Clint Eastwood. Por um punhado de filmes


Million Dollar Baby, filme do serão de ontem à noite, mais um daqueles que me faltava ver. Com Clint Eastwood passei da indiferença à veneração por muito menos que um punhado de dólares: bastou-me ver um punhado de filmes. Eis um homem que nunca se perderá num lugar algures entre parte alguma e adeus, - a place somewhere between nowhere and goodbye, como narra no filme o extraordinário Morgan Freeman – destino quase fantasmagórico esse da personagem Frankie Dunn, o treinador septuagenário roído por várias culpas, destino que fora antes o lugar onde habitara Maggie, a sua determinada pupila pugilista, antes de conquistar o seu sonho. Fecha-se o círculo, e termina a equação de ganhos e perdas, materiais e imateriais, que é Million Dollar Baby. É extraordinário ver como Clint Eastwood continua presente num mapa de Hollywood que nos habituámos a ver repleto de figuras femininas e masculinas muito jovens, aliás, o homem é ele mesmo um mapa de rugas. A idade apenas refinou a sua arte tanto de representar como de dirigir e nós adoramos. Espero não vir a descobrir-lhe um podre qualquer - mas ainda vamos a tempo - como sucedeu quando ao ver o documentário Bowling for Columbine, do Michael Moore, me apercebi de que o Moisés (Charlton Heston) era Presidente de uma tal Associação Nacional de Espingardas (N.R.A., National Rifle Association) que defende o sacrossanto direito do americano possuir e usar armas de fogo… é algo tão natural e necessário que está na constituição americana…e que Deus salve a América se assim não for! Como é que um pai de família defende a sua casa dos vizinhos estrangeiros e terroristas? Como é que um filho defende a irmã do pai que a quer molestar? Como é que a irmã defende o pai da mãe alienada porque perdeu o filho mais novo na guerra do Iraque? Como é que a mãe se vai suicidar para acabar com a sua interminável angústia? Sem armas? Está provada por A mais B a necessidade de uma tal associação. Espero que Estwood nunca se lembre de seguir as pisadas do colega, no máximo autorizo-o a deixar o Inspector Harry Callahan ir até à sede da NRA dar uns tirinhos.

Comentários

Quarenta disse…
Olá Belinha
Não sei o que se passou com o primeiro comentário que fiz...
Queria eu dizer que, não sendo propriamente um cinéfilo, também nutro grande admiração por Clint Eastwood.
Espero, pois, que a Belinha jamais venha a "descobrir-lhe um podre qualquer"...
Cumprimentos
Capitão-Mor disse…
Gostei deste regresso cinéfilo! :)
Gostei muito do filme apesar de não ser um grande seguidor do Clint Eastwood.