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A mostrar mensagens de 2021

Feliz Ano Novo 2022

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Ano Novo De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto devemos: Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro... Fernando Sabino, O encontro marcado  

Don't look up - todo o filme catástrofe começa com o Governo a ignorar um cientista

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  A cada vez que chamam “genial” a “Don’t look up”,  um cometa despenha-se sobre a minha cabeça. Gostem. Gostem muito. Mas...genial? Ó gente, não acham que estão a exagerar uma beca? Ainda ontem escrevia que sim, sim, que o filme reflete a realidade. Isso parece ter empolgado muitos. Mas que o espelho do meu WC também reflete a minha cara. O que tem isso assim de tão genial? E se eu posso ser absurda! Era uma ideia gira, era, saber o que aconteceu à raça humana que nem perante a eminência da extinção é capaz de se unir em torno da solução. Já a constatação de que perante o anúncio de um desastre nada se faz, nem o Governo, nem os media, nem quem podia agir, não será assim uma grande novidade, pois não? Olha o meme: “ Todo o filme catástrofe começa sempre com um cientista a ser ignorado pelo Governo.”. Esta realidade a gente conhece bem. Quando avisados sobre potenciais perigos, ainda que por “especialistas”, protela-se, empata-se, remedeia-se até a corda estar no pescoço. Então é, muit

A Árvore das Botas

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Por razões várias cheguei à antevéspera de Natal sem decorações natalícias em casa, e, como muitos de vós, com afazeres de última hora a acumularem-se. Uma mudança de planos levou-me à constatação de que seria meio triste receber familiares numa casa tão nua de decorações ainda que plena de espírito natalício. Vontade de ir à garagem catar caixotes e sacas em busca da árvore e decorações é que não havia. Nem vontade nem tempo. Então lembrei-me da árvore da Svetlana! Mas é claro! Fazia uma num instante.  Depois das livrarias e das casas que vendem materiais de pintura e papelaria, as lojas de materiais de artesanato e bricolage são as minha predilectas para deambular. Ao longo de anos de prospeção acumulei uma arca de materiais de artesanato que já davam para abrir e manter a funcionar um canal de "crafts" no Youtube por um ano. Tinha tudo o que era preciso. Num Dezembro qualquer de há muito tempo, fui com a Ana, uma colega de formação que então frequentava, a casa da Svetlana

A fava - Um poema de Vasco Graça Moura

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Espero que me calhe aquela fava que é costume meter no bolo-rei: quer dizer que o comi, que o partilhei no natal com quem mais o partilhava numa ordem das coisas cuja lei de afectos e memória em nós se grava nalgum lugar da alma e que destrava tanta coisa sumida que, bem sei, pela sua presença cristaliza saudade e alegria em sons e brilhos, sabores, cores, luzes, estribilhos... e até por quem nos falta então se irisa na mais pobre semente a intensa dança de tempo adulto e tempo de criança. Desejo um FELIZ NATAL a todos os meus amigos e seguidores E mais algumas árvores de Natal! Decorações de Natal: E só mais esta: a árvore pós-Natal:

José Saramago: a minha técnica narrativa

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Todas as características da minha técnica narrativa actual (eu preferiria dizer: do meu estilo) provêm de um princípio básico segundo o qual todo o «dito» se destina a ser «ouvido». Quero com isto significar que é como narrador oral que me vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem lidas como para serem ouvidas. Ora, o narrador oral não usa pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras. Certas tendências, que reconheço e confirmo (estruturas barrocas, oratória circular, simetria de elementos), suponho que me vêm de uma certa ideia de um discurso oral tomado como música. Pergunto-me mesmo se não haverá mais do que uma simples coincidência entre o carácter inorganizado e fragmentário do discurso falado de hoje e as expressões «mínimas» de certa música contemporânea... - José Saramago, in Cadernos de Lanzarote (1994) -

Cinema no Netflix: vi Mudo, o filme de Duncan Jones que mais vale esquecer

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Mais um filme para a minha colecção de grandes decepções. Trata-se de Mudo , realizado por Duncan Jones. Tudo acontece em Berlim, lá para o ano 2050. Justin Theroux, o  Kevin Garvey da série The Leftovers, está irreconhecível sob uma peruca loira muito pouco realista. Ele é Duck, um cirurgião americano especialista em próteses avançadas na sua clínica infantil aproveitando o espaço e a tecnologia para dar largas à sua fraqueza como pedófilo. Gosta da sua vida na Berlim do futuro, onde soldados americanos fugidos encontraram refúgio e são constantemente procurados. Paul Rudd, o divertido Homem Formiga, é Cactus, também cirurgião, e aparece aqui bem disfarçado sob farta bigodaça e cabelo desalinhado. Ao contrário do amigo, com quem partilhou experiências de guerra em Cabul, ele detesta Berlim e não vê a hora de deitar mão aos documentos que lhe dão uma nova identidade, para assim poder regressar aos EUA com a filha. Na cave da sua moradia ele atende aos pedidos de Maksim, dono de um clu

Dezembro chegou

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Ted Lasso: um boost de felicidade no meu Outono

