Participe no GelAvista - Programa de Monitorização de Animais Gelatinosos


Este mês foram várias vezes noticiados avistamentos de caravelas-portuguesas nas nossas praias. É importante saber identificar estes animais marinhos e também conhecer as consequências  - e medidas a tomar -  no caso de um eventual contacto  próximo com este animal, que deve ser evitado, pois pode  estragar-lhe o dia de férias ou o passeio à beira-mar. A oportunidade de observar um destes seres marinhos deve ser bem aproveitada, e o seu avistamento até poderá contribuir para um projecto de monitorização da espécie, actividade que poderá juntar às suas já habituais actividades de lazer, ou mesmo profissionais, na orla costeira. Aqui deixo a informação e solicito a divulgação no interesse do programa GelAvista.

As fontes para este texto foram os sites do IPMA e do Programa GelAvista.

1. O que é, e o que pretende o GelAvista - Programa de Monitorização de Animais Gelatinosos?

O GelAvista é um programa de estudo e monitorização científica de espécies do IPMA- Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que integra uma componente de ciência cidadã,e foi lançado em Fevereiro de 2016. Desde então o programa recebeu já mais de 3100 registos de diferentes espécies de animais gelatinosos em toda a costa de Portugal resultantes da colaboração de 370 cidadãos que voluntariamente deram o seu contributo. A iniciativa pretende, portanto, envolver a população na recolha de informação acerca de organismos gelatinosos avistados na costa portuguesa dando a todos a possibilidade de participar num projecto de ciência da vida marinha.

Estudar e compreender a dinâmica dos organismos gelatinosos a larga escala em território nacional deverá permitir que, no futuro, seja possível, entre outras possibilidades, a previsão destas ocorrências nas nossas zonas costeiras. No mundo e também em Portugal pouco se sabe sobre a distribuição, diversidade e dinâmica das populações de organismos gelatinosos. Apesar da sua importância, os estudos existentes são poucos e localizados, e não existe um conhecimento científico geral a nível nacional. Através da participação dos cidadãos é possível obter informação mais abrangente que vai ser importante para adicionar aos restantes dados que são obtidos nos projectos científicos de maneira a aumentar significativamente o conhecimento destes organismos, especialmente no contexto actual de alteração climática. Todos os contributos terão o reconhecimento devido. Contribua ou divulgue este programa pois o seu contributo é muito importante.

2. O que são animais marinhos de corpos gelatinosos?

Organismos gelatinosos são importantes constitutintes dos ecossistemas, servindo de alimento e protecção a diferentes espécies. Como o nome indica são todos os organismos pelágicos -  organismos marinhos que vivem na coluna de água (ambientes pelágicos) e não no fundo do mar - com um aspecto tipo "gelatina"! O grupo, muito diversificado, é composto por uma grande variedade de espécies, muito diferentes em formato e tamanhos. De uma forma geral podemos distinguir três grupos taxonómicos principais:

Cnidários - Cnidários incluem organismos muito diversos, como as anémonas por exemplo, ou as medusas vulgarmente conhecidas como alforrecas, bem como os hidrozoários (p. ex. a Caravela-Portuguesa), têm células urticantes especialmente nos tentáculos que são usadas para capturar presas e como mecanismo de defesa e que causam ardência na pele. O termo "cnidária" vem do Grego KNIDE, "urtiga".

Ctenóferos - estes não possuem células urticantes

Taliácios - são geralmente transparentes

O ciclo de vida dos organismos gelatinosos é muito diverso. Para algumas espécies, o ciclo de vida alterna entre uma fase bentónica (os pólipos, fixos no fundo marinho) e uma fase pelágica (as éfiras e medusas que ocorrem na coluna de água). No entanto, para outras espécies todo o seu ciclo de vida ocorre no ambiente pelágico.

Os "blooms" - i.e., a proliferação - são geralmente uma consequência do ciclo de vida destas espécies que respondem às condições ambientais favoráveis (p. ex. ventos) com um grande aumento da abundância e um rápido crescimento.

Apesar de existirem algumas evidências do efeito promotor das alterações climáticas nos "blooms" de gelatinosos, este fenómeno é natural e geralmente sazonal, pelo que é normal a ocorrência destes organismos na nossa costa. Dados sobre estas ocorrências são essenciais para uma potencial previsão destes eventos e para perceber se espécies menos comuns podem também ser avistadas.

3. Quais animais marinhos gelatinosos se podem avistar nas nossas costas?

As águas-vivas, também conhecidas por medusas e alforrecas, são animais gelatinosos que vivem no mar, na coluna de água ou à superfície, e podem ter diferentes tamanhos, formas e cores. A espécie Physalia physalis (Caravela-Portuguesa) está, de momento, ( aviso feito em Maio de 2019) a ocorrer em toda a costa Portuguesa, incluindo nos Açores e Madeira, e contactos com a espécie devem ser objecto de cautela. Sobretudo no verão é normal a sua presença junto à costa açoriana, no mar ou no areal. Para informar e alertar os utentes das zonas balneares com existência de  nadadores-salvadores dos Açores foi até criada em 2015 uma sinalética, com recurso a bandeiras, com o objectivo de prevenir e minimizar o contacto com as águas-vivas.

