistir, ainda que Black Doves não se encaixe no típico clássico de Natal!
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