Cinema: Best, 2000

George em 2005,fotografado voluntariamente no hospital (Youtube)
George em 1972, em entrevista (Youtube)
Digamos que eu não sou exactamente uma entusiasta da bola. Mas oriento-me. À medida que Cristiano Ronaldo se tem afirmado no Manchester United não tem faltado quem procure medir semelhanças e dissemelhanças entre Cristiano e George Best, quer dentro das quatro linhas, quer fora delas. Seja pela mestria no jogo, seja pela vida social colorida, seja pela ligação ao mundo da moda, os dois parecem unidos por vários pontos de contacto.

Não vou escrever sobre futebol, vi um filme sobre George Best. E não gostei. Futebol e cinema, desculpem lá, acho que é uma mistura complicada. Conhecem algum bom filme sobre futebol?!! Realizado e produzido por Mary McGuckian a partir de argumento por si também elaborado, Best é uma desilusão. Limita-se a mostrar-nos o que previsivelmente todos já sabíamos sobre o jogador mais famoso do Manchester United e do futebol inglês: glória e decadência, de um lado o génio futebolístico, do outro a submissão ao vício do álcool. Lá nos vai driblando ao longo de uma história mal contada através de lances de arquivo, até nos recorda que o Benfica já foi uma grande e temida equipa...derrotada por Best, mas enfim, temida, tinha o Eusébio. Lá aparecem os presidentes típicos e discursos de vitória, treinadores vociferantes e mandões em jeito de comandantes das tropas...e,por outro lado, a histeria das fãs, as bombas vermelhas de alta cilindrada, casinos e clubes nocturnos e afro-perucas, as mulheres como anjos do mal, muitos casacos de peles e muitas garrafas nos armários. Muitos adereços mas pouco conteúdo, exceptuando o álcool. Eu já sabia que ele tinha sido um prodígio, não precisei de ser convencida. Mas e se precisasse? Mmmm...E uma cena em que Best se agarra ao poste da balisa e solta um senhor grito?!O que foi aquilo?!!Não, não foi celebração, daquela maneira parecia mais agonia existencial!!! Mas, após ter marcado um cabaz de golos?!Não percebi. Mas além de uma foot-star em jeito pop,-tal como ele próprio se auto-proclamou,- Best também foi um indivíduo da moda, um party animal, um galã sexy. Tudo isso inexiste no filme, não passa da tentativa, e afinal também faz parte do mito.

Foi também por isso que quando George Best chamou os fotógrafos e se deixou fotografar praticamente moribundo ele foi novamente o melhor. Em 2005, data do seu falecimento, as televisões e os jornais encheram-se de notícias sobre o Quinto Beatle. Na sua derradeira mensagem -“não morram como eu”- ele deu ao mundo o que de melhor podia dar naquele momento, expondo-se em toda a sua amargura e vulnerabilidade, para dizer aos jovens que tanto idolatram as estrelas, do relvado, da moda, da música, que não importa viver a qualquer custo, importa, sim, saber viver.

Está em rodagem desde Novembro um novo filme sobre Best. Produzido pela BBC2 e ainda sem título, prevê-se que vá estrear na Primavera.O papel de Best está entregue a Tom Payne. Esperemos que desta vez consigam fazer melhor, o homem merece!(P.S.E, ó Ronaldo, podes achar que és o maior, que és um bonzão e tal, podes jogar bem e tudo o mais, mas o Best era o que as inglesas chamam "a real fox" e eu não sou inglesa mas concordo inteiramente, aí, meu amigo, não há comparação que te valha...)

Comentários

Rei da Lã disse…
"Ganda" filme!

;)