O prodigioso e enigmático Edward Gorey


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A é para Ana que tombou das escadas, B para Basil que foi atacado por ursos. C, para Clara que definhou ao longo do tempo...Edward Gorey, um escritor e ilustrador do séc. XX, publicou nos anos 60 um livro que a muitos poderá lembrar as personagens desenhadas, mais tarde, por Tim Burton. Uma leitura onde o humor negro é bem evidente, este livro-abecedário ilustrado a caneta e tinta, é uma forma ideal de começar a percorrer o universo sombrio mas cativante do artista. Trata-se do curioso The Gashlycrumb Tinies.  Parte da sua obra está em Fifteen Stories  Amphigorey,  palavra que significa frase sem sentido. Existem mais três antologias, além desta. As personagens das suas histórias sombrias, umas totalmente absurdas, outras ainda com o pé na realidade, não têm vida longa e terminam sempre de modo aterrorizador e obscuro: mistérios inexplicáveis, monstros e perigos e acidentes fatais.
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Capa do livro Fifteen stories - Amphigorey


The Gashlycrumb Tinies

A is for Amy who fell down the stairs
B is for Basil devoured by bears
C is for Catherine smothered under a rug
D is for David done in by a thug
E is for Emily who slipped down the drain
F is for Fanny squashed under a train
G is for George stabbed with a safety pin
H is for Harold who drank too much gin
I is for Ida who drowned in a lake
J is for John who burnt at the stake
K is for Kelly who was smashed with a safe
L is for Lina blinded by mace
M is for Mary abandoned on the road
N is for Neville who licked a poisonous toad
O is for Ona stuck under a tree
P is for Polly who died of ennui
Q is for Quina who was already dead
R is for Rhonda who took poison instead
S is for Sally, she choked on a peach
T is for Timmy sucked dry by a leech
U is for Uma struck by an axe
V is for Velma shot in the back
W is for Wally who is no longer sane
X is for Xida who crashed in a plane
Y is for Yona squeezed to death by a vice
Z is for Zack eaten by mice.


Richard Corman fotografou Edward Gorey em 1983.

Importante figura da cultura americana, Edward Gorey, nasceu em Chicago. Aos dois anos já desenhava e aos três aprendeu a ler sozinho. Mais tarde foi um aluno brilhante, primeiro nas escolas de Chicago, e depois em Harvard, não sem antes ter trabalhado numa base militar durante a II Grande Guerra. Criador de artes e letras, ilustrou, escreveu poemas, concebeu sets e peças de teatro. Após a conclusão dos estudos, empregou-se na secção de arte de uma editora em Nova Iorque e produziu para cima de 50 capas de livros. Nos anos 60 tornou-se freelancer, depois de ter ainda trabalhado com diversas casas do ramo editorial. Ilustrou, para clientes, três centenas de livros. A esses somou mais 100 escritos e ilustrados por si. O seu livro The unstrung Harp é considerado como um dos percursores da novela gráfica. Ávido leitor, possuía uma biblioteca de 25.000 livros. Envolveu-se também na produção de cenografia e guarda-roupa para teatro, obtendo um grande êxito com uma adaptação de Dracula. Após a mudança de Nova Iorque para Cape Cod, continuou com esta vertente, realizou exposições, procedeu à publicação de gravuras e manteve o seu trabalho comercial. Nos anos 80 experimentou a animação para televisão. Não gostava de dar grandes explicações sobre a sua obra, mas como principais influências citou Di Chirico, Dali, Ernst. Admirava Sir John Tenniel, George Herriman e James Thurber.  A casa onde viveu é agora um museu. Receitas da sua obra são usadas para promover a causa animal e a literacia. (Resumo muito abreviado da sua biografia, que pode ser aqui consultada.)


Sugestão de leitura: 

Edward Gorey House, para explorar aqui

Edward Gorey’s Enigmatic World, para ler aqui

“I’m beginning to feel that if you create something, you’re killing a lot of other things. And the way I write, since I do leave out most of the connections, and very little is pinned down, I feel that I am doing a minimum of damage to other possibilities that might arise in a reader’s mind.”

Comentários

Paulo disse…
Um post muito interessante.
Obrigado pela partilha.