Poesia: As palavras, Eugénio de Andrade




Amigos antigos e mais recentes, leitores assíduos, feedburneados ou não, colegas da blogadura e da blogamole, visitantes de ocasião e virtualmente peludas aranhas do Google: depois de mais de meio ano parado, em Setembro o Palavras-Cruzadas regressou das cinzas feito Fénix! Não foi a primeira vez nem terá sido a última vez. Os habituais já se habituaram, os ocasionais nem deram por isso e os novos estranharam, deram meia volta e sumiram-se na noite da blogosfera. A todos desejo um ano novo repleto de palavras boas. Palavras para dizer, palavras para escrever, palavras para cumprir, palavras de acção, em suma, boas palavras que não caiam em saco roto, seja na blogosfera seja fora dela. Um ANO NOVO FELIZ... e até já!

As palavras (Eugénio de Andrade)

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

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