Fonte: Comunidade Gelavista no Facebook

4. Que cuidados especiais deve a população observar ao avistar estes animais?

As águas-vivas possuem células urticantes nos tentáculos que ao contactarem com outros animais vão injectar uma substância tóxica potencialmente urticante e perigosa. Este veneno serve para paralisar os pequenos animais, dos quais se alimentam, ou como mecanismo de defesa.  Os banhistas devem evitar o contacto com estes animais.O contacto com uma água-viva pode produzir irritação na pele e até queimaduras ou outras reacções graves e prejudiciais.

5. Onde se pode aprender mais sobre as diversas variedades de animais marinhos gelatinosos?

site do Gelavista disponibiliza informação sobre o objectivo do projecto, as espécies que monitoriza, o que fazer em caso de ser picado pelos animais, além do como comunicar avistamentos nas nossas praias. Também pode ficar a conhecer a equipa de investigadores que se dedicam a este estudo. No final deste texto irá encontrar um link com um folheto que pode descarregar e que as inclui.

6. Quem pode dar a sua contribuição para o GelAvista?

Todos aqueles que frequentam as zonas costeiras - praias, estuários, rios, marinas, e outros - durante as suas actividades de lazer (passeio à beira mar, mergulho, vela, surf, etc.) ou as suas actividades profissionais (por exemplo recolha nas redes de pesca), podem contribuir com informação acerca do avistamento destes animais.

7. Em que consiste o contributo e como pode a população dar a sua contribuição ao GelAvista - Programa de Monitorização de Animais Gelatinosos?

Qualquer avistamento de espécies de organismos gelatinosos poderá ser comunicada ao programa GelAvista. A informação de cada avistamento (data, local, número de organismos e fotografia com objecto a servir de escala) deverá ser enviada para o email plancton@ipma.pt, ou através da aplicação GelAvista disponível na Play Store para sistemas Android.

Por favor, envie as seguintes informações:

- DATA, HORA e LOCAL do avistamento (se possível indique as coordenadas GPS) 
- FOTO do(s) organismo(s) (se possível coloque um objeto (p.ex. moeda) perto do organismo) 
- NÚMERO de organismos na mesma zona (menos de 5, 5-10, 10-50, + de 50)

8. Onde é divulgada a informação relativa ao progresso do GelAvista - Programa de Monitorização de Animais Gelatinosos?

Na página de facebook do GelAvista são frequentemente partilhadas as mais recentes ocorrências de organismos gelatinosos em Portugal, e no sítio gelavista.ipma.pt está também disponível informação sobre os Encontros onde divulga publicamente os resultados do Programa.

9. Informação geral de interesse público mesmo para quem não deseje participar no programa Gelavista mas que frequenta a zona costeira: o que fazer se for picado ?

A. Por um animal marinho gelatinoso? Protocolo geral

1. Com cuidado, lave a zona afetada com ÁGUA DO MAR. NÃO ESFREGAR!

2. REMOVA OS TENTÁCULOS que poderão ainda permanecer na pele, com a ajuda de um cartão de plástico (cartão multibanco, carta de condução, etc.).

3. Se possível, aplique BICARBONATO DE SÓDIO misturado em partes iguais com ÁGUA DO MAR.

4. Aplique BANDAS DE GELO para aliviar a dor (enroladas num pano, t-shirt ou toalha, não aplique diretamente na pele)

5. CONSULTE O SEU MÉDICO OU FARMACÊUTICO

Não usar vinagre, água doce, álcool ou amónia!

Não colocar ligaduras!

Aplicar bandas de gelo.

Aplicar bicarbonato de sódio.

ATENÇÃO:

Mesmo quando mortos, as células urticantes mantém-se activas. NÃO TOQUE NOS TENTÁCULOS!


B. O que fazer se for picado por uma caravela portuguesa?

1. Com cuidado, lave a zona afetada com ÁGUA DO MAR. NÃO ESFREGAR!

2. REMOVA OS TENTÁCULOS que poderão ainda permanecer na pele, com a ajuda de um cartão de plástico (p.ex. cartão multibanco, carta de condução, etc.).

3. Se possível, aplique VINAGRE.

4. Aplique BANDAS QUENTES OU ÁGUA QUENTE para aliviar a dor.

5. CONSULTE ASSISTÊNCIA MÉDICA O MAIS RAPIDAMENTE POSSÍVEL.

Não usar água doce, álcool ou amónia!

Não colocar ligaduras!

Aplicar bandas ou água quente.

Aplicar vinagre.

ATENÇÃO:

Mesmo quando mortos, as células urticantes mantém-se activas. NÃO TOQUE NOS TENTÁCULOS!

10. Clique e descarregue no site do IPMA o Flyer GelAvista que contém um sumário de toda esta informação e divulgue-o entre os seus familiares e conhecidos! Contribua ou divulgue este programa de monitorização da vida marinha! O seu contributo é muito importante.



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