Desconfinar o riso, é bem preciso.




Traduzi e comentei umas frases em inglês por não ter nada de melhor para fazer de momento. Averiguei mas não consegui identificar o seu autor ou saber de onde foram retiradas. Se alguém souber, por favor indique nos comentários para eu atribuir a autoria.

- Quando uma porta se fecha e outra se abre,  provavelmente vocè está na prisão.

( Quando uma porta se fecha outra se abre. Mas nós quase sempre olhamos tanto e de maneira tão arrependida para a que se fechou, que não vemos aquelas que foram abertas para nós. Foi
Alexander Bell, o tipo que não inventou o telefone, quem escreveu esta frase. Mas quando eu entro no meu prédio e a porta da rua se fecha atrás de mim, eu abro uma nova porta e estou em casa. O confinamento fez-nos sentir prisioneiros nos nossos lares. Tenho-me lembrado daqueles que são condenados a "prisão domiciliária", quase sempre considerados uns felizardos pelo cidadão recto. Sim, somos tão felizes nas nossas casinhas que durante o confinamento alguns de nós até se lembraram de ir passear trelas à rua para poderem arejar.

- Para mim, "beba com responsabilidade" significa não derrame uma gota.

( Sim, absolutamente! Primeira regra do clube dos apreciadores de álcool, e não me refiro ao álcool gel: evite os espingalhos. Que grande desperdício baptizarem navios com champanhe! E aqueles banhos de champanhe na Formula 1? Desperdício e falta de consideração. O bom do álcool que tem acompanhado o homem desde o princípio dos tempos merecia um  lugar digno no pódio. O homo sapiens devia era chamar-se Homo imbibens! Afinal, existe mais algum animal que beba vinho?! Nunca esqueça: o vinho tinto contém polifenóis, compostos antioxidantes! Confesse lá, um copo de vinho foi a sua companhia perfeita neste confinamento? Um copo de vinho numa mão, um tablet na outra e uma tablete de chocolate na mesa. Bem vindo ao clube. Ainda vou ter saudade das happy hours do Zoom. N.B: Beba sempre com moderação e às vezes perca a cabeça. )

- Quando digo "No outro dia", posso estar a referir-me a qualquer momento entre ontem e 15 anos atrás.

( Sim, nunca sei a quantas ando, e mais agora, em confinamento, quando os dias me parecem todos iguais. Dantes uma pessoa vivia para o fim de semana. Festejava a chegada da sexta-feira e resmungava com a chegada da segunda. Agora é tudo a mesma coisa ou quase. Nem sei para que comprei uma Agenda. Devia ter aprendido a lição em 2020! )

- Entrevistador: "Fale-me um pouco sobre você."

Eu: "Prefiro não falar. É que eu quero este trabalho."

( Deviam multar recrutadores que perdem o seu tempo e fazem perder o tempo aos candidatos com perguntas que não revelam nada de útil. Espero que as entrevistas de trabalho virtuais tenham vindo para ficar: é de bradar aos céus obrigar os candidatos a fazer deslocações, por vezes longas e dispendiosas, para comparecer numa entrevista onde fazem meia dúzia de questões patetas e dão respostas vagas. )

- Agente da polícia: "Por favor, saia do carro."

Eu: "Estou muito bêbado. Porque não entra antes o sr.?"

( Não. Apesar de ser uma grande apreciadora de vinho posso dizer que nunca me sentei ao volante sem estar na plena posse das minhas capacidades circulatórias: não, nunca tive a circular nas veias uma taxa de álcool igual ou superior a 0,5 g/l. Recordo-me que um dia, acabada de chumbar no exame de condução, por excesso de velocidade, (!) e mais alguns desaires, chamei um táxi. Em conversa disse ao taxista que tinha ficado tão nervosa no exame de condução que tinha chumbado e que era por isso que estava contratar os seus serviços. Conselho do taxista: antes do próximo exame eu deveria beber um copinho ou dois de vinho do Porto. )

- Lembro-me de ser capaz de me levantar sem fazer efeitos sonoros.

( A minha história ao longo destes dois anos inlcui vários a.C/ d.C, isto é, antes do confinamento e depois do confinamento. Se não morres da doença, morres da cura, diz o povão. A falta de movimentação está a matar-nos lentamente. Se ainda não enferrujaram de todo, parabéns. A Carolina Patrocínio anda num afã a ver se faz a espargata. Eu nem com os dedos da mão tento fazer a espargata com receio que partir qualquer coisa. Também tento não pensar na gordura que se acumulou, -  a. C / d. C, isto é, antes das calaorias, depois das calorias, -  além da ferrugem. O dia do grande teste aproxima-se: é quando eu for buscar as roupas frescas ao baú. )

- Tive a minha paciência testada. Deu negativo.

(Testar! É preciso testar em massa! Esta semana vão ser lançados auto-testes de antitigénio: é o SARS-CoV-2 Rapid Antigen Test Nasal. Vai ser possível zaragatoar o nosso nariz e saber em 30 minutos se estamos positivos ou negativos. Mas há muito tempo que os testes à minha paciência dão resultados pouco animadores.)

- Lembre-se, se você perder uma meia na máquina da roupa, ela volta como uma tampa Tupperware que não cabe em nenhum dos seus recipientes.

( Apesar de tudo sou relativamente organizadinha no departamento das roupas e da cozinha. O drama existe antes no disco do meu computador e nos outros discos externos: por vezes é como tentar encontrar agulha em palheiro. Em tempos de Covid 19, o drama das meias foi substituido pelo das máscaras reuntilizáveis: a que temperatura lavar? Com detergente? Com sabão? Junto com as meias? Na minha máquina de lavar, nada se perde, tudo se transforma. Já me enganei nas temperaturas e agora tenho camisolas que se transformaram e que já só servem ao Peter Dinklage. Felizmente as máscaras reutilizáveis não encolhem.

