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A mostrar mensagens de dezembro, 2017

Jovens de rua abrigados em lavandaria parisiense

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Esta não é para rir. A beleza de ser humano mostra-se hoje também nos comentários do Facebook e similares. Nunca devemos perder a oportunidade de nos sentirmos irmanados nesta centelha humanitária que nos aporta calor no frio mundo virtual. Assim é que no dia 24 as pessoas gastaram os dedos a teclar palavras cheias de luz: é paz e amor para todos, votos de Boas Festas às pasadas, frases benignas para amigos reais e virtuais, animais de estimação incluidos, desejos de paz na terra e aos homens de boa vontade; partilharam-se postais com os Reis Magos a dizer “vamos fazer deste mundo um lugar melhor todos os dias” e ainda “que o espírito do Natal nos ilumine agora ao longo dos 365 dias do ano”, organizaram-se cabazes e jantares para os mais necessitados, enfim, todos sabemos como é, e a matéria está ainda bem revista e fresca. Eis senão quando no dia 29 aparece uma fotografia no Twitter, uns putos desgraçados, - porque o são ou não estariam dentro de máquinas numa lavandaria, a t

Remédios Literários ou o poder da biblioterapia

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Remédios literários pode ser comprado online na WOOK! Depois da iogurtoterapia, a biblioterapia: prescrição de um livro, ou vários, para lidar com situações de sofrimento físico ou de comoção espiritual. Diz a Bertrand: "Por vezes, é a história que encanta, outras vezes é o ritmo da prosa que trabalha na psique, aquietando ou estimulando, ou é uma ideia ou uma atitude sugerida por uma personagem que está num dilema ou num sarilho semelhantes". Mais de 750 remédios, isto é, romances, para curar ou aliviar a sua maleita! Aqui há de tudo como na farmácia e sem efeitos colaterais. Esqueça a máscara com pressão positiva, o dispositivo de avanço mandibular. Quer deixar de ser um roncopata? Para eliminar o ressonar estão aqui listados os melhores romances. Isto não é novidade para mim: se leio, não durmo, se não durmo, não ressono. É um alívio para o meu parceiro que, mesmo assim, ainda se queixa que o acordo com o raspar irritante das folhas no lençol quando eu mudo de página

Fim de ano por Lisboa

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Cheguei ontem para marcar lugar na Praça do Comércio. Como dizem os ingleses, passaroca que chega primeiro é quem apanha a minhoca, neste caso um bom lugar. Sendo eu uma mulher baixinha gosto de estar na linha da frente de qualquer evento onde é garantido ver tudo ao detalhe e primeiro. Mas nestas andanças dos concertos há sempre alguém que me passa a perna, um chico-esperto que apanha o melhor lugar. Tentei negociar um nadinha da garupa com o D. José mas o homem não se comoveu. O único lugar sentado já era. Não insisti pois o Zé ficou meio instável depois do atentado, aliás, acabou mesmo por ficar maluco, e olhando assim cá de baixo não conseguia descortinar se ele tinha tomado a medicação ou não... É agora que os fotógrafos de aves que sigo no Facebook se vão roer de inveja.Desde que me comecei a interessar por aves descobri que uma gaivota nunca é apenas uma gaivota. São, se a minha inexperiência não me trai, 16 espécies que andam por aí a cruzar os céus de Portugal, tod

Natal no supermercado

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Cheguei há pouco do supermercado e nem vos digo os valores registados na escala de Natalli – que mede a intensidade do espírito de Natal a partir dos seus efeitos sobre as pessoas e sobre as estruturas construídas e naturais - nas filas das caixas. A habitualmente cordial operadora estava com um ar meio crispado, ainda achei que podia ser do fresco do ar condicionado, mas com tanta ginástica de braços só se estivesse morta. Muita gente em fila e com cara de poucos amigos, a esticar o pescoço que nem galinha de forma a perscrutar o volume de compras de cada um, numa ânsia desmedida de mudar para uma posição mais favorável no poleiro - por si só uma típica coreografia natalina; todos de sobrolho carregado e a lastimar-se como todos deixam tudo para a última hora, até eles mesmos - por si só um típico coro de natal. Dei a vez a uma senhora de muita idade sem ela ter implorado. Só trazia uma garrafa de vinho na mão e eu senti-me de imediato solidária, quem sabe se não seria a sua

Boas Festas e poinsétias

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Talvez conheçam o nome Pulquéria porque o leram em algum livro de Machado de Assis, ou então associam-no à Imperatriz bizantina devota do culto mariano. A mim chegou-me pela primeira vez em conversas familiares ouvidas entre a minha mãe e avó, em criança, sobre a querida amiga Pulquéria, e marcou-me para sempre. Não vislumbrando sequer um diminutivo carinhoso de menina, jovem e senhora capaz de amparar a desafortunada no convívio com a desdita de tal escolha pela vida adiante, imaginava com horror ser nomeada assim, ter o nome bordado a azul a ponto pé-de-flor no uniforme da escola primária, ou, mais tarde, nos atoalhados de banho, ou, pior ainda, ostentá-lo na caixa de correio à porta de casa ou em placa na porta do escritório, desconhecendo por longo tempo que pulquéria, palavra com origem latina, é sinónimo de bela e bonita. Quando o descobri não fiquei todavia mais pacificada e agradeci que os meus progenitores me tenham bendito com um nome clássico e não com um que soa a puniç