Sobre Fatima, religião e basquetebol


A Nike lançou o hijab desportivo em 2017

Não me surpreenderia que os Portugueses que aplaudiram a sobrevivência de Malala e o seu prémio Nobel pela Paz sejam os mesmos que querem agora mandar a Fatima para o Paquistão por ela querer tapar o corpo. 

Apanhei com atraso a história da Fatima Habib, jovem atleta de 13 anos, que vestiu uma camisola preta, de mangas largas, por baixo do equipamento oficial de basquetebol sendo impedida pela equipa de arbitragem de jogar, e muito bem, por não estar conforme os regulamentos desportivos, no solar Algarve. Fatima é paquistanesa, professa a religião muçulmana que, como sabemos, contém preceitos que exigem recato ao sexo feminino. Vive em Tavira há quase cinco anos com os seus pais, frequenta o 9º ano e está a poucos meses de conseguir a nacionalidade portuguesa. É descrita pelo seu treinador como a melhor jogadora da equipa. Mangas largas e compridas permitem esconder protecções, que dão vantagem, ou que podem magoar os opositores, prendendo as mãos. Não se podem usar, claro; já mangas de compressão, sim, e há muitos atletas de ambos os sexos e religiões  a usarem-nas. A possibilidade consta do regulamento da Federação Internacional de Basquetebol. Não vi ali qualquer gesto de intolerância ou discriminação religiosa ou perseguição por parte da arbitragem. Não vejo onde esteja a afronta  a direitos nem a necessidade de convocação de manifestações de apoio à menina. Também, desde 2017, que a Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) aprovou a utilização do hijab pelas atletas femininas a nível mundial, mas nem era esta a peça problemática em Tavira.

Depressa o assunto em discussão deixou de ser o desporto para ser a religião e a invasão muçulmana de Portugal. Que essa gente só sabe exigir direitos, cumprir obrigações, népia! Qualquer dia, lembra-se a Fatima de exigir que sejam proibidos os fatos de banho e os biquínis nas praias de Tavira e lá vamos nós. Isto é o principio do fim de Portugal tal como o conhecemos. Não se percebe logo o que está em jogo? Avisam-me: a menina quer trazer a sua fé para Tavira. Pode-se lá tolerar que uma infiel venha para cá deturpar as nossas tradições, impor os seus modos e costumes? O pai é um tirano. Se quiser jogar não precisa de se tapar, mas quer que a menina ande toda tapadita, coitada. Não percebes que o que ela veste é um acto político destinado a promover a religião dela em Portugal? Por outro lado, mostram-me compaixão: uma miúda assim, tapadinha dos pés à cabeça, vai morrer solteira, pobrezinha. Vai crescer preconceituosa e atrasada. Nós, os civilizados, não podemos permitir isto. Temos de educar esta espécie de gente. Aliás, o que está uma muçulmana a fazer em Tavira? Quem não está bem, muda-se!

O Paquistão, que em urdu, língua oficial, quer dizer "terra dos puros", é a segunda maior nação muçulmana a seguir à Indonésia. O país da Fátima é um cheio de contrastes. Por exemplo, em Islamabade, a capital, uma cidade planeada de raiz nos anos 60, verdejante, rodeada de montanhas, ordeira, verdejante, encontram-se zonas ocidentalizadas, até com lojas que vendem marcas europeias e americanas, para turistas e gente endinheirada, que também a há no Paqusitão a par de uma multidão de pobres, que habitam, por exemplo ao redor, noutras cidades bem diferentes. Foi construída para substituir Karachi naquele papel, que era pouco central,  junto ao mar, a maior cidade do país, de população e poluição crescentes, um agitado centro industrial e financeiro, amontoado de arranha-céus, construção caótica,  shoppings vibrantes e guetos pobres, onde habitam o crime e drogas, o rap também; os transportes são miseráveis, os acessos sofríveis e apenas metade do lixo produzido diariamente é recolhido e tratado. Já Lahore é a capital cultural do Paquistão, com arquitectura britânica do período colonial, museus, mesquitas, mercados.