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As máximas de Ted Lasso "Don't let the wisdom of age be wasted on you" "Get some sugar in your system" "Have a little hope" "Make the extra pass" "Let yourself enjoy that biscuit" "Go easy on yourself" "Be curious, not judgemental" E ainda... "A wanker is someone who likes to sit alone with their thoughts" É verdade. Outono do meu descontentamento. Quando o mês de Outubro acaba deixa-nos a sua herança habitual, a irritante mudança de hora que ilumina melhor as manhãs mas deixa o nosso entardecer mais escuro.  Essa luz é vítima da marcha dos ponteiros. Morre quando muda a hora. Quem prefere fins de tarde luminosos a manhãs refila ano após ano. Um pouco mais de luz ao final do dia é tão reconfortante! Quem regressa do trabalho ainda tem umas horas luz para bulir ou descansar sem recorrer à luz electrica. Foi o chato do Benjamin Franklin que levantou a lebre no Séc XVIII: de manhã estava tudo a dormir, qua

Nova ladaínha de São Martinho

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  Retirado daqui .  Nova ladainha de S. Martinho com as suas competentes orações. - Lisboa : [s.n.], 1875. - 15 p. ; 16 cm

Três razões e meia para ver a série Watchmen!

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"In an era of stress and anxiety, when the present seems unstable and the future unlikely, the natural response is to retreat and withdraw from reality, taking recourse either in fantasies of the future or in modified visions of a half-imagined past." ― Alan Moore, Watchmen Damon Lindelof. Ficou conhecido como um dos criadores de Lost . Em 2004, creio, é claro que via Lost, embora sem regularidade, e sempre me senti um pouco... perdida. Foi um marco na televisão porque audiências habituadas até aí a narrativas lineares se depararam com situações temporais que envolviam o passado das pessoas sobreviventes à queda do avião, o presente conflituoso na ilha, o futuro, e universos paralelos, além personagens e acontecimentos enigmáticos. Vi o primeiro episódio e vi o último, e, estranhamente, ainda me recordo relativamente bem de um e de outro.  O que entretanto se passou é a  modos que um túnel ou uma núvem de fumo negro. Devem ter sido mais de 100 episódios, várias temporadas. Eu

Em EVIL, série de TV, há sons que apenas os jovens conseguem ouvir

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Há uns tempos vi a primeira temporada de uma série transmitida originalmente pelo canal CBS, focada no sobrenatural de nome Evil . Apesar de razoável nem todos os episódios me pareceram igualmente satisfatórios. A série, feita para TV, não podendo ser muito explícita em termos de terror, consegue explorar situações capazes de nos causar no mínimo desconforto e estranheza, e joga bem com a ambiguidade necessária para alimentar a dúvida sobre os casos que vão surgindo. A actriz  protagonista Katja Herbers tem um desempenho cativante como Kristen Bouchard, sendo, na minha opinião, claro, uma das melhores razões para ver a série.  Abordando mistérios diversificados, Evil examina as origens do mal em manifestações que se situam numa zona cinza capaz de envolver a ciência e a religião e que desafiam o consenso. Uma psicóloga forense não crente, que busca explicações apenas lógicas e científicas, mãe de quatro miúdas e com o marido ausente, uma vez afastada das suas funções em tribunal ali

Diga trinta e três. Uma crónica de António Prata

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Trinta e três. Quem diria. A adolescência foi na última quinta, ainda há resquícios dela na estante de CDs, no seu vocabulário, num canto do armário – uma camisa xadrez que não vê a luz do sol desde um show do Faith No More, em 1997 –, mas são resquícios. Vez ou outra você está no supermercado, comprando saco de lixo, queijo minas light e amaciante, e vê uma turma de garotos e garotas carregando garrafas de Smirnoff Ice e sacolas de Doritos. Você olha para as franjas lambidas dos meninos, para os piercings das meninas e percebe, meio assustado, que aquele é um mundo distante. Sente alguma vergonha do seu carrinho.  Diga trinta e três: trinta e três. Diga: o que você fez? A essa altura da estrada, uma parada é inevitável. Você desce do carro, contempla a vista do mirante. Não é um olhar para trás, como devem fazer os velhos, ao fim da vida – ou devem evitar fazê-lo, dependendo –, mas um olhar em volta: isso aqui sou eu. Daqui pra frente, não vai mudar muito, vai? Já deu tempo de descob

Squid Game, no Netflix, é o verdadeiro "jogo do mata"?

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No recreio da minha escola primária decorreram intensos campeonatos "de vida ou de morte". Riscavam-se as linhas no chão com um calhau. Eram profundas pois todos os dias lhes dávamos um retoque. O campo de jogo era dividido em duas áreas e formavam-se duas equipas de cachopada. Talvez se tirasse à sorte qual a equipa que começava e quem era o piolho, já não me recordo. Os jogadores eram escolhidos um a um. A bola era trocada entre os elementos em campo e o seu respectivo piolho, que alternavam com os adversários, em áreas desencontradas. O objectivo do jogo era matar os jogadores adversários e escapar à morte por meio da bolada. Se a bola nos tocava e caía ao chão morríamos e íamos para o cemitério. Se a agarrávamos podíamos matar o adversário. O morto ia para o lugar do piolho e esse adversário entrava então no jogo. Os seguintes mortos acumulavam-se na zona do piolho, o cemitério. Ambos, piolho e demais elementos, podiam matar. A primeira equipa a ser dizimada, isto é morta