Livro Montemor, verdade e fantasia, na Feira do Livro de Montemor-o-Velho



Entre 11 e 16 de Junho vai decorrer em Montemor-o-Velho mais uma edição da Feira do Livro.  No dia 15 de Junho, pelas 15:00 horas terá lugar uma sessão de autógrafos com Dília Brandão Fernandes. Nascida naquela vila, a autora vive há muitas décadas na Figueira da Foz, e lançou em Novembro passado um livro que surgiu depois de, durante alguns anos, ter escrito histórias sobre a sua infância e adolescência na antiga vila. Incitada pelos blogueiros seus leitores, acabou por concretizar uma ideia nunca pensada: escrever e publicar um livro. Foram muitas horas a rever e melhorar os textos que escrevera no Renda de Birras, algumas contrariedades e até desânimos, antes do livro chegar à mão dos leitores. Embora seja uma publicação que interesse sobretudo aos nascidos e crescidos em Montemor, o livro já atravessou o Atlântico e chegou a terras brasileiras.

A publicação foi bem recebida pelos leitores. Uma sinopse detalhada das diversas histórias pode ser linda aqui, no blogue Renda de Birras, através do qual também podem, os interessados, solicitar a compra de um exemplar.

Em Montemor, verdade e fantasia, Dília Brandão Fernandes, junta trinta e uma estórias que resgatam do esquecimento um tempo sem retorno. Através de uma escrita simples mas cativante, onde se entrelaçam realidade e ficção, a autora relata memórias de Montemor-o-Velho, onde nasceu há 83 anos.

Acontecimentos coletivos e fenómenos hoje desaparecidos, usos, costumes e modos de vida dos anos 50-60 sustentam peripécias bem humoradas ou episódios mais sombrios protagonizados pelos habitantes da vila. São as jovens lavadeiras e as suas brincadeiras impensáveis, as bordadeiras e costureiras e o seu lavor, as trabalhadoras do arroz e a sua labuta, a sorte de mulheres companheiras da jornada de homens de virtudes e defeitos, quinteiros, agricultores, soldados, padres, as suas mágoas e os seus triunfos. São as figuras da terra, o gasolineiro, o farmacêutico, os médicos, o filantropo, os “doutores” e os trabalhadores do campo, as suas brigas e ajustes de contas, e ainda seus ídolos, o ciclista Alves Barbosa, ou o artista e inventor das Espigas Doces, Henrique Baldaque, que conseguiu fazer história na doçaria regional com as Espigas Doces. É também a paisagem anualmente transfigurada pelas cheias do rio Mondego, a escola da disciplina “à reguada” e o recreio, sessões de cinema ao ar livre que provocavam emoções fortes nunca vistas, as feiras da fartura e da miséria humanas, um peditório de mulheres quase ritual, ou ainda a banda filarmónica no olhar de uma criança, entre outros ecos ímpares de um tempo e Montemor hoje incomparáveis.

O livro, uma edição de autor, de 196 páginas, inclui também mais de duas dezenas de fotografias de Montemor antigo, a preto e branco, feitas pela autora, e um prefácio escrito por Manuel Carraco dos Reis.

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