Receita de sucesso para blogues de insucesso



Quando criei este blogue não dava nada por ele, o menino-dos-meus-olhos era o Papelustro. Porque o Papelustro apresentava um conteúdo realmente original, em forma de imagens, e eu sou mais das imagens do que das palavras. Ou pelo menos gosto de pensar assim. Ora eu pensava que se uma imagem valia mais do que mil palavras, certamente valeria também mais do que mil visitas. E, de facto, não me enganei. As visitas têm sido as suficientes para manter a tesoura activa. É lá que me dedico ao corte. Mas não à costura. E mesmo que as visitas não fossem suficientes! Estou tão enfeitiçada pelas criaturinhas que recorto das revistas que continuaria o meu afã. Mas o ritmo de visitas não se compara ao das visitas ao Palavras-Cruzadas. 

Interrogo-me actualmente sobre o que poderá fazer o sucesso de um blogue. Até porque, como terão reparado, aliei publicidade aos meus blogues. Testo, de momento, a sua capacidade de gerar receita enquanto torço o nariz ao desarranjo gráfico que os anúncios produzem. Será o poder da escrita maior do que o poder da imagem? Será ele quem comanda na blogosfera? Estou em crer que sim. Resta perceber como é que a palavra pode ser usada com sucesso. Não estou a pensar nas regras do SEO e outras coisas assim, mas sei que o êxito passa por aí também.

Uma vez que não tenho para este blogue um caminho definido, quem aqui chega pode encontrar de tudo. Não controlo a sua temática. Assunto é o que calha e dias há em que não calha nada pois não me apetece escrever nem um assento agudo. A ausência de um tema de base costuma ser apontada como um erro pelos mestres da arte de bem blogar. É uma regra básica: eleger um tema em que estejamos à vontade e ficar agarrado a ele com unhas e dentes, fazer dele a nossa dama – ou o nosso príncipe - jurar defendê-lo e honrá-lo, na alegria e na tristeza, até que o enfado dite o fim. Ou a artrose nos dedinhos. Resumindo: um benfiquista pode muito bem encontrar por aqui o curriculum detalhado do Vítor Baía, um portista pode muito bem por aqui encontrar um compêndio sobre a taxonomia das águias…Este blog é pior que o Correio da Manhã aos sábados: cabe cá de tudo. As muitas visitas não me deixam perceber se afinal não saber ao que se vem é melhor ou pior do que vir à procura de mais do mesmo. Lá chegarei, espero.


Existem ainda mais ideias sobre o como bem usar a palavra na blogosfera. Parece que fazer um blog é como fazer um bolo. Há receita, aliás há muitas receitas generosamente publicitadas pelos bloggers bem sucedidos, e deveria bastar seguir uma para ter resultado garantido. Mas todas as pessoas que já fizeram bolos sabem que não é bem assim: quantas vezes se consegue que ele fique com aquele aspecto lindo e perfeito da capa da revista de culinária? Eu já não tenho ilusões, quer dizer, eu nunca as tive porque pura e simplesmente não cozinho bolos. Mas é tudo uma questão de Photoshop e mais nada. Se todas as donas de casa soubessem isto já não ficariam lavadas em lágrimas perante espera-maridos mal amanhados. Todos sabemos que a maioria dos bloggers são leitores apressados. Por isso não vale a pena investir num bolo de casamento, um pastel de nata já é suficiente. Com isto não quero dizer que o meu blog seja uma espécie de imitação do fala-barato, um escreve-barato qualquer. Até um singelo pastel de nata tem o seu preço. Portanto nem barato nem caro, a discurseta deve ter palavras de preço certo. E que são aquelas de que toda a gente gosta, que não se enovelam, atrapalhando a língua. Que não causam securas de boca porque vêm em frases curtas e vão direitinhas ao cérebro e aí fazem ninho. Essencial é que façam ninho. Porque depois disto acontecer não há ninguém tão selvagem que seja capaz de atirar fora dois ovinhos redondinhos com promessa de passarinhos dentro. E aí temos leitor!(Ok, Ok, há quem pegue os dois ovos, parta, junte açúcar, bata, junte farinha bata, sal, bata, leve ao forno e faça bolo. Mas esses chamam-se gulosos, não bloggers.) Depois, diz ainda quem sabe, que a escrita deve ser interessante. Ora bolas de Berlim, interessante. Interessante deve ser o adjectivo menos interessante de toda a língua portuguesa. Interessante é o estado da mulher grávida, ou não é? As minhas frases podem estar grávidas de interesse para uns e absolutamente estéreis para outros. É um bico de obra, nem vale a pena tentar acertar no interesse, seria assim como jogar no euromilhões ao contrário- imaginem a maquineta que sopra as bolas a acertar em cada chave que cada um de nós vai colocar no papel! Isso é que era jogo! Sempre queria ver! Mais difícil que isso só aquele computador do filme do Spielberg que adivinhava os crimes antes de serem cometidos. Depois desta importante dica eu cliquei para longe do blog sobre blogs de sucesso. Prefiro não saber. Aliás quem me garante que não é a quebrar as regras da boa escrita que melhor engordamos os nossos blogs?

Comentários

JM disse…
Adicionando à imprevisibilidade dos temas a dos comentáros, venho ajudar-te com a taxonomia da águia.
Podes fazer a classificação de águia (só assim) até à familia. Depois só águia não chega. Temos muitas sub-famílias, generos e espécies. Assim:

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Falconiformes
Família: Accipitridae (águias)

Espero ter ajudado ;)

Bjnhs