Tenho um blogue porque tenho formigueiro na cabeça. E você?

O que eu afinal gosto nisto da blogagem é de me sentar descontraidamente e de me deixar levar até àquele lugar ermo do meu cérebro onde existe um grande formigueiro de palavras. E então assopro uma e duas vezes para dentro e elas agitam-se e começam a sair profundamente irritadas e em grande alvoroço antes de eu as conseguir domesticar e se alinharem em carreiros, um, dois, três, meia dúzia, lá surge a postagem apressada, em corridinho, no branco do ecrã. Este blogue dá-me um pretexto para escrever, ou seja, para agitar o formigueiro. Penso que ninguém começa um blogue se não tiver um formigueiro igual ou parecido com o meu dentro da sua cabeça. Refiro-me, claro, a blogues cujo conteúdo é a escrita. 

Ora a blogagem veio acrescer uma nova forma de imaginação social às massas. Gerou uma nova espécie de irmandade, os bloggers, de que dantes apenas se podia encontrar um género ligeiramente aparentado nas multidões que concorriam nos estádios de futebol de um país, ou nas manifestações políticas nacionais, ou nas grandes manifestações culturais, como a EXPO, ou nos festivais de música, que punham em comunicação num certo espaço e tempo indivíduos estranhos filiados num mesmo interesse mas movidos por inúmeras motivações diferentes,temporariamente unidos num abraço identitário. Assim situados numa interacção voluntária produziam acções de diversa qualidade: expressavam-se nos mais opostos ou agregadores sentidos, criavam laços entre si, eram mediadores do acontecimento junto dos ausentes, capturavam esses momentos para os vindouros revisitarem, em filme ou fotografia, criavam assim uma reserva do presente para o futuro. Partilhavam de uma realidade intangível a que ninguém podia chamar sua mas que todos podiam fazer sua. Um pouco o que os bloggers andam a fazer, a uma maior escala. Ou não? Porque é que tem um blogue? Consegue dizer-me?

Comentários

Unknown disse…
Boa pergunta, mas a resposta que me ocorre logo ( falo por mim ), para dar a conhecer todas as parvoíces que me passam pela cabeça no dia-a-dia e que se perdiam nos minutos seguintes, agora não, agora são imortalizadas, lolol, pelo menos até eu querer.

Bjs do Catano !!!
Isabel Victor disse…
Gerou uma nova espécie de irmandade ...

neste espírito, convido-te Bélinha, a visitar o " Caderno de Campo " para Partilhar Elizabeth Bishop -- "One Art"

Beijo *

da Isabel
Johnny B. disse…
Ter um blog é aquela coisa q nao se explica.. percebes?..lool..

obrigado por ters comentado o meu blog "amo-te eternametnte"! ....

felizidades !
Isabel Victor disse…
Obrigada pela visita Belinha ! Fico ... direi muito contente, por gostares deste poema de uma das minhas escritoras de eleição (genial!)

Beijos mil da Isabel

(Hoje VáVá vadiando ...?)
Capitão-Mor disse…
Bom, as motivações para ter um blogue são as mais variadas. No meu caso, pretendi abordar alguns aspectos da minha vida de expatriado no Brasil à mistura com alguns interesses culturais e nunca esquecendo a actualidade político-social portuguesa.
Bom fim de semana!
Gostei disso: "... um, dois, três, meia dúzia, lá surge o post, apressado, corridinho, no branco do ecrã."

E concordo com o Zé Pedro, acho que agora podemos imortalizar os nossos pensamentos no ecra. E acho que utiilzamos mais as nossas neuronas ;) e que estamos a exercitar mais os nossos cérebros.

Até podemos descubrir coisas novas de nós própios :D
Anónimo disse…
Nunca sei porquê, mesmo pensando nisso...quer dizer, sei, porque é que "algumas" pessoas tem blogs: simplesmente para aumentarem o seu, desde logo, enorme ego. São objectivos que só a elas pertence definir e conhecer. Acontece. Dai que eu seja um anónimo, com um enorme ego, que não dá a conhecer o seu blog. São opções do meu egozinho traquinas.