Atravessado pelas duas maiores cadeias montanhosas do mundo — a cordilheira dos Himalaias e o Hindu Kush —, o Paquistão conta com 108 picos elevados, incluindo o K-2, o cume mais alto a seguir ao Evereste. A geografia é acidentada mas atraente, existem recantos belíssimos, território até de lendas, como o vale de Hunza. Os modos de vida actuais vão do urbano chique ao mais tribal. Experimentem ver uns vídeos em blogues de viajantes. Todos mostram os turistas encantados com os paquistaneses, o povo é na sua maioria pobre que dói, mas pacífico e generoso. Por várias vezes leio que nunca pedem nada aos estrangeiros nem os incomodam. Serão hipócritas ou terão corrompido os estrangeiros viajantes para eles dizerem tão bem daquele fim do mundo? Então não são "bombas-humanas" à espera que nos cheguemos perto para nos explodirem em pedaços? Dizer que todos os 200 milhões de habitantes são terroristas - estávamos tramados se assim fosse - é o mesmo que dizer que todos nós somos corruptos. Mas surpreende observar tamanha hospitalidade. 

Fico sempre assim quando leio estas coisas, turistas a dizerem que é seguro ir ao Paquistão: os média não contam esta história, ficam-se pela violência e misoginia. Claro que existem cuidados a observar e áreas de perigo a evitar: fazer selfies para o Insta nas fronteiras com o Afeganistão, Irão, Índia poderá ser um grande erro. Nestas zonas refugiam-se talibãs, grupos islâmicos radicais, esses sim, temíveis, embora os ataques terroristas tenham vindo a diminuir no país. Foram eles que instilaram medo nos paquistaneses, doutrinaram jovens para as suas fileiras, que, sendo analfabetos, privados de quase tudo, nada tinham a perder sendo facilmente manipuláveis. Foram ensinados a louvar a violência e a liquidar os infiéis, uma autêntica lavagem cerebral. 

O Território Federal das Áreas Tribais, montanhoso e subdesenvolvido, situa-se no noroeste do país e faz fronteira com o Afeganistão. Ali vivem mais de três milhões de pessoas, na sua esmagadora maioria pashtune.  Em 2014, um casal cristão paquistanês foi espancado e queimado num forno de olaria até à morte na província paquistanesa do Punjab. Os dois tinham 30 anos; a mulher estava grávida. Existem cristãos no país. E há também os Ahmadi. Essa comunidade é considerada pelo governo como uma minoria religiosa não-muçulmana. A brutalidade estadual é uma realidade, as matanças extrajudiciais são usadas pela polícia e as forças de segurança paquistanesas, como táctica contra movimentos de grupos étnicos marginalizados: Pashtuns e também as comunidades Baloch e Muhajir

Apesar de toda esta bela propaganda dos influencers, do "Já fui muito feliz no Paquistão", há, pois, muito do que fugir no Paquistão, essa é a verdade. A discriminação e a violência contra a mulher marcam o quotidiano do país e são difíceis de ignorar. Sabendo da cultura patriarcal e estruturas sociais conservadoras ali dominantes, sem grandes consequências para os perpetradores dos crimes, em especial os "crimes de honra"- em que as mulheres são mortas por parentes por apresentarem suposta conduta imoral ou nociva para a honra da família, - só posso ficar contente por saber que esta jovem adolescente está a viver no nosso Algarve. Mulheres podem ser esfaqueadas, lapidadas, queimadas e estranguladas simplesmente por terem rejeitado um casamento arranjado, terem-se apaixonado e/ou casado com alguém por si escolhido, pondo em causa dos valores da família, podendo até serem mortas pela própria mãe; homens e mulheres encorajam e aprovam a defesa da "honra". Em 2016, o Paquistão adoptou a prisão perpétua como punição para tais crimes. É um sinal positivo de mudança. A aprovação da nova lei deu-se três meses após a morte de Qandeel Baloch, uma influencer, ter provocado forte indignação e comoção geral. O irmão considerou a sua conduta desrespeitosa para a família, drogando-a e estrangulando-a durante o sono. O número destes crimes diminuiu desde então mas a punição nem sempre tem funcionado.

