Confissão pública: nunca li A Sibila


"No norte de Portugal, em finais do século XIX, na propriedade da Vessada, há já muito tempo que são as mulheres que, perante a indolência e os sonhos de evasão que os homens alimentam, asseguram como podem a gestão da propriedade. Quina era uma adolescente franzina e inculta, que desde cedo participava nos trabalhos do campo ao lado dos trabalhadores. Com a morte do pai, com a propriedade quase em abandono, Quina passa a ter que ter uma ainda maior responsabilidade na administração da mesma. Graças ao seu esforço a todos os níveis, começa a acumular de novo a riqueza que seu pai desperdiçara, o que lhe vale a admiração da sociedade. Quina era uma pessoa lúcida, astuta e sempre em demandas, o que faz com que esta se torne conhecida por Sibila."

Custa tanto escrever um bom livro como um mau livro; mas só merece respeito a Arte que é em nós uma imposição, um destino, um fogo inconsumível de espírito, ainda que a obra, relativa à nossa exigência, nos pareça medíocre.

Agustina Bessa-Luís, 1922 - 2019

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Comentários

Konigvs disse…
Eu nunca li uma linha dela sequer e estou em crer que a maioria dos portugueses também não. E isso não quer dizer nada, até porque eu também só li Camões na escola (ainda que recentemente tenha recebido um pequeno livro de poemas que não me entusiasmou) mas afirmar-se que a senhora "está no Panteão de todos os portugueses" parece-me um bocadinho conversa de circunstância.
Aliás, tanto se apregoa a "igualdade" e depois te na morte diferenciam as pessoas. Os cardeais por exemplo, até têm o seu próprio Panteão! Não se querem misturar com a ralé! ainda que o seu líder espiritual tenha (se é que existiu) apregoado algo bem diferente. Sobre Agostina, talvez um dia destes tenha que trazer essa Sibila da biblioteca...
Bolas. Escrevi um comentário longo e não sei como, apaguei-o. Li partes da Sibila quando a minha irmã o andou a estudar, no 12º ano, era leitura obrigatória. Recordo que era uma escrita densa, que resiste, temos de fazer uma leitura sem pressa. Li apenas um livro da Agustina e já foi há tanto tempo que nem tenho opinião alguma. É um vulto das nossas letras, como se costuma dizer. Desconfio que muitos dos importantões que andaram a dar opiniões porque são obrigados a isso nunca a tenham lido. Gostava que os escritores fossem promovidos e lembrados enquanto vivos e não quando morrem. Mas a malta é em geral mais bola e Guerra dos Tronos. A juventude lê tão pouco que eu não sei como é que Portugal irá produzir escritores dentro de uns anos. Mas enquanto for exportando jogadores da bola tasse bem.
Konigvs disse…
Bom, é verdade que a maioria das pessoas lê pouco, e a juventude hoje em dia não se consegue concentrar, é só redes sociais de minuto a minuto, mas por outro lado, nunca como hoje tantos novos escritores publicaram livros. É verdade que, segundo ouço dizer, metade será lixo, mas é sempre bom que mais pessoas tenham oportunidade de publicar. E também não há mal nenhum que se veja futebol, séries, televisão, jogos e o diabo a quatro. Desde que haja também tempo para um pouco de cultura. Mas o problema é o vício das redes sociais que absorve tudo o resto e, como disse, não deixa as pessoas concentrarem-se.