- Se você estiver sentado em público e um estranho se sentar ao seu lado, olhe em frente e diga baixinho: "Você trouxe o dinheiro?"

( Estou desejosa de testar esta situação. Mas outra hipótese, mais actual, não será antes perguntar: “Você está  vacinado?”

- Quando me perguntar o que estou a fazer e eu disser "nada", não significa que estou livre. Significa que não estou a fazer nada.

( Não fazer nada é ainda fazer alguma coisa? Ou é uma pergunta vazia? Se não é, devia ser, em especial em tempo de confinamento em que fomos obrigados a não fazer nada por mais que quiséssemos fazer alguma coisa! Devíamos todos ser pagos por não fazer nada. Cedo descobrimos que não fazer nada tem muito que lhe diga.)

- 60 anos podem ser os novos 40, mas 9:00 é meia-noite.

(Não, eu sou notívaga, sempre fui e sempre serei. À meia-noite ainda a noite é uma criança. E o sono que  levou uma volta com esta história do confinamento e da ausência de horários e rotinas? Por pouco que não cheguei a deitar-me de manhã e a levantar-me de noite!)

- Finalmente consegui oito horas de sono. Levei três dias, mas de qualquer forma consegui.

(Dormir? Mas quem é que quer desperdiçar tempo a dormir? Isso é bom para os jovens.)

- “I run like the winded. “Eu corro como uma pessoa sem fôlego.” A tradução é uma arte e aqui algo se perdeu: foi um vento que lhe deu. (Não. Eu não corro. Eu recuso-me a correr.)

- Odeio quando um casal discute em público e perdi o começo: não sei de que lado estou.

( Isso é para quem goste de tomar partido. Eu sou uma mera espectadora. A vida dos outros é um filme.)

- Quando alguém pergunta o que fiz no fim de semana, eu semicerro os olhos e pergunto: "Porquê? Ouviu alguma coisa?"

( As paredes são muitas vezes de papel  e não estou a falar de "fusumas", aqueles painéis japoneses feitos de tirinhas de madeira e papel de arroz. O meu sonho era realmente viver num monte alentejano, sem vizinhos. O silêncio é de ouro. A quantidade de vidas que me chegam através das paredes davam para escrever um livro. E, infelizmente, um livro não muito cor de rosa.)

-Não me lembro muito da noite passada, mas precisar de óculos escuros para abrir o frigorífico esta manhã diz-me que foi incrível.

( A festa do pijama dura toda a noite. O pijama faz a festa, eu durmo. Sou uma verdadeira party animal!)

- Quando faço agachamentos, é suposto que os joelhos soem como uma cabra mastigando uma lata de alumínio recheada com aipo?

( Não, eu não faço agachamentos. Isso é para os fracos. Eu é mais flexões. E flexões só com um braço, e flexões com uma perna às costas! Sabem aquelas recomendações da DGS em  tempo de pandemia? Não ficar mais de 30 minutos sentado ou recostado? Pois eu uso um temporizador, o ovo da cozinha, e a cada meia hora, flexiono. Além disso, a outra recomendação, colocar o comando da TV longe, para me forçar a levantar? Levo isso muito a sério. Deixei-o no WC. Assim, quando quero mudar de canal, aproveito e vou ao WC. Com tanta m...que a TV passa, tenho sempre vontade. )

-Não quero interromper as pessoas. Eu apenas me lembro das coisas aleatoriamente e fico muito animada.

(Interromper pessoas? Mas quais pessoas? O pessoal das conferências do Zoom, certo?)

- Quando eu pedir informações, não use palavras como "leste".

( Nunca peço informações. Tenho orgulho em safar-me sozinha, com o meu GPS, o meu telemóvel, os meus mapas, bússola, estrelas no céu, posição do sol. Eu descendo de grandes navegadores. Eu oriento-me!)

- É o início de um novo dia! Acabei de partir como um rebanho de tartarugas.

( Já ouviram falar de “herd immunity”? A imunidade de grupo? A imunidade "de rebanho"? Já não sei em que ponto da pandemia Covid 19 nos encontramos, não sei se estamos longe ou perto da “imunidade de rebanho”, mas é provável que o processo de imunidade esteja a ser de tartaruga.

- Não se preocupe em andar um quilometro e meio com meus sapatos. Isso seria chato. Passe 30 segundos na minha cabeça. Isso vai assustá-lo.

(Garantido.)

- Aquele momento em que você entra numa teia de aranha e se transforma num mestre de karaté.

(Apesar de não ser uma grande mulher, a ideia de entrar numa teia de aranha, como quem entra num portal para outra dimensão, provoca-me imediata comichão no corpo todo. )

- Às vezes, alguém inesperado entra em sua vida do nada, faz seu coração disparar e muda você para sempre. Chamamos polícias a essas pessoas.

(Este cenário é muito variável. Em Portugal, durante o confinamento? Ou nos EUA, a qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer circunstância, se os envolvidos forem brancos e negros? Nos EUA, por vezes, as pessoas mudam tanto que até acabam mortas.)

- Quanto mais velha fico, mais cedo fica tarde.

(Esta é uma velharia que já vem tarde.)

- A minha sorte é a de um careca que acabou de ganhar um pente.

(Regra geral, sim, mas podia sempre ser pior, não?)

Comentários

Jovita Capitão disse…
Muito bom! Este post valeu umas boas gargalhadas. :)