Se a jovem Fatima aproveitar bem esta oportunidade pode vir a contribuir no futuro para o nosso país, quem sabe ser a próxima Ticha Penicheiro, ou um dia regressar ao dela e ajudar o seu povo. Infelizmente a maioria das pessoas não é da mesma opinião que eu: temem que se torne um fardo ou talvez uma terrorista, e se pudessem mandar no seu destino devolveriam Fatima à procedência, já: ela que se desenrascasse no seu país de bárbaros. E porquê? Só porque quer jogar de corpo tapado! Fatima não agrediu ninguém e nem pediu que as colegas tapassem o corpo. Apenas não quer mostrar o dela. Mas isso é insuportável para nós. Uma afronta.

Claro que Fatima deve integrar-se na nossa sociedade, - e não está já? - não existe outra via: aprender a nossa língua, ter um modo de vida honrado. Mas esse tal de "em Roma, sê Romano" precisa de ser deixado de ser tomado à letra. Os Portugueses emigrados têm, em Newark, Nova Jersey, o Festival do Dia de Portugal onde se  festeja a nossa  identidade, o povo, a cultura e a língua. A ser assim, deviam ser proibidos e festejar antes o americano 4 de Julho. Esses mesmos emigrantes chegam cá e desatam a falar "americano" nos restaurantes e shoppings mas, agora preocupados com a perda de identidade nacional que a Fatima quer promover, querem obrigar a atleta a usar tshirts de manga curta porque isso é o nosso "costume e a nossa tradição". Very nice, mr. 

O Paquistão tem uma equipa de basquetebol profissional feminina, outra masculina, mas em zonas rurais e tribais as mulheres paquistanesas não sabem ler, nem sequer têm cartão de identidade, quanto mais jogar basquetebol: nem no parque. Desde 1957 que elas podem votar - em Portugal as mulheres puderam votar a partir de 1931, com limitações, que só seriam completamente levantadas em 1968, - mas poucas votam. Nos anos 80, o general, Ziaul Haq, um ditador, criou a chamada ordenança Hudood. É apontado como o responsável pela queda da democracia no país e a sua islamização. As mulheres foram obrigadas a cobrir a cabeça, quando em público, o adultério passou a ser punido com apedrejamento e chicotadas, assassinatos em virtude da honra foram normalizados, o valor do testemunho de uma mulher diminuído em 50%, a blasfémia tornada crime entre outras coisas lindas. A mulher foi por essa altura afastada do desporto e das artes. Por isso, desde pelo menos essa década de 80 que organizações de mulheres lutam corajosamente  pelos seus direitos no Paquistão. Existe um activismo que quer separar a religião do Estado a par de outro activismo conservador, que também dá protagonismo às mulheres que o promovem. Para estas, é a defesa dos princípios religiosos que importa, no seu entendimento eles protegem a mulher. Estas aceitam o seu status e fazem costas com o Estado e instituições/autoridades religiosas.

Muitas mulheres paquistanesas querem trabalhar nos serviços mas enfrentam dificuldades enormes. As empresas rejeitam mulheres. É mais caro empregá-las. Não trabalham de noite, querem transporte para se sentirem seguras nas ruas, balneários separados. As que se empregam, não estão habituadas a lidar com a clientela masculina, pois cresceram isoladas, e, além disso esta é-lhes hostil. Os homens da sua família, pais, irmãos, namorados, na sua maioria, não aceitam, perseguem-nas, humilham-nas. Esse e outros comportamentos emancipadores, como estudar, são censurados. A maioria dos paquistaneses é analfabeta, mas os rapazes vão mais à escola, em média, 5 anos. Em, Outubro de 2012, Malala, uma paquistanesa de 15 anos, que se tinha tornado conhecida por ter um blogue onde defendia outra sorte para as mulheres paquistanesas, sofreu um atentado à sua vida quando seguia num autocarro escolar: um atirador extremista Talibã atirou nela e quase a matou por promover os direitos das mulheres e o acesso à educação. Não me surpreenderia que os Portugueses que aplaudiram a sobrevivência de Malala e o seu prémio Nobel pela Paz sejam os mesmos que querem agora mandar a Fatima para o Paquistão dos infernos por ela tapar o corpo. 

