O Dia da Espiga: uma canção de 1926

 


Ó – i – ó – ai,
Esta vida é uma cantiga
Este dia d’alegria
Vale um ano d’aflição.

Ó – i – ó – ai,
Porque este dia da espiga
É o arauto do dia
Em que o trigo há-de dar pão.

Jorra o vinho dos pichéis
Para os lábios das moçoilas,
Mais vermelhas que papoilas
Co’as larachas dos Manéis
E há merendas pelos prados
Gargalhadas pelo ar…
E à beirinha dos valados
Ouve a gente murmurar:

Maria, são teus olhos azeitonas!
Cachopa, são teus lábios qual cereja!
E os teus seios, cachos d’uvas que abandonas
À vindima desta boca, que os deseja.

Tomam todos os caminhos
Um sabor de romaria,
E até mesmo os pobrezinhos
Fingem ter certa alegria…
E na volta, já sentindo
Que foi tudo um sonho vão,
Ainda há ecos, repetindo,
Pelo espaço esta canção.


Recordando uma canção que a minha avó costumava cantar,  “A Espiga” ou “O Dia da Espiga”, que tem letra de Silva Tavares e música de João Alves Coelho. Foi composta para a revista “Cabaz de Morangos”, uma criação de Deolinda de Macedo, que estreou no Eden-Teatro, em Lisboa, em 1926.






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