E uma chávena de chá de fruto de Bael




É quase como um prenúncio do Outono:ontem bebi uma chávena de chá. No Inverno é uma bebida quase diária, no fim do jantar. Não importa muito do que seja desde que possua um bom aroma e esteja quente. Junto mel… ou não, se me lembro que o mel é muito calórico! 

Há um mês atrás, em Coimbra, fui aliciada por uma boa vendedora a provar um chá. Gostei e trouxe uma caixa. É ligeiramente amargo e intenso, muito distante das infusões comuns de ervas tipo camomilas,cidreiras e afins. Aproxima-se muito mais do tradicional chá preto. E o sabor permanece na boca muito depois de o termos terminado. Na altura não sabia nada sobre o fruto de Bael. Agora fui pesquisar. É um fruto afamado sobretudo por razões medicinais. Todavia o chá é demasiado agradável para ser encarado como remédio!A indicação que me deram e que vem na embalagem é que ele é indicado para alívio da indigestão.Todavia, ao começar a procurar informação, descobri que o frutinho é quase milagroso!É indicado contra imensas maleitas,viroses, e até, imagine-se, para tratar a melancolia!!!

Originário da India, o Bael existe no estado selvagem ou então cultiva-se sendo o fruto, neste caso, um pouco maior. A polpa madura é amarela,e as sementes são bastantes e cabeludas;se não está madura é verde acinzentada.Pode ser comido fresco,ao natural. Ou então faz-se em pickle (conserva em vinagre), e sherbet,(uma bebida doce), marmelada e xarope. Mas também se corta em fatias que secam ao sol e é delas que se faz o chá. As folhas novas e rebentos são comidas na Tailândia e na Indonésia. Na Tailândia os monges não podem comer durante a tarde. E então bebem chá de Bael ao anoitecer para acalmar o desconforto da fome! Mas na árvore tudo é medicinal: as raízes, a casca, as folhas, os frutos, polpa e casca. Quando os portugueses chegaram à India chamaram-lhes marmelos, os franceses, oranger du Malabar e na realidade ele faz lembrar uma laranja e pertence à família botânica:daí Aegle marmelos! Aegle vem de Hespérides, em homenagem ao fruto dourado. As Hespérides são donas dos jardins mais famosos da mitologia grega:aí havia uma macieira onde nasciam pomos de ouro. A árvore,também sagrada na Indonésia e Malásia, é encontrada na proximidade dos templos na India pois as folhas são usadas como oferenda tradicional à deusa Shiva. 

Algumas das mais comuns indicações terapêuticas:a polpa e a casca do fruto são ricas em taninos e daí serem usadas contra a disenteria e cólera. Mas, se maduro, é um laxante suave. Isto é um pouco estranho mas aparece em vários textos, pelo que deve ser mesmo assim. O suco das folhas misturado com mel é indicado no tratamento do catarro,deficiências respiratórias e febre; mas uma infusão das folhas é aconselhada para tratar a úlcera péptica;a casca da árvore é usada no tratamento da malária. E não fui exaustiva! E a terminar uma nota que me deixou curiosa:os artistas plásticos adicionam a polpa do Bael às aguarelas e também dão uma demão de Bael nas pinturas para as proteger...


Um link para mais informação:

http://tea.suite101.com/article.cfm/bael_fruit_what_it_is_where_it_comes_from

Comentários

mariabesuga disse…
É ancestral o hábito de usar os recursos que a natureza nos oferece em estado selvagem...

Da Índia trouxe vários tipos de chás. Branco, vermelho, verde... Em vários tipos de misturas. São tomados com um pouco de leite. Trouxe inclusivé uma peça que é composta de um suporte feito de forma muito básica que leva 4 copos para servir o chá. Comprei-o a um menino que andava a vender o chá na rua. (não é aconselhável tomarmos nós europeus o chá ou qualquer outra coisa assim servida...)

Originário da Índia só pode ser muito bom e denso em termos de sabor que pode ser aliviado usando para a mesma quantidade de água menos ervas ou misturando como é hábito lá um pouquinho de leite.

De resto, chás também são muito consumidos aqui em casa. Sempre.
São muito bons também os dos Açores da Gorreana. Os verdes principalmente.

Bom... uma boa chávena de chá sabe sempre bem...