No nosso evoluído Ocidente, apesar da separação entre Estado e religião, e forte defesa da dignidade humana, a religião católica, não parecendo  ostensivamente intrusiva,  também não se abstém de mandar no corpo feminino. Ou aqui é tudo rosas? Claro que não tem comparação mas vão lá a Roma, ao Vaticano, ou às igrejas e seus museus, de mini-saias, decotes, calções acima do joelho, tops sem mangas, mostrar a barriga, que  ficam à porta.

A religião católica também não é, quanto a mim, que não sou religiosa, assim tão bondosa para com a mulher como isso. Recue-se até no mito da criação: o homem, como modelo e criatura perfeita à imagem de Deus, a mulher criada a partir da costela do Adão. Eva mentiu e enganou Adão, e agora todos pagamos por isso. A mulher é sedutora e um perigo, e deve ser controlada pelo macho, ser submissa. Ou então, mãe, única função e privilégio da mulher, definida como fêmea. Ainda hoje as mulheres não podem ser padres: isso era dar-lhes muita importância. Sexo é coisa péssima a não ser que seja emoldurado pelo casamento e sirva para dar filhos ao mundo. Contracepção continua a ser um papão, o aborto um monstro. Mas tudo isto é para defender a robustez da família e a moral, não para secundarizar a mulher. Não, não é para cumprir e exercer o poder e o controlo sobre a mulher que já vem anunciado no mito desde o fim dos tempos. A castidade é outro valor crucial. Mulheres que gostam de sexo são o demónio e a Igreja Católica enrubesce só de pensar nessas libertinas modernas. Preocupa-se menos com padres pedófilos. Coitados, uns anjinhos, precisam de ter um escape. Nada disto incomoda muito os que se incomodam com os trapos nos braços ou na cabeça da Fatima. Mas porque não hão-de as mulheres católicas poder decidir livremente sobre o seu corpo?

E num país onde tantos se dizem "católicos não praticantes" - um conceito que nunca percebi, sério -  como alcançar o que seja respeito por preceitos de uma religião? Se tantos não metem o pé na missa, desde o casamento, nem sequer no Natal?  Se até farão ouvidos moucos ao Papa, sempre que forem casados pela Igreja e tiverem vontade de pular a cerca? Pergunto a quem é que o medo do fogo do inferno ainda trava nesta civilizada e velha Europa, tão ameaçada pelo infiel? E que valores, que identidade religiosa, é esta, assim "personalizada" ao gosto do freguês, que se acena como bandeira?

Constatando que as mulheres na Europa pluralista e democrática são, no entanto, respeitadas, que tantos homens, ex-maridos, ex-namorados persigam, matem ou agridam mulheres que escapam à morte por pouco,  ou patrões não contratem  mulheres que são muito inconvenientes nas empresas porque faltam para cuidar dos filhos, ou não as deixem esquecer que são imprescindíveis, não é falta de respeito, é apenas a Europa a ser pitoresca, claro. Falta de respeito a valer é que existam mulheres que queiram andar pelas nossas ruas de lenço na cabeça. Já se quisessem fazer topless...

Entendo que a Fatima queira tapar o corpo na rua ou enquanto faz educação física na escola ou joga basquetebol. Não vejo nisso um problema realmente sério com o qual não possamos conviver. Não tão sério quanto a igreja pela qual fui baptizada querer impedir o uso do preservativo, por exemplo, até em momentos críticos de enorme alarme social com a SIDA, o que muitos parecem já ter esquecido. Se isto não é obscurantismo medievalesco vou ali ao Paquistão e já volto. Não tão sério, também, quanto os abomináveis "crimes de honra", um costume bárbaro, a condenar liminarmente, por mais que aconteça longe daqui.

