O Natal está fraco, Feliz Natal!

O meu Natal está mesmo fraco. Não tenho cheta para comprar presentes nem futuros. Os passados estão em saldo mas os descontos não são interessantes. Estou ainda sem árvore. Não me decido. Fiz um download de um estudo de 200 páginas sobre o impacto ecológico da compra de um pinheiro natural versus o de cloreto de polivinila. Vou na página 10. E ainda nem toquei no bolo-rei. A etiqueta na embalagem tem uma lista de corantes e conservantes maior que a minha agenda de contactos telefónicos. Pensei até que fosse a receita, mas não. Trouxe antes uma broa de milho. A cadela mascou-me um post-it onde tinha anotado as boas acções para o mês de Dezembro. Andei aturadamente a tomar notas o ano inteiro para não me esquecer. Agora não sei se consigo refazer a lista assim do pé para a mão. Já ninguém escreve cartões de Natal, nem mesmo eu que até os desenho para vender, perceba-se agora porque estou sem cheta. Troquei o “Do céu caíu uma estrela” pelo “Deadpool”, o “Last Christmas” pelo “Cheap Thrills”. Hoje pela manhã, o sr. da Chronopost foi o primeiro a desejar-me um Feliz Natal este ano. “A sério?, perguntei, Política da empresa, respondeu ele. A encomenda era um livro ilustrado: Kinder-und Hausmärchen. Numa nota apressada na folha de guarda lê-se: “Frohe Weihnachten! Porque sempre me lembro o quanto gostas de bonecos”. A Zita, uma ex-amiga de longa data a viver em Wuppertal desde que me esqueci dela, não se lembrou que não sei uma palavra de alemão.Também se esqueceu que fui eu quem lhe deu este livro quando a filha fez anos. Comprei-lho de um alemão de Bremen, em 2ª mão, no Ebay, porque reciclar é viver. Ontem fui à praia e estava uma tarde sublime: morna, morninha. Dizem que o frio aproxima as pessoas mas já nem o frio quer colaborar com o espírito natalício. Está mesmo fraco, o meu Natal.

(7 de Dezembro)

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