Por mim, a Fatima, se continuar por Portugal, pode um dia mudar de opinião e acabar até a fazer nudismo no Meco, rendida ao sol português. Ou então, que permaneça fiel aos seus princípios religiosos, porque não há-de ser ela uma pessoa decente? Se eu gosto da ideia de ela se cobrir com panos? Não, nem por isso. O hijab, o símbolo mais evidente do islão, poderá significar opressão e servidão se a mulher se sentir forçada a usá-lo, se não sentir, não o será, aqui ou no Médio Oriente ou no espaço. Isto é o que penso. Julgo que a religião não tem nada a ver com um pano, mas eu não sou religiosa, certo? A muçulmana que escolhe não usar o véu devia ser respeitada na sua escolha e não deveria ser punida por isso. Devia caber a cada uma decidir, em liberdade. Parece que a maioria das muçulmanas não o sentem como opressão, que esta é sobretudo a visão ocidental do véu. Para elas ele deverá significar outras coisas: modéstia, decência, segurança. Ligação com o seu deus. Sinal da sua fé. O que for.  Mas realmente, eu não tenho de gostar do véu. Tenho apenas de tolerar. São coisas diferentes e, a avaliar pela polémica que ele suscita, muito complicadas de entender.

Neste capítulo dos direitos e liberdades das mulheres muçulmanas, recordo, a terminar, as imagens sobre o jogo entre o Irão e Espanha para o Campeonato Mundial de Futebol que decorreu na Rússia: pela primeira vez em 39 anos, - desde a revolução islâmica de 1979, - foi permitido que as mulheres iranianas pudessem entrar num estádio de futebol no seu país. E já agora, Offside, um filme do iraniano Panahi, sobre o qual escrevi aqui. Mas isto é um aparte.


Iran football: Women attend first match in decades - Vídeo


Irão defronta a Mongólia - Campeonato do Mundo de Basquetbol 2019 Vídeo
Atletas usam o hijab.




Sugestão de leitura

Federação Portuguesa de Basquetebol entrega acessórios e equipamento, aqui.

Para viajar até ao Paquistão, aqui.

A Girl In The River - The Price Of Forgiveness (2015), realizado por Sharmeen Obaid-Chinoy, sobre os crimes de honra  - Melhor Curta Metragem Documental Oscars 2016 (Saba Qaiser, uma jovem de 18 anos, é sequestrada pelo pai e tio por ter se apaixonado e casado com um homem que eles não aprovavam. Eles levam-na até a margem de um rio e atiram, atingindo seu rosto. Depois deitam o corpo ao rio. Saba consegue arrastar-se para fora da água e encontra ajuda. Mais tarde, ela é obrigada pelos seus parentes a perdoar o pai perante um tribunal, de acordo com o preceituado pela lei islâmica.)

Hijab - o véu da discórdia, vídeo sobre a exposição "Moda Muçulmana Contemporânea", do Museu Angewandte Kunst, em Frankfurt, que gerou críticas e mensagens de ódio, aqui.

Comentários

Konigvs disse…
Vi no Twitter o Bloco de Esquerda apressar-se - e hoje toda a gente se apressa, erradamente, seja um jornal fascizóide a difundir uma mentira que leu de alguém a dizer que contou mais mortos nos incêndios ou o Marcelo a apressar-se a tirar uma fotografia com o falso salvador do bebé no Ecoponto - e eu vi o Bloco de Esquerda a apressar-se a clamar por discriminação.

E onde é que há discriminação em fazerem-se cumprir as regras de determinado desporto? As regras que os árbitros devem aplicar são para todos os atletas, sejam brancos, pretos, amarelos, crentes ou ateus. E quando não se cumpre, seja preto, amarelo, branco, ateu ou crente não pode jogar. É tão simples quanto isso.

Eu jogo ténis-de-mesa e identifico-me com os Celtas. Vamos agora imaginar que quero ir para um torneio como os antigos celtas combatiam no cenário de batalha: completamente nu. Entro descalço piando o ringue de vinil, completamente nu e só com a raquete na mão direita. E que ninguém me diga nada, ou ouse impedir-me de jogar assim, porque senão estão a descriminar-me! Haja céltica paciência! (Hmm...gosto! isto dá uma publicação parva no meu blogue!)

Dois pormenores. Infelizmente o tronco nu feminino (excetuando as praias de nudismo) é crime - e mesmo que seja a amamentar também pode causar celeuma (em que ano estamos mesmo? 1819, é isso? E a Igreja Católica já veio dizer que o Inferno e o Purgatório deixaram de existir há uns tempos... Já ninguém precisa de ter medo de praticar o mal e